- Analistas explicam que é dado como certo investidores ficarem de olho no desempenho das companhias que podem se beneficiar com a data especial, como as do setor de varejo;
- Se já vinham performando bem desde o início da pandemia, é normal então que as expectativas sejam altas em uma data caracteristicamente de boas vendas. Tanto que os seguidores do E-Investidor votaram por uma análise do setor;
- Caso os resultados do dia de promoções apresentem bons números, é possível que o apetite de investidores por esses papéis aumentem, concordam os analistas.
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A black friday já virou uma data cativa na agenda de consumidores ávidos por descontos, assim como as empresas que estão em busca de aumentar suas vendas e receitas. Quem também não perde de vista a sexta-feira de descontos, que este ano acontecerá em 27 de novembro, é o mercado de capitais. Analistas explicam que é dado como certo investidores ficarem de olho no desempenho das companhias que podem se beneficiar com a data especial, como as do setor de varejo.
“A black friday afeta todas ações de varejo, incluindo empresas ligadas indiretamente ao setor, como shopping centers, meios de pagamento e crédito ao consumidor”, explica Gustavo Akamine, analista da Constância Investimentos.
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Foram as varejistas, inclusive, que largaram na frente na corrida de recuperação econômica após o baque da pandemia de covid-19, iniciada no Brasil em março. Se já vinham performando bem, é normal então que as expectativas sejam ainda mais altas em uma data caracteristicamente de boas vendas. Tanto que os seguidores do E-Investidor votaram por uma análise do setor.
#VemPensar | O E-Investidor fará uma matéria explicando os impactos da Black Friday sobre um desses setores na Bolsa. Sobre qual você gostaria de ler?
— E-Investidor (@EInvestidor) November 13, 2020
“O varejo foi um dos setores que teve a recuperação mais rápida desde o início da pandemia, e o auxílio emergencial pode até contribuir para um melhor resultado durante a black friday”, avalia Ricardo França, analista de research da Ágora Investimentos.
Mas é fato que o grande sucesso aconteceu para as varejistas com maior presença no e-commerce, que avançou o equivalente a anos durante alguns meses da pandemia, em substituição ao comércio físico, fechado na quarentena. O reflexo disso foi visto na Bolsa, em ações de companhias como B2W (BTOW3), Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3), que dispararam nos meses de crise e ainda acumulam alta no ano.
“As empresas com canais digitais mais desenvolvidos tendem a ter melhor desempenho”, reforça Akamine. “A expectativa é que este ano terá um novo recorde de vendas, mas com atenção a descontos, margens e créditos concedidos de maneira que não afetem margens e rentabilidade num ambiente mais competitivo”, completa o analista da Constância.
Qual deve ser o impacto para as ações?
Por mais que esteja se aproximando, com data prevista para a sexta-feira (27), a black friday ainda não está no centro do radar de investidores, ao menos na avaliação de Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.
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“Neste momento o mercado está de olho nessa injeção de recursos muito grande de investidores estrangeiros, na nova administração nos Estados Unidos, nas reformas voltando à tona no Congresso Nacional. Então o mercado não mirou tanto para a black friday ainda”, justifica Carvalho.
Em geral, os efeitos são mais perceptíveis nas ações após a divulgação dos resultados, normalmente em dezembro. Ainda assim, não há de se descartar a possibilidade de movimentos na curva desses papéis alguns dias antes da sexta-feira de descontos.
“Como o mercado está sempre se antecipando aos fatos, chegando próximo ao evento, as ações podem até ter uma performance melhor. Mas é em cima de uma expectativa que pode ou não se confirmar no balanço”, explica França.
Caso os resultados do dia de promoções apresentem bons números, é possível que o apetite de investidores por esses papéis aumentem, concordam os analistas.
Quais papéis podem se beneficiar?
Quando a questão é quem deve sair na frente na black friday, Via Varejo e Magazine Luiza são os dois cases mais ressaltados pelos analistas. “Olhando para a exposição ao e-commerce, a nossa preferência é pela VVAR3. É um papel que nós temos recomendação de compra”, diz o analista da Ágora.
Para França, a Magazine Luiza, que vem surpreendendo de forma positiva nos últimos resultados, também pode alimentar uma boa expectativa em relação a esse período. Já a B2W, para ele, seria uma opção mais de longo prazo.
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Já Carvalho atribui à Via Varejo um “excelente caso de turnaround”, onde a companhia atingiu uma penetração online muito grande, por volta dos 40% no terceiro trimestre. Além disso, a varejista dona das Casas Bahia e Ponto Frio, tem investido em aquisições de empresas tecnológicas, mirando no omnichannel, ou seja, na conexão do varejo físico com o on-line.
“Quando a gente faz a avaliação e fragmenta a receita bruta da companhia, nota-se que o crescimento da receita online foi mais de 278% na comparação do terceiro trimestre de 2020 contra o terceiro trimestre de 2019. É um crescimento absurdo”, diz Carvalho.
O analista da Toro também reforça a atuação consolidada da Magalu no setor, por ser uma empresa que “sabe fazer o e-commerce acontecer”. “Mais de 50% das suas vendas vêm do canal digital. Então ela já está mais consolidada nesse sentido. A Via Varejo está buscando avançar mais nessa linha”, compara Carvalho.
Independentemente das escolhas na tomada de decisão, Akamine lembra de alguns cuidados específicos na análise das companhias durante o dia de promoção. “O investidor deve analisar outros fatores como experiência de uso, interface de usuário, escalabilidade e pós venda dos canais digitais dos varejistas e marketplaces. Pode também monitorar índices como o Reclame Aqui, realizar consultas em motores de pesquisa e download e avaliação de apps”, diz o analista da Constância.