- Para julho, a volatilidade elevada nos ativos atrelados a juros deve persistir e favorecer os investimentos em renda fixa
- No último mês, os títulos do Tesouro Nacional foram os queridinhos dos investidores brasileiros entregando boa rentabilidade frente à inflação
- Outros ativos de renda fixa são recomendados pelos especialistas, sobretudo que são isentos de tributação para pessoa física
A renda fixa tem se tornado o refúgio dos investidores diante dos juros elevados e riscos fiscais. Como mostramos nesta reportagem, no último mês os títulos do Tesouro Nacional foram apontados como os “queridinhos” dos brasileiros. Ainda assim, outros ativos com perfis mais conservadores também são recomendados pelos especialistas consultados pelo E-Investidor — sobretudo para quem quer montar a carteira de julho.
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Como explica Régis Chinchila, head de Research da Terra Investimentos, poucas mudanças devem ocorrer no cenário macroeconômico nacional e internacional na passagem deste mês para o próximo. E isso deve manter os investidores receosos com a renda variável. Ele aponta que, em relação ao exterior, as atenções continuam sobre os juros dos Estados Unidos, que refletem nas demais economias mundiais. “Por aqui, a incerteza fiscal e política vai continuar a pressionar as expectativas de inflação, tornando o desempenho dos juros potencialmente volátil e dependente desses fatores”, diz.
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Não é à toa que o último Boletim Focus elevou a expectativa do mercado para a inflação deste ano pela sétima semana consecutiva, passando de 3,96% para 3,98%. Um mês antes, era 3,86%. Para 2025, foco principal da política monetária, a projeção subiu pela oitava semana seguida e saiu de 3,80% para 3,85%, ante 3,75% de um mês atrás. Foi nessa esteira que, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central interrompeu o ciclo de cortes na Selic e manteve a taxa básica em 10,5% ao ano.
“É um nível de juros elevado e restritivo a fim de controlar a inflação na visão do comitê”, aponta Gustavo Saula, analista de renda fixa do Grupo SWM. “Só que a inflação não pode ser controlada apenas por meio da política monetária, mas também pela política fiscal”, completa.
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Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa do Itaú BBA, salienta que alguns temas sensíveis têm avançado em âmbito político, seja sobre a discussão da meta fiscal seja na revisão das despesas públicas, mas que a volatilidade elevada nos ativos atrelados a juros deve persistir. “Continuamos entendendo como atrativas as taxas atreladas à inflação de médio e longo prazo, além de ver oportunidade tática em vértices prefixados de prazo intermediário”, escreve em relatório.
E para quem quer montar a carteira de investimentos para julho com ativos de renda fixa, os especialistas ouvidos pelo E-Investidor recomendaram algumas opções. Confira a seguir.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto caiu nas graças dos investidores e agora, com a Selic estacionada e os dirigentes do BC demonstrando cautela com a inflação, os títulos pós-fixados foram os mais favorecidos nesse cenário. Eles apresentaram uma melhor rentabilidade, visto que o nível elevado da Selic pesou para que os demais títulos públicos — pré-fixados e híbridos (IPCA+) — sofressem com abertura nas taxas. Ainda assim, uma carteira diversificada com as três opções são recomendadas pelos especialistas em renda fixa.
“À medida que a inflação implícita sobe, os pré-fixados passam a ganhar atratividade e neste momento são uma combinação interessante com os pós-fixados, razão pela qual manteremos o Tesouro Prefixado 2027”, explica Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa do Itaú BBA.
Enquanto isso, Gustavo Saula, do Grupo SWM, recomenda os títulos indexados à inflação, sobretudo com prazos médios de cinco anos. “Eles estão sendo negociados a patamar de IPCA+6,30%. Faz sentido a exposição, uma vez que os dados de atividade econômica vem apresentando resultados positivos e a inflação está relativamente controlada, o que reforça que o nível de juros reais parece elevado”, diz.
LCI e LCA
Se de um lado os títulos do Tesouro Nacional estão na preferência entre os investidores diante dos juros elevados, é preciso lembrar que eles não são isentos da tributação do Imposto de Renda (IR). Para quem busca escapar dessa cobrança, as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) aparecem como alternativas.
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“São veículos isentos para investidores pessoa física e tendem a contribuir expressivamente para a rentabilidade, sendo uma boa maneira de se posicionar em títulos indexados à inflação de prazos mais longos”, aponta Gustavo Saula, do Grupo SWM.
CRI e CRA
Na mesma linha das LCI e LCA, o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) e o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) são outras opções em que o investidor pessoa física fica isento do IR. “Se pegarmos algumas delas, vemos taxas bem interessantes do ponto de vista da inflação, com prazos um pouco mais longos, a partir de quatro anos”, afirma Simone Albertoni, especialista em renda fixa na Ágora Investimentos.
Debêntures incentivadas
Outro papel da renda fixa indicado, com isenção de Imposto de Renda, são as debêntures inceCntivadas. A especialista da Ágora afirma que houve um aumento na demanda por esse veículo, sobretudo devido a bons ratings de crédito (classificação de risco) e porque alguns estavam pagando acima do IPCA+6% líquido.
“Há bastante oportunidade tanto no mercado secundário quanto em ofertas públicas. Ao investidor que tem apetite para esse tipo de risco, vale muito a pena diversificar a carteira e melhorar o retorno médio das aplicações”, aponta Simone.
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