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Por que os investidores amadores estão perturbando o mercado

Pesquisa da Robeco avalia o peso dos temores em relação aos bilhões de day-traders quantitativos

Por que os investidores amadores estão perturbando o mercado
Trade é o nome das negociações de ativos na bolsa de valores, podendo ser dividido em duas vertentes principais: o swing trade (operação que dura dias ou semanas) ou o day trade (operação feita em 24 horas). (foto: Unsplash)
  • Uma nova pesquisa da empresa de quantitativos Robeco está avaliando o peso dos temores de que bilhões de day-traders inundando o mercado de ações
  • Opor-se aos investidores varejistas pode não ser ruim para os quantitativos
  • O pesquisador alertou contra a generalização exagerada dos resultados do estudo, tendo em conta que ele foi formulado para dois fornecedores de índice

(Sam Potter, WP Bloomberg) – Uma nova pesquisa da empresa de quantitativos Robeco está avaliando o peso dos temores de que bilhões de day-traders inundando o mercado de ações representem problemas para algumas das mentes mais inteligentes de Wall Street.

Com as crescentes suspeitas de que os investidores amadores estão perturbando os padrões de mercado, um estudo do gestor de 188 bilhões de euros (US$ 220 bilhões) sugere que as alocações de varejo que favorecem as tecnologias especulativas estão em oposição quase direta às negociações sistemáticas tradicionais.

A pesquisa da Robeco, limitada a índices de dois emissores, descobriu que o frenesi por fundos temáticos – de inteligência artificial a viagens espaciais – está aumentando o preço das ações caras que prometem crescimento nos fluxos de caixa no longo prazo.

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A estratégia de investimento favorecida pela tropa organizada pela Robinhood está em total oposição com aqueles players sistemáticos que tendem a optar por ações baratas e empresas lucrativas.

“Os investidores em índices temáticos estão, na prática, negociando contra investidores quantitativos”, escreveu no artigo David Blitz, pesquisador-chefe da Robeco.

Opor-se aos numerosos investidores varejistas pode não ser ruim para os quantitativos. O dinheiro que jorra para as ações em crescimento pode deixá-las tão supervalorizadas que a aposta reversa – o valor comercial – tem uma capacidade maior de desempenho superior no longo prazo.

Os ativos dos fundos temáticos negociados em bolsa dos Estados Unidos dobraram em um ano para mais de US$ 160 bilhões, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence. A Robeco citou pesquisas anteriores sugerindo que esses fundos frequentemente chegam em momentos de maior exposição na mídia e sentimento otimista, mas tendem a ter um desempenho ruim após o lançamento.

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“Os índices temáticos talvez sejam o alvo principal dos investidores de varejo que são atraídos pelo desempenho recente e por histórias interessantes, por outro lado, os investidores profissionais mais sofisticados estão familiarizados com a teoria de precificação de ativos”, escreveu Blitz.

O pesquisador alertou contra a generalização exagerada dos resultados do estudo, tendo em conta que ele foi formulado para dois fornecedores de índice. Mesmo assim, uma olhada nos maiores produtos temáticos mostra que o setor em expansão é dominado por empresas em crescimento não lucrativas.

De longe, o maior fundo de índice (ETF) temático dos Estados Unidos é o ETF de inovação de Cathie Wood, gerenciado ativamente em US$ 21 bilhões (ticker ARKK). Ele está repleto de apostas em empresas de tecnologia disruptivas com um histórico de lucro irregular, na melhor das hipóteses. A maior participação é a Tesla Inc., que mesmo depois de uma recente queda está sendo negociada a mais de 100 vezes do lucro esperado para os próximos 12 meses.

A Robeco usou os índices temáticos da S&P, Dow Jones e MSCI, que tem parceria com a Ark Investment Management, fundada por Cathie, para seus indicadores. O artigo dissecou os índices para decompor suas exposições aos chamados fatores. Essas são as características usadas pelos fundos quantitativos sobre as ações que analisam o valor ou o quanto elas se movimentam.

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Ao aplicar o modelo de precificação de ativos de Fama e French, Blitz mostrou que os indicadores em grande parte tinham “fortes exposições negativas em relação aos fatores de lucratividade e valor”.

Para quantitativos como Blitz, a popularidade das estratégias temáticas é difícil de entender, já que essas exposições implicam em baixos retornos esperados no longo prazo. Uma parte do artigo é dedicada a procurar explicar de maneira racional o interesse, com explicações sugeridas incluindo investidores que esperam que os prêmios dos fatores sejam zero ou que buscam retornos idiossincráticos.

Isso talvez divirta aqueles da multidão do Reddit que adoram confundir os profissionais de Wall Street, obcecados em emojis de foguetes no lugar de projeções de EBITDA.

Tradução: Romina Cácia

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