O dólar hoje renovou a sua máxima intradia ao bater a cotação de R$ 6,1158 durante as primeiras horas de negociações de sexta-feira (29). Após esse recorde, às 15h43, a moeda norte-americana recuou para a casa dos R$ 6,009, com alta de 0,35%, após acumular uma valorização de 0,18% por volta das 12h20 (de Brasília). A alta do câmbio também puxou os juros futuros para cima. As taxas de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 e 2027 estão acima de 14%, estendendo o mau humor do mercado com o pacote fiscal.
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A disparada do câmbio ainda é um reflexo do descontentamento dos investidores com o pacote fiscal, anunciado nesta semana pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O pronunciamento sobre o ajuste fiscal também incluiu o anúncio da isenção do imposto de renda (IR) para quem ganha salário de até R$ 5 mil. “O mercado não gostou dos detalhes da coletiva sobre o pacote e da divulgação conjunta da medida do IR, inflacionária, e pede mais prêmios nos juros também. A Selic pode subir mais que o esperado”, comenta Guilherme Esquelbek, gerente de câmbio da corretora Correparti.
O discurso de Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central (BC), nesta quinta-feira (28) também reforçou essa possibilidade. Em evento do Esfera Brasil, o Galípolo enfatizou que o BC estava comprometido com a meta de inflação de 3%, mesmo em um cenário de desancoragem das expectativas inflacionárias. As declarações podem sinalizar ao mercado de que os juros no Brasil pode alcançar patamares ainda mais elevados nos próximos meses. Atualmente, a Selic – taxa básica de juros – está no patamar de 11,25% ao ano.
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A possibilidade se deve às incertezas no campo fiscal do Brasil após a apresentação do pacote de cortes de gastos. O JP Morgan elevou a sua projeção da Selic terminal de 13% para 14,25% e ainda projeta aumento de 100 pontos-base na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), prevista para os dias 10 e 11 de dezembro. “Assumimos que a maioria das cifras não atenderá a essas previsões, antecipando que, dos R$ 30,6 bilhões anunciados para 2025, os resultados provavelmente seriam reduzidos pela metade, na melhor das hipóteses”, informou o banco.
Outros bancos de investimentos e corretoras também reforçam essa perspectiva. A Warren Investimentos estima que a economia do pacote deve ficar em torno de 62% do valor anunciado, ou cerca de R$ 45 bilhões. Já o Itaú Unibanco calcula um potencial de economia de R$ 53 bilhões nos próximos dois anos, 2025 e 2026, enquanto nas contas da Monte Bravo, as medidas resultarão numa contenção de despesas em torno de R$ 40 bilhões a R$ 45 bilhões.
Já os cálculos do governo apontam uma economia de R$ 71 bilhões nos anos de 2025 e de 2026 e de R$ R$ 327 bilhões até 2030 para o orçamento público com as medidas. No entanto, os analistas de mercado avaliam que essa meta pode não ser alcançada. No pregão de quinta-feira (28), o dólar à vista encerrou o dia com uma alta de 1,29%, cotado a R$ 5,9895.
Com informações do Broadcast
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