O Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu nesta quarta-feira (31) manter a taxa básica de juros em 10,50% ao ano (a.a). Como principal direcionador do mercado financeiro, a Selic impacta diretamente os ganhos dos investimentos, principalmente os de renda fixa, como poupança, CDB e Tesouro Direto.
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O colegiado do Banco Central (BC) manteve juros inalterados pela segunda vez consecutiva. Para a renda fixa, o dinheiro consegue render a taxas mais altas por mais tempo do que o esperado inicialmente pelos investidores, no início de 2024.
No entanto, vale lembrar que os títulos pós-fixados – aqueles que rendem a partir de um indicador econômico – devem receber maior atenção dos investidores porque seus retornos variam de acordo com a Selic, o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Ao contrário dos títulos prefixados, o retorno final que o investidor vai receber no vencimento do ativo não pode ser calculado no momento de compra.
A rentabilidade desses investimentos de renda fixa também pode ser diferente, ainda que tenham como base a mesma taxa básica de juros. Para entender melhor, considere uma aplicação na poupança, em um Certificado de Depósito Bancário (CDB) que rende 103% do CDI e no Tesouro Selic com vencimento em 2027 durante seis meses.
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Agora, imagine os mesmos títulos, mas com outro vencimento: de um ano.
Vale investir em renda fixa com a Selic atual?
É possível perceber que o rendimento do CDB e do Tesouro Selic é parecido, enquanto o da poupança se encontra em patamares menores. No caso deste último investimento, isso acontece porque, desde 2012, após decisão do BC, a rentabilidade da aplicação mais popular do País varia conforme a taxa básica de juros.
Quando ela estiver acima de 8,5% a.a, a caderneta de poupança rende 0,5% ao mês mais a taxa referencial (TR). Atualmente, ela dá retorno de 7,06% a.a. Dessa forma, a poupança continua sendo a menos atrativa entre os investimentos analisados. Vale lembrar que qualquer ativo que não consegue acompanhar a inflação traz perdas de poder de compra para o investidor.
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Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, destaca ainda que as expectativas de aumento para os juros futuros com a inflação pressionada podem favorecer os títulos pós-fixados. Além disso, ele ressalta que o C6 acredita em um cenário base de juros inalterados até o final deste ano, mas "não descartamos um eventual aumento em caso de piora no cenário doméstico". O último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira (29) e que reúne as projeções do mercado financeiro colhidas pelo BC, aponta a Selic em 10,50% ao final de 2024.
Haddad comenta que esses produtos apresentam as maiores rentabilidades por acompanhar o possível aumento do CDI. Em especial, investimentos isentos de Imposto de Renda (IR) possuem mais benefícios por não contarem com descontos tributários na rentabilidade líquida, como é o caso das Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).
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Ele ainda reforça a importância da diversificação dos investimentos em diferentes classes de ativos e indexadores, visando reduzir os riscos da carteira como um todo. Segundo o planejador financeiro, "cada indexador se beneficia em um cenário diferente, então não devemos colocar todos os ovos na mesma cesta".
Investir em renda fixa com a Selic a 10,50% pode ser interessante para o investidor no momento atual. Porém, se manter atualizado sobre as projeções de mercado e analisar se os rendimentos em poupança, CDB e Tesouro Direto se alinham com o seu planejamento financeiro é essencial na hora de aplicar o dinheiro e traçar estratégias para aumento de patrimônio.