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Bitcoin: um guia completo sobre como a criptomoeda funciona

Veja oito perguntas e respostas sobre o ativo que tem dado o que falar neste ano

Bitcoin: um guia completo sobre como a criptomoeda funciona
Entenda sobre a flutuação do bitcoin. (Foto: Shutterstock)
  • Uma pesquisa da CNBC descobriu que 33% dos americanos nunca souberam, leram nem ouviram falar de nada a respeito do bitcoin
  • Ainda assim, discussões a respeito de criptomoedas estão se tornando cada vez mais comuns
  • Então, o que está realmente acontecendo? Responderemos algumas questões básicas para aumentar seu conhecimento a respeito do tema

(Dalvin Brown, The Washington Post) – Todos sabemos como é a nota de US$ 1. Mas que aspecto tem 1 bitcoin?

Criptomoedas como bitcoin, dogecoin e ethereum aumentaram sua popularidade nos anos recentes, introduzindo um dicionário de novos termos e conceitos ao público que podem ser difíceis de visualizar e entender. Uma pesquisa da CNBC descobriu que 33% dos americanos nunca souberam, leram nem ouviram falar de nada a respeito do bitcoin. E 44% disseram que souberam, leram ou ouviram falar “algo” a respeito disso.

Ainda assim, discussões a respeito de criptomoedas estão se tornando cada vez mais comuns, especialmente quando ataques de ransomware, em que hackers exigem resgates pagos em criptomoedas, aumentam o conhecimento a respeito delas entre indivíduos, empresas e municipalidades vítimas dos crimes.

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Na quarta-feira (23), El Salvador se tornou o primeiro país a adotar formalmente o bitcoin como moeda corrente, em uma manobra que poderia autorizar os cidadãos a pagar impostos com criptomoedas. Nos Estados Unidos, o time de basquete Dallas Mavericks e a Tesla anunciaram este ano que aceitarão criptomoedas em pagamentos por seus produtos, apesar de o diretor executivo da Tesla, Elon Musk, ter voltado atrás em seus comentários.

Então, o que está realmente acontecendo? Responderemos algumas questões básicas para aumentar seu conhecimento a respeito do tema.

O que é criptomoeda?

Em sua forma mais simples, uma criptomoeda é um código de computador gerado por um software disponível publicamente que permite às pessoas guardarem e enviarem valores online. O código-fonte aberto originou-se com o bitcoin mais de uma década atrás e opera em uma extensa rede de computadores privados em todo o mundo.

O código verifica e agrupa transações em um registro público conhecido como blockchain, que é um gigantesco arquivo que contém todas as transações já feitas e pode levar dias para ser baixado pela primeira vez.

O valor de uma criptomoeda é normalmente expresso em dólares e é estabelecido por negociações públicas de compra e venda conduzidas por casas de câmbio. Esse valor pode variar acentuadamente; o preço de um único bitcoin equipara-se hoje a aproximadamente US$ 36,9 mil – em maio, o valor era cerca de US$ 60 mil.

Como é feita uma criptomoeda?

Pense nas criptomoedas como um ouro digital. “Acreditamos que o ouro tem valor porque outras pessoas concordam que ele tem valor, e há pouca quantidade disponível do metal”, afirmou David Sacco, pesquisador residente nos departamentos de finanças e economia da Universidade de New Haven.

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A mesma ideia rege o valor das criptomoedas. Se mais gente investe em um criptoativo porque acredita que as outras pessoas veem valor nele, seu preço vai aumentar – e vice-versa. Mas isso também significa que a quantidade disponível da criptomoeda deve ser controlada estritamente, para que seu valor seja preservado.

É possível baixar o algoritmo que gera criptomoedas em sites de desenvolvedores, como GitHub e, teoricamente, qualquer pessoa pode usá-lo para criar uma nova criptomoeda. Mas esse processo é altamente competitivo, porque a quantidade real de criptomoeda a ser colocada em circulação é limitada. Esses limites variam dependendo da criptomoeda e são estabelecidos por quem criou o código. Por exemplo, o algoritmo do bitcoin limita a quantidade de bitcoins em 21 milhões. Depois desse número, nenhum outro bitcoin será gerado.

