- As empresas globais bateram um novo recorde de pagamento de dividendos no 1º trimestre de 2024, um movimento que também aconteceu nas companhias brasileiras
- O crescimento global foi impulsionado pelos bancos e pelos Estados Unidos; no Brasil, apesar do crescimento, mudanças no pagamentos de Petrobras e Bradesco dificultaram a análise
- Os dados são da 42ª edição do Índice Global de Dividendos da Janus Henderson; veja o ranking completo
As empresas globais bateram um novo recorde de pagamento de dividendos no primeiro trimestre de 2024, um movimento que também aconteceu entre as companhias brasileiras. A 42ª edição do Índice Global de Dividendos da Janus Henderson, divulgada nesta quinta-feira (23), mostra que os proventos globais pagos no período superaram a casa dos US$ 339,2 bilhões e que 93% das empresas que fizerem um pagamento nos primeiros três meses do ano aumentaram o payout (porcentagem de lucro líquido distribuído aos acionistas) ou, ao menos, o mantiveram estável em relação ao mesmo trimestre de 2023.
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O volume de proventos distribuídos no trimestre mais recente significa crescimento de 6,8% em relação aos valores pagos pelas companhias globais no primeiro período de 2023. Olhando para uma janela de tempo maior, o relatório da Janus destaca como, apesar do impacto da pandemia da covid-19, a distribuição de proventos saltou 51% desde 2017.
Os recordes registrados no primeiro trimestre de 2024 se devem especialmente a dois fatores: um aumento de 12% nos dividendos pagos pelos bancos, que representaram um quarto do crescimento global no período, e o desempenho verificado nas empresas dos Estados Unidos.
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As companhias americanas distribuíram um recorde trimestral histórico de US$ 164,3 bilhões nos três primeiros meses de 2024. “A restauração do pagamento de dividendos pela Walt Disney após a pandemia e os primeiros dividendos do primeiro trimestre da Meta e da T-Mobile foram os principais fatores por trás da aceleração dos pagamentos nos EUA”, diz o relatório do Janus Henderson.
As brasileiras no ranking de dividendos
As brasileiras Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) já ocuparam as primeiras posições do ranking global de dividendos em outras ocasiões. Como mostramos em reportagens da época, a Vale esteve no Top 10 mundial no primeiro trimestre de 2022, enquanto a Petrobras liderou o ranking no segundo trimestre daquele ano. No entanto, no quarto trimestre de 2023, a petroleira estatal caiu mais de 20 posições e o ranking deixou de ter companhias brasileiras.
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Isso não significa que a remuneração total dos acionistas brasileiros caiu, pelo contrário. As empresas do País também bateram um recorde de US$ 6,5 bilhões em dividendos no primeiro trimestre de 2024, um aumento expressivo em relação aos US$ 3,5 bilhões distribuídos no mesmo período de 2023. Mas essa não foi uma análise simples, ressalta a Janus Henderson no relatório.
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As mudanças no cronograma de pagamentos da Petrobras, que primeiro limitou a distribuição de valores extraordinários para depois aprovar o pagamento da reserva, tornou “impossível ajustar o impacto desses efeitos de calendário no total pago”, diz a gestora global no relatório. Segundo a Janus, a companhia distribuiu 20 vezes mais no primeiro trimestre de 2024 do que no mesmo período de 2023, mas, com base no que anunciou até agora, é provável que o primeiro semestre deste ano veja cerca de um quarto a menos pago aos acionistas.
Quem também complicou a análise foi o Bradesco (BBDC3; BBDC4), que reduziu o pagamento regular de dividendos, mas distribuiu um pagamento especial no período. Como mostramos aqui, o banco anunciou uma reestruturação importante no primeiro trimestre de 2024. “Nosso padrão metodologia para calcular o crescimento subjacente poderia tornar ambos os números bastante enganadores. Por isso, é mais seguro dizer que os pagamentos totais no Brasil, excluindo a Petrobras, aumentaram cerca de um quinto no primeiro trimestre”, diz o documento.
Projeções de proventos para o ano
O primeiro trimestre veio em linha com as projeções de dividendos que a Janus Henderson já havia estabelecido na virada do ano. Por isso, a gestora global não alterou sua previsão para 2024 de pagamentos totais de US$ 1,72 trilhão.
Jane Shoemake, gerente de portfólio de clientes na equipe de renda de ações globais da Janus Henderson, disse: “Os investidores tiveram um forte início em 2024, com os preços das ações subindo globalmente e o crescimento dos dividendos continuando a mostrar o forte impulso subjacente alcançado no final de 2023. Temos uma visibilidade razoável sobre os pagamentos no crucial segundo trimestre, que vê picos sazonais na Europa, no Japão e no Reino Unido”, destaca no relatório.
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“Além do panorama amplamente positivo ao redor do mundo, as primeiras distribuições da Meta (dona do Facebook) e da Alibaba também adicionarão quase meio ponto porcentual ao crescimento global deste ano. Empresas como essas estão reconhecendo que pagar dividendos é uma rota importante – além da recompra de ações – para devolver capital aos seus investidores”, consta no documento.
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