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Comportamento

‘Sou entusiasta da equidade de gênero’, diz CEO do banco BMG

Ana Karina Bortoni Dias é a única mulher presidente de uma empresa financeira de capital aberto no Brasil

‘Sou entusiasta da equidade de gênero’, diz CEO do banco BMG
Ana Karina, CEO do BMG, tenta inspirar mulheres a lutarem por cargos C-Level. Foto: Silvia Zamboni
  • Em entrevista ao E-Investidor, a profissional explicou como vê a falta de diversidade em cargos de liderança das companhias
  • Para Dias, um grande conselho para as jovens mulheres que almejam chegar ao cargo de CEO é, além de sempre estar antenada aos acontecimentos, ter bons mentores e conselheiros

Ana Karina Bortoni Dias, CEO do Banco BMG desde o início de 2020, ainda é uma raridade no mercado financeiro. A executiva é a primeira mulher a ocupar o cargo de comando de uma instituição financeira de capital aberto no Brasil. Em entrevista ao E-Investidor, a profissional explicou como vê a falta de diversidade em cargos de liderança das companhias.

“Acho uma pena, porque temos tantas mulheres talentosas que poderiam estar também (nos cargos de CEOs). Sou entusiasta da equidade de gênero, a favor do ‘e’ e não do ‘ou’”, afirma Dias. Ela diz ver com bons olhos o fato de essa questão ter se tornado um assunto a ser debatido. Segundo ela, a partir do momento em que se coloca o assunto na mesa, a tendência é que os paradigmas mudem.

O bate-papo aconteceu durante o evento Young Women Summit, promovido pela Fin4She entre os dias 29 e 30 de junho. A CEO participou do painel ‘’A Jornada C-Level’ ao lado de Christiane Aché, cofundadora do WOB e diretora ABPW na Saint Paul, Magali Leite, CFO e conselheira fiscal da Via e conselheira de administração da Terra Santa e Patrícia Maeda, diretora executiva de negócios e comercial do Grupo Fleury.

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Para Dias, um grande conselho para as jovens mulheres que almejam chegar ao cargo de CEO é, além de sempre estar antenada aos acontecimentos, ter bons mentores e conselheiros. “Eu tive mentores importantíssimos, que fizeram a diferença e até hoje fazem. Se eu tenho alguma dúvida, alguma coisa, preciso fazer uma reflexão, eu vou lá e marco para a gente conversar”, diz. “O CEO não está sozinho.”

Leia a entrevista na íntegra:

E-Investidor – Você é a única mulher CEO de um banco de capital aberto no Brasil. Como você olha para esse fato?

Ana Karina Bortoni Dias – Acho uma pena, porque temos tantas mulheres talentosas que poderiam estar também (nos cargos de CEOs). Sou entusiasta da equidade de gênero, a favor do ‘e’ e não do ‘ou’. Porém, vejo com bons olhos o fato de que hoje em dia essa questão tenha se tornado um assunto a ser debatido, porque a partir do momento que se debate, a tendência é mudar.

Atualmente temos falado muito de equidade de gênero, de diversidade, e eu tento puxar isso. Acredito que eu tenha um papel importante não só na liderança e transformação do banco, mas de puxar esse tema para inspirar outras mulheres a lutarem por essas posições também. Até porque não existe motivo para não fazer isso.

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O que falta, na sua visão, para mais mulheres alcançarem cargos C-Level?

Dias – Como esse assunto está sendo mais discutido, já começamos a ter um maior sentimento da importância, do porquê de não ter mais mulheres. Acredito que precisamos ter, cada vez mais, uma agenda propositiva nesse sentido. Uma agenda do ‘e’, da importância da pluralidade, que sejam positivas nessa direção.

E quais são as iniciativas do BMG nesse sentido?

Dias – O BMG primeiramente trouxe a discussão, fizemos várias rodas de conversas com convidados para a conscientização desse tema. E não só falar sobre a diversidade de gênero, mas sobre a diversidade como um todo.

Com isso, começamos com ações propositivas, como o Juntas em Tech (ações de fomento à participação feminina no setor de tecnologia), a parceria com o PrograMaria (startup de cursos para programadoras), fizemos parceria com o Instituto PROA (ONG voltada a capacitação de jovens para o mercado de trabalho), temos treinamentos específicos para mulheres e etc.

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Claro que isso não significa que não tenhamos treinamentos para todos no BMG. Nós temos, sim, mas há algumas características que talvez seja mais importante para as mulheres subirem na carreira. Portanto, temos programas específicos para isso.

Temos também programas de estágio focado em diversidade. É uma agenda completa que não para de crescer.

Agora que você está no ‘topo’, quais são suas aspirações para o futuro?

Dias –  Tenho como aspiração continuar essa transformação, fazer com que o BMG passe de um banco de nicho para um banco completo, totalmente digitalizado, com atendimento “figital”. Estou pensando em fazer com que essa transformação aconteça.

Cada vez mais estamos em ambientes de muita diversidade, ainda passamos por uma pandemia, passamos por crises macroeconômicas. É importante manter o trem no trilho, no caminho de uma transformação completa.

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Quais são suas dicas para mulheres que buscam alcançar a cadeira de CEO?

Dias – Estudo é importante, se manter sempre antenado. Há várias formas de aprender, não só pelo estudo formal, mas estar constantemente inteirado dos acontecimentos para desenvolver esse olhar de inovação. Ter uma clareza do que você quer fazer, isto é, ter um objetivo e partir em direção a ele, seguir os passos em direção à meta.

Falar muito com as pessoas, pedir ajuda, ir atrás de mentores. Trazer para o seu ciclo pessoas que talvez já trilharam esse caminho e podem te ajudar. Eu tive mentores importantíssimos, que fizeram a diferença e até hoje fazem. Se eu tenho alguma dúvida, alguma coisa, preciso fazer uma reflexão, eu vou lá e marco para a gente conversar.

O CEO não está sozinho, tem um time de liderança, tem a relação com os conselheiros, que são muito importantes. Além disso, pedir feedback para entender como você é percebido, se faz sentido ou não mudar essa percepção e o que você pode fazer em relação a isso.

Falando de mercado, como se destacar em um setor cada vez mais disputado? Afinal, hoje temos os grandes bancos se transformando, cada vez mais fintechs, bancos de investimento e corretoras.

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Dias – A pandemia trouxe o distanciamento social e o distanciamento social trouxe a hiperdigitalização. Então, pessoas não adeptas ao digital passaram a aderir. Eram clientes que, até então, tinham uma ou duas opções de banco e que depois passaram a ter uma infinidade de alternativas.

Isso ajuda a bancarizar mais a população brasileira, o que tem um papel social importante, e traz a responsabilidade das instituições financeiras para um olhar de centralidade no cliente. A vantagem competitiva é trazer uma boa experiência para ele. Até porque hoje o cliente tem mais opções. E tendo mais opções, como criamos uma boa experiência? Oferecendo produtos e serviços que façam sentido para o cliente, uma experiência completa.

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