- Os investidores podem lucrar com papéis que possuem pouca exposição ao aperto monetário ou se beneficiam diretamente dos juros mais elevados
- As seguradoras podem ser vistas como as maiores beneficiárias dos juros altos, por reterem caixa líquido para fazer frente a possíveis obrigações
- Empresas líderes de mercado e com gestões sólidas podem se beneficiar da alta dos juros no longo prazo
A manutenção da Selic em 13,75% ao ano impõe um desafio para quem busca manter a carteira de ações da Bolsa rentável. No entanto, o investidor mais atento e bem instruído pode lucrar com alguns papéis. O E-Investidor consultou assessores de investimentos para formar uma lista de papéis para este momento da política monetária brasileira. As recomendações dos especialistas incluem ações de diferentes setores, como financeiro, serviços essenciais e varejo.
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As características que aproximam esses ativos dizem respeito à pouca exposição ao aperto monetário, a benefícios diretos dos juros em patamar elevado, ou ainda, a uma possível valorização ao longo dos próximos meses, a depender do perfil do investidor.
Os analistas observam que parte das ações estão precificadas abaixo do valor considerado justo pelo mercado. Sendo assim, elas representam oportunidades de longo prazo, principalmente para os investidores mais arrojados, conforme explica Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research.
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“Se o investidor tiver uma cabeça de mais longo prazo e horizonte temporal mais dilatado, é o momento, sim, de fazer compras mais pontuais”, explica Ferrer.
Seguradoras
As seguradoras podem ser vistas como as maiores beneficiárias dos juros altos. Por reterem caixa líquido para fazer frente a possíveis obrigações, acabam investido o capital ocioso em ativos de maior segurança ou em renda fixa.
“Isso gera um resultado financeiro interessante ao mesmo tempo que o negócio de seguros acaba sendo mais resiliente mesmo nos juros mais altos”, avalia o analista Leonardo Piovesan, da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores.
- BB Seguridade (BBSE3) – O destaque nesta categoria é o BBSE3, indicado por 3 das 11 corretoras consultadas pelo E-Investidor em março.
- Porto Seguro (PSSA3) – As ações são indicadas para a carteira de março por duas corretoras.
Bancos
Apesar da crise que atinge o setor bancário global, os papéis dos bancos devem continuar atrativos com a manutenção dos juros elevados. Isso porque as empresas do setor conseguem repassar as taxas para os clientes de forma quase imediata.
“O setor de bancos como um todo acaba sendo menos cíclico e mais protegido nesse cenário de oscilações de juros”, observa o Portfólio Manager de Alocação de Ativos da Principal Claritas, Rodrigo Cabraitz.
- Itaú (ITUB4) – As ações do Itaú aparecem em 7 das 11 recomendações para março.
- Banco do Brasil (BBAS3) – As ações da estatal foram citadas como as melhores para este mês por cinco corretoras.
Utilities
Ações de utilities, empresas do setor de serviços públicos, como eletricidade, gás, água e saneamento básico, são vistas como mais estáveis para o momento de alta nos juros. O desempenho delas não sofre grandes oscilações, já que são considerados serviços essenciais.
“Em energia vemos os contratos sendo ajustados a IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mais um juro, sendo hoje mais 10% a 11%, o que é bastante atrativo”, destaca Cabraitz, da Claritas.
- Sabesp (SBSP3) – As ações da Sabesp entram em destaque na categoria de utilities. O papel está entre os indicados de março para a carteira de 4 das 11 corretoras.
- Cemig (CMIG3) – As ações da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) são indicadas por 3 das 11 corretoras consultadas.
Varejo
Apesar de a maior parte do varejo ser afetada negativamente pela alta, há exceções. O analista da Empiricus Research, Fernando Ferrer, diz que empresas líderes de mercado e com gestões sólidas acabam se beneficiando deste momento de juros a 13,75% ao ano.
- RaiaDrogasil (RADL3) – A RADL3 foi indicada por duas corretoras. Para o analista da Empiricus, a empresa se mostra bem administrada e com boas oportunidades para os próximos períodos. “É um setor resiliente, já que a compra de remédio é feita independente do cenário de juros”, diz.
Outros
De diferentes áreas, estas ações se destacam ou pelos ganhos em moeda forte, geralmente o dólar norte-americano, ou pela expectativa de bons resultados nos próximos meses.
“O ideal é olhar para empresas líderes de mercado, com boas oportunidades de crescimento, aquelas com balanço sólido, com baixo endividamento, uma boa governança corporativa”, cita Ferrer sobre as várias características a serem observadas. “Não é só um segmento que vai ter esse tipo de companhia”, diz.
- Weg (WEGE3) – As ações da Weg são indicadas por 6 de 11 corretoras consultadas em março. Além dos últimos resultados positivos, pesa a favor do papel a característica de forte exportadora, recebendo parte dos lucros em dólar.
- Gerdau (GGBR4) – A Gerdau recebeu indicações de 2 das 11 corretoras verificadas. Além de faturar em dólar, apresenta um balanço considerado desalavancado (pouca influência de dívidas). Ainda, como atua em um mercado de aço mais segmentado, deve sofrer menos com a desaceleração do Brasil e da América do Norte.
- Localiza (RENT3) – As ações da empresa estão entre as preferidas de 3 das 11 corretoras consultadas para este mês. A recuperação após fusão, com indicação de bons resultados, indica possibilidade de a compra ser rentável para os próximos períodos.
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