- Sancionada no início de julho, a Lei do Superendividamento busca dar mais empoderamento aos consumidores através do conhecimento
- Educação financeira pode ser o primeiro passo para transformar os juros de inimigo para aliado
- “É preciso disciplina, mudança de hábitos e pensamento no longo prazo. Além disso, é importante não se culpar, mas ter organização e planejamento”, diz educadora financeira
Uma palavra que assombra muitos brasileiros é “dívida”. Para muitos, ela é justamente a principal razão para não começar a investir. Entretanto, a educação financeira pode ser o primeiro passo para transformar os juros em aliados. Sancionada no início de julho, a Lei do Superendividamento busca dar mais empoderamento aos consumidores através do conhecimento.
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Segundo dados do Serasa, a inadimplência afeta 61,4% dos brasileiros. Por conta da renda comprometida com dívidas, a construção de uma reserva de emergência é um desafio. Além dos inadimplentes, muitos brasileiros possuem dívidas altas, especialmente por conta do uso de cartão de crédito, financiamentos e empréstimos bancários. Para especialistas, quitar os débitos deve ser o passo inicial para quem deseja ver o dinheiro render.
Os “superendividados” são os consumidores impossibilitados de pagar a totalidade de suas dívidas sem comprometer a renda com alimentação e ensino básico dos dependentes. Segundo o novo texto da Lei do Superendividamento, as empresas que oferecem crédito e serviços financeiros devem dar mais transparência para evitar que o consumidor seja prejudicado.
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“A educação financeira começa com um papelzinho e uma caneta”, afirma Bruna Allmenann, especialista em educação financeira da Acordo Certo. Para ela, não é necessária uma planilha detalhada, cursos ou contratação de profissionais. “Quando a pessoa vê seus gastos na ponta do lápis, os exageros que possam acabar em endividamento podem ser diminuídos”, complementa.
No texto da Lei, as instituições devem ser claras quando oferecerem operações de crédito, compras a prazo e serviços de prestação continuada para consumidores. Allmenann explica que a novidade é uma oportunidade de o consumidor ter mais atenção aos contratos e que, em caso de dúvida, deve pesquisar fontes de confiança sobre os termos dos acordos.
A especialista sugere fontes como o Programa de Educação Financeira do Banco Central e o Planeje sua Liberdade da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Segundo ela, são fontes confiáveis que orientam os primeiros passos para quem deseja ter controle da vida financeira até estabelecer a confiança para começar a investir.
“Vivemos em uma sociedade que incentiva o crédito para consumo. A última coisa que uma pessoa com dívidas pensa é em começar a investir”, avalia Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos. Ele aponta o parcelamento no cartão de crédito como um dos hábitos mais arriscados.
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Segundo Panonko, o endividamento para consumo de produtos e serviços ocorre porque as pessoas pensam no valor da parcela, mas ignoram o valor total com juros embutidos.
O primeiro passo, de acordo com o analista, é fazer um orçamento familiar condizente com as receitas familiares. Nessa hora, a tecnologia pode ser uma aliada por meio do uso de aplicativos. Para quem deseja ir além, noções básicas de planejamento financeiro, orçamentos e matemática financeira podem ajudar a fazer contas antes de contrair dívidas.
Ele alerta que é necessário quitar as despesas antes de investir. “Tendo em vista que a taxa de juros que vai reajustar o valor da dívida é elevada e, na maioria das vezes, o rendimento de investimentos em renda fixa não será superior aos juros cobrados na dívida”, explica.
Entretanto, Allmenann garante que é possível sair do lado dos endividados e passar para o grupo de investidores. “É preciso disciplina, mudança de hábitos e pensamento no longo prazo. Além disso, é importante não se culpar, mas ter organização e planejamento”, explica.
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