O que este conteúdo fez por você?
- A queda do patrimônio líquido de um fundo de investimentos não significa necessariamente o fracasso da estratégia de investimento
- Não há uma margem clara de até quanto pode ser a queda sem que haja preocupação
- Uma queda por desvalorização dos ativos deve ser um sinal amarelo para o investidor, que terá de avaliar as estratégias do gestor
Apesar de ser um sinal preocupante para a maioria dos investidores, a queda do patrimônio líquido de um fundo não é necessariamente um indicativo de fracasso da estratégia de investimento. Ao observar baixas superiores às previstas, é preciso avaliar também questões qualitativas, além de conhecer os possíveis caminhos que gestores têm para contornar as perdas.
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O patrimônio líquido de um fundo de investimentos é a diferença entre o valor de seus ativos contra o total de suas obrigações. Em outras palavras, é o montante que restaria aos cotistas se os ativos do fundo fossem vendidos e todas as dívidas pagas. As quedas do indicador estão principalmente relacionadas a perda de valor dos ativos ou a saída de investidores.
A respeitada Verde Asset estampa um exemplo recente. Com um patrimônio de R$ 52,4 bilhões e 44,5 mil investidores nos fundos em 2021, a gestora era a quinta maior do País. Entre dezembro de 2021 a abril de 2023, porém, a Verde perdeu R$ 24 bilhões em ativos sob gestão e viu a evasão de 20,3 mil cotistas – com o desfalque, a asset perdeu 14 posições no ranking das maiores do Brasil. Nesta reportagem, explicamos os motivos para a queda e mostramos o ranking atual das maiores gestoras.
- Verde Asset promove mudanças no portfólio dos seus fundos após nova queda em abril
Não há uma margem clara de até quanto pode ser a queda para que isso não se torne uma preocupação. Apesar de os fundos serem regidos por contratos que orientam sobre os riscos, há momentos de maior ou menor dificuldade para o mercado. Em um período de crise, por exemplo, mais investidores acabam deixando os fundos, o que reflete em baixa de PL para gestoras.
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“O limite da queda depende do tipo de produto analisado. É preciso avaliar o tamanho da gestora, se a queda é drástica a ponto de finalizar as operações ou se é só questão de mercado”, antecipa a head de fundos e previdência da Manchester Investimentos, Mayara Ranni Sekertzis.
Fluxo de resgates
Caso a queda esteja relacionada apenas a um aumento de resgates, pela saída de cotistas, não há efeito direto nas cotas. Com os ativos no mesmo valor, todos os investidores seguem com suas estimativas de ganhos.
“As pessoas físicas acabam gerando um efeito manada no mercado. Quando estamos em cenário de baixa rentabilidade eles saem e quando está em alta eles retornam”, afirma Sekertzis. Isso é explicado principalmente pela pouca experiência de novos cotistas. Esse tipo de movimento foi observado de forma concreta entre 2020 e 2021 em função da covid-19, que gerou um boom de novos investidores no mercado de capitais.
A fuga dos novatos, porém, pode não ser um problema para a gestora do fundo. “Pode ser que quem esteja saindo não seja um investidor de muita qualidade, ou seja, que não entende a estratégia e não pensa no longo prazo”, diz Alexandre Costa, da Rmpiricus Research.
Já uma queda em razão da desvalorização dos ativos deve ser encarado como um sinal amarelo. Neste momento, três questões chaves devem ser respondidas: a queda tem relação com um momento de mercado ou está em linha com o esperado? as estratégias do gestor estão equivocadas? Ele está tomando mais risco do que deveria?
“Se o gestor comprou várias ações e elas se desvalorizaram, naturalmente o patrimônio líquido vai cair. Os cotistas vão manter suas quantidades de cotas, mas elas vão se desvalorizar”, explica Costa sobre o efeito desse tipo de queda.
Avaliações
Ao observar o risco numérico, o investidor deverá se aprofundar em questões qualitativas. A orientação mais básica é estar atento ao que a gestora do fundo está fazendo no dia a dia, sendo fundamental a garantia de transparência.
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“Os fundos soltam comunicação e relatórios mensais, então é possível acompanhar o desempenho e a estratégia”, orienta o sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, Idean Alves.
Além disso, é preciso entender a equipe por trás do fundo, avaliando, por exemplo, se todos estão desde o início, se há sinergia e a experiência. Sekertzis, da Manchester, diz que nesse processo de análise levanta o quanto de patrimônio total investido na gestora pertence aos sócios.
“Já tivemos momentos complicados do mercado em que a saída de fundos de renda variável, por exemplo, acabaram sendo relevadas. As boas gestoras sobreviveram porque o patrimônio dos sócios permaneceu investido nas estratégias”, diz Sekertzis.
Para Alves, após entender se a questão é um movimento conjuntural ou estrutural, o investidor tomará a decisão. “Se o dano for estrutural, o melhor a fazer é retirar o capital do fundo por medida de segurança, pois a recuperação até pode acontecer, mas leva meses ou anos”, diz.
E no pior dos cenários?
Uma queda do patrimônio líquido vai levar os gestores a refletirem sobre possíveis estratégias. Sendo por fluxo de resgates, poderá reavaliar sua comunicação, para educar melhor os seus cotistas. Se por queda dos ativos, poderá redefinir as estratégias de alocação, observando as margens previstas em cada fundo.
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Caso a baixa seja muito acentuada, com avaliação de que a manutenção do fundo é insustentável, a gestora poderá tanto incorporar o patrimônio em um outro fundo quanto fazer uma distribuição das cotas e encerrar as atividades. “Existem vários custos para manter um fundo. Então, se ficar inviável, há o encerramento”, destaca Costa, da Empiricus.
Para o analista, não há riscos de haver fundos com patrimônio liquido zerado. A única possibilidade para isso seria de não haver investidores ou de todos os ativos da carteira perdessem completamente o valor. Antes disso, assembleias podem decidir pelo encerramento do fundo, com decisão de distribuição das cotas.