Criar uma nova moeda exige um enorme poder computacional para resolver as complexas equações matemáticas que geram uma unidade de criptomoeda. Globalmente, esse processo consome anualmente mais eletricidade do que os Países Baixos, de acordo com uma análise da Universidade de Cambridge.

Deve haver aproximadamente 70 mil “minas” de bitcoins operando atualmente, segundo um contador de minas online criado por Luke Dashjr, um proeminente desenvolvedor de bitcoins. O número exato, porém, é difícil de saber, já que o software permite aos computadores operarem em modo privado, sem anunciar sua presença na rede.

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No mínimo, operar uma mina de bitcoin, também conhecida como full node (nó completos), exige uma boa conexão com a internet, com capacidade generosa de download, e 350 gigabytes de espaço de armazenamento disponível, o que pode ser encontrado na maioria dos laptops novos. Os nodes também exigem pelo menos 512-megabytes de memória RAM, muito menos do que a média nos laptops. Os desenvolvedores por trás do Bitcoin.org recomendam muito mais.

O software distribui novos bitcoins com base na velocidade com que o computador da mina adiciona transações à blockchain. Então, se você não estiver entre os mais rápidos, provavelmente não criará muitas. Atualmente, o sistema permite a criação de 6,25 bitcoins a cada dez minutos, e o código diminui pela metade esse número a cada quatro anos.

Algumas firmas e empreendedores operam enormes criptominas para ter uma chance melhor de agarrar uma fatia maior das novas moedas entrando em circulação. Riot Blockchain, uma empresa americana de capital aberto, é tida como uma das maiores mineradoras do mundo. As instalações de 17,7 mil metros quadrados da firma ficam em Rockdale, Texas, uma cidade com aproximadamente 5,8 mil habitantes e acesso barato à eletricidade, que aplaudiu o investimento do setor das criptomoedas.

Quantas criptomoedas existem?

Há milhares de diferentes tipos de criptomoedas para comprar e negociar, e mais estão em criação. Mas elas não são criadas da mesma maneira.

Algumas, como o bitcoin, têm uma história mais forte e mais reconhecimento de marca. Outras, como o dogecoin, são resultado de modas da internet. Normalmente, elas são controladas por computadores operando códigos-fonte abertos.

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O bitcoin foi a primeira criptomoeda e é de longe a mais popular. Em seu pico, este ano, o bitcoin predominou em 70% do mercado de criptomoedas, mas essa fatia caiu para cerca de 40% em meio a renovados obstáculos regulatórios na China.

O site CoinMarketCap.com mantém uma lista em tempo real das criptomoedas que são adicionadas ao mercado por algum processo de verificação de autenticidade.

Quem cria as criptomoedas?

Criptomoedas são criadas normalmente por desenvolvedores e empreendedores de variadas visões políticas ou econômicas.

O bitcoin foi criado em 2009 por uma pessoa sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, que permaneceu praticamente anônimo desde então. O Ethereum foi criado por Vitalik Buterin, nativo de Toronto, em 2015, para complementar o bitcoin e possibilitar pagamentos automáticos comerciais. O engenheiro de software Billy Markus criou o dogecoin, em 2019, meio que de brincadeira.

Leia também: Piada da Dogecoin ficou séria depois da última febre de criptomoedas

Onde as criptomoedas ficam guardadas?

Tecnicamente, as criptomoedas não ficam guardadas em nenhum lugar. Não estão salvas numa pasta ou num disco rígido. A prova da quantidade de criptomoedas que você possui fica arquivada na blockchain.

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O registro é atualizado na rede a cada nova transação – quando uma nova bitcoin é minerada e também quando alguém faz transferências de criptomoedas.

Para acessar suas criptomoedas pessoais, você precisa de uma chave privada ou uma senha complicada, que é gerada pelo software quando você cria sua carteira. Com o bitcoin, a chave privada é uma senha de 256 bits, o que em criptografia significa que poderia conter dezenas de caracteres em variações praticamente infinitas.

A chave privada cria uma assinatura única que possibilita que você use suas criptomoedas para realizar transações.

