

O temor de uma recessão nos Estados Unidos (EUA) fez o bitcoin alcançar a mínima de US$ 78,7 mil na tarde de segunda-feira (10). A depreciação acompanhou a queda dos principais índices acionários de Wall Street S&P 500 e Nasdaq que encerraram o pregão de ontem com perdas de 2,7% e 4%, respectivamente.
Hoje, o cenário parece ser de estabilização dos preços. Por volta das 8h30 (horário de Brasília), a maior criptomoeda em valor de mercado conseguiu ganhar fôlego ao passo de ser negociada a US$ 81,7 mil. Apesar da leve recuperação em relação à tarde de ontem, a dúvida que fica para os investidores é saber quais são os novos suportes do ativo digital em meio às incertezas no cenário macroeconômico.
Rafael Bonventi, analusta da Bitget, avalia que, dado o recente histórico, as faixas de preço de US$ 78,2 mil a US$ 75,3 mil correspondem o suporte do bitcoin hoje. Caso o ativo sofra uma nova pressão vendedora ao ponto de ser negociado abaixo desses valores, o especialista acredita que há chances do ativo testes suportes mais profundos, como US$ 72,1 mil a US$ 69 mil.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
“Um suporte forte em US$ 75 mil é provável, mas se este nível for perdido, o preço pode buscar suportes ainda mais baixos. Do lado da resistência, o nível que precisa ser rompido para mudar a estrutura de baixa é $83.557, com zonas de resistência menores servindo como obstáculos de curto prazo”, diz Bonventi.
O estresse dos mercados ainda é decorrente das incertezas sobre as tarifas de importação contra os produtos vindos do México e Canadá que serão aplicadas pelo governo americano. Além dos conflitos comerciais entre os países com a nova política, a taxação desses itens importados pode elevar a inflação dos Estados Unidos (EUA).
Há ainda a situação do mercado de trabalho americano que criou menos empregos do que o esperado. Em fevereiro, o departamento do trabalho americano reportou a abertura de 151 mil empregos em fevereiro, enquanto as estimativas apontavam para uma geração de 160 mil novas vagas durante o período, segundo as projeções Broadcast.
Como mostramos aqui, essa dinâmica alimentou entre os analistas o receio da maior economia do mundo entrar em recessão nos próximos meses. O presidente americano, Donald Trump, também não descartou os riscos de um enfraquecimento da economia norte-americana. No domingo (9), em entrevista ao canal Fox News, o chefe da Casa Branca afirmou que os EUA passam por um período de transição. “Tenho que construir um país forte, não dá para prestar atenção no mercado”, afirmou o republicano ao ser questionado sobre as reações dos índices acionários.
Publicidade
Paralelo a isso, os investidores ainda digerem a frustração com a ausência de políticas mais agressivas voltadas para a indústria de criptomoedas. Na última quinta-feira (6), Trump assinou uma ordem executiva que cria uma reserva de bitcoin apenas com ativos detidos pelo governo federal em processos legais. O mesmo deve acontecer com a reserva voltada para as outras criptomoedas, como o ethereum (ETH), Ripple (XRP) e Cardano (ADA).
“A gente ainda precisa lidar com o recente aquecimento dos conflitos geopolíticos. Neste caso, temos o recuo dos EUA em relação à Ucrânia, o tom agressivo de Trump à Gaza, assim como as ameaças francesas contra o governo russo. Tudo isso gera muita incerteza dentro do mercado, o que afasta o investidor de ativos de maior risco (como o bitcoin)”, afirma Beto Fernandes, analista da Foxbit.
No entanto, o especialista lembra que o bitcoin, assim como as outras criptos, costuma ser dinâmico e possui a capacidade de recuperar perdas expressivas com qualquer evento que possa ser favorável para o setor.