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- Compromisso com a preservação ambiental e sustentabilidade entre as companhias de capital aberto passou a ser relevante entre os investidores e deve ser seguido pelo governo
- Ao longo da corrida para eleger do próximo presidente do País, o desmatamento da Amazônia foi tema de discussão entre os candidatos à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
- Na avaliação de Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners, a temática tem peso para o mercado, em especial para as companhias ligadas ao agronegócio
O andamento das reformas e o compromisso com as contas públicas não são os únicos fatores que vão aquecer o mercado nos próximos quatro anos. Quem estiver na cadeira de presidente em 2023 precisa também manter o compromisso com as políticas ambientais para atrair o capital estrangeiro à Bolsa brasileira.
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Com o amadurecimento das pautas de ESG (sigla para governança ambiental, social e corporativa, em inglês), que incluem as demandas de proteção ao meio ambiente, o compromisso com a preservação ambiental e sustentabilidade entre as companhias de capital aberto passou a ser relevante entre os investidores e, por isso, deve ser seguido pelo governo.
Segundo a sexta edição da Pesquisa Global com Investidores Institucionais da consultoria internacional EY (antiga Ernst & Young), publicada em março deste ano, 90% dos grandes gestores responderam que as diretrizes de ESG devem ser levadas em conta na tomada de decisão sobre os portfólios. Veja os detalhes nesta reportagem.
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O novo critério vai além da importância de preservar os recursos naturais do planeta. Nos negócios, quando há aumento da degradação do meio ambiente e ausência de compromisso das companhias em manter suas atividades sustentáveis, novos riscos são atrelados aos investimentos em virtude do impacto de possíveis desastres ambientais para a geração de receita e caixa das empresas.
De acordo com Paulo Morais, gerente sênior da Peers Consulting & Technology, essa visão é mais comum entre os investidores institucionais de mercados desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa. Isso porque os investimentos em causas e empresas sustentáveis dão mais retornos no longo prazo do que empresas que não são comprometidas com as pautas da sustentabilidade.
“No momento que comparamos os principais índices das bolsas globais com os índices de empresas sustentáveis, a valorização das ações é bem maior (para os investimentos sustentáveis). Isso gera uma disponibilidade de crédito maior para essas companhias que investem em sustentabilidade”, afirma Morais.
A postura das companhias em assumir o compromisso com as pautas ambientais não é a única ação necessária para construir um mercado alinhado com a temática ESG. O poder público também precisa acompanhar esse movimento. Ao longo da corrida para eleger do próximo presidente do País, o desmatamento da Amazônia foi tema de discussão entre os candidatos à presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
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No plano de governo dos dois candidatos, há propostas de preservação do bioma brasileiro, em especial ao da Amazônia, e combate ao desmatamento. No entanto, Marcos Rodrigues, especialista em ESG e sócio da MRD Consulting, avalia que os debates, assim como os projetos voltados para a temática, ainda são “rasos”.
Segundo ele, falta conhecimento para abordar o assunto entre as lideranças políticas.
“Eu tenho certeza absoluta que a agenda ESG precisa estar na agenda dos investidores. O fato é que nenhum dos dois candidatos têm capacidade de debater o assunto com profundidade”, afirma Rodrigues.
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De acordo com ele, uma das medidas que deve estar no plano de governo dos candidatos é a mudança na legislação na área de recursos hídricos e de florestamento. “O mercado espera que as regras ambientais sejam mais esclarecidas e que a legislação considere as realidades e necessidades regionais”, diz.
Agronegócio
Na avaliação de Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners, a temática tem peso para o mercado, em especial para as companhias ligadas ao agronegócio. Com a degradação da Amazônia, as precipitações necessárias para a irrigação da agricultura têm sofrido mudanças intensas ao longo dos últimos anos.
“Como a gente está vendo um aumento das temperaturas e uma aleatoriedade das precipitações das chuvas, isso exige mais investimentos, como, por exemplo, em irrigação. Nunca tivemos tantos investimentos em irrigação como estamos tendo agora”, diz Jacomassi.
Segundo estudo realizado pela TCP Partners, a agricultura irrigada no Brasil apresentou desde 2006 uma velocidade de crescimento ao ano de 4,7% . A previsão é que haja até 2040 um aumento de área de cultivo irrigada para 12,4 milhões de hectares, o que representa um acréscimo de 4,2 milhões de hectares ao verificado atualmente.
Ainda de acordo com o estudo, o mercado global de máquinas e equipamentos para irrigação foi estimado em US$ 3,9 bilhões em 2020 e a previsão para 2026 é de US$6,6 bilhões, representando um crescimento médio anual de 9,5%. Uma das razões para o aumento desse mercado é a escassez de sistemas naturais de irrigação.
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Já em relação aos períodos de chuva, desde 2000, foram identificados no Brasil onze eventos de precipitações anormais. O estudo considera anormalidades as precipitações médias anuais distantes da média do país, cujo desvio padrão ficou na faixa de 70,7 mm.