A chave privada também vem correlacionada a uma chave pública, que os mineradores são capazes de ver, e um endereço de bitcoin, que você pode considerar como algo similar ao número de sua conta corrente. O endereço é uma cadeia única de letras e números, com 26 a 35 caracteres, diferenciando maiúsculas e minúsculas, que mostra o lugar para onde suas criptomoedas são mandadas na blockchain.

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As chaves privadas podem ser armazenadas em carteiras virtuais especializadas, que são aplicativos oferecidos pelas casas de câmbio de criptomoedas. Você recebe uma carteira quando se inscreve para comprar criptomoedas.

As complexas senhas também podem ser salvas em carteiras de hardware, em smartphones e computadores. Você também pode imprimir uma cópia das chaves para guardar em um local seguro.

As carteiras de criptomoedas são diferentes da carteira de smartphone na qual você pode estar guardando as informações de seus cartões de débito ou crédito. Elas são com frequência criptografadas, e se você perder sua senha, pode perder definitivamente o acesso às suas criptomoedas.

De que maneira as criptomoedas circulam entre pessoas e empresas?

Enquanto sistemas de pagamento tradicionais dependem de bancos para certificar transações, as transações com criptomoedas são certificadas pelas mineradoras, na blockchain. As mineradoras realizam checagens matemáticas para garantir que uma transação é válida, e a maior parte dos nodes tem de concordar que a transação foi válida antes de ela ser adicionada à blockchain.

A maioria das pessoas depende de casas de câmbio como Coinbase, eToro, Binance ou Robinhood para comprar e vender criptomoedas. Também é possível enviar bitcoins de maneira similar a transferências de dinheiro entre contas bancárias.

Enquanto cada vez mais empresas adotam criptomoedas, as pessoas são capazes de realizar cada vez mais tipos de transações com elas. Algumas companhias, como AT&T e CheapAir.com, passaram a aceitar criptomoedas. Agora você pode pagar a conta do telefone ou comprar passagens aéreas com criptomoedas.

Leia também: Estas são as grandes empresas que investem em bitcoins

Existem regulações do governo?

Parte da razão pela qual as criptomoedas têm ganhado popularidade é que elas não são controladas pelo Federal Reserve (o banco central americano) nem por nenhuma outra agência do governo dos EUA. Elas são, porém, sujeitas a impostos segundo circunstâncias determinadas pelo Internal Revenue Service (IRS, a receita federal americana) em 2014. Geralmente, espera-se que os contribuintes convertam suas transações em criptomoedas ao dólar americano para declarar ganhos e perdas ao IRS.

Além dos impostos, as transações em criptomoedas quase não são reguladas em nível federal, apesar de alguns Estados como Wyoming e Ohio terem manobrado para acolhê-las localmente. Wyoming sancionou a lei “Utility Token Bill”, facilitando a operação de negócios em blockchain, e Ohio passou a permitir que empresas paguem vários tipos de impostos com criptomoedas.

Transações com criptomoedas são secretas?

Não, elas ficam registradas. O que é secreto, ou pelo menos difícil de determinar, é quem recebeu ou mandou as criptomoedas, já que nenhum nome é atribuído à transação registrada na blockchain. Mas as casas de câmbio que oferecem as carteiras para realizar transações exigem que os clientes se identifiquem. E a recente apreensão do FBI (a polícia federal americana) de US$ 2 milhões em bitcoins que eram parte do resgate pago pela Colonial Pipeline em razão do ataque com ransomware sugere que mais informações podem vir à tona, além do que é geralmente reconhecido.

Já que criptomoedas são negociadas em um documento público, é possível constatar quando fundos são transferidos e para onde eles vão. A declaração do FBI requerendo aprovação judicial para apreender as criptomoedas usadas pela Colonial Pipeline para pagar o resgate relatou o caminho do dinheiro entre uma conta e outra detalhadamente. Não está claro como o FBI obteve acesso à carteira em que o resgate foi depositado; o FBI não informou.

Mas Sacco afirma que o fato de o FBI ter apreendido bitcoins naquele endereço específico mostra que as criptomoedas podem não ser tão privadas como as pessoas pensaram que fossem.

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