- Centauro fixou o preço das ações no follow on em R$ 30
- Ações fecharam em R$ 35,30 o último pregão antes da comercialização dos novos papéis
- Para analistas, operação foi bem-sucedida e vai impulsionar outros follow ons, como da Via Varejo
No pregão desta segunda-feira (8), estão disponíveis para negociação 30 milhões a mais de ações ordinárias (ON) da Centauro (CNTO3), resultado do primeiro follow on da Bovespa desde o início da crise do coronavírus. A operação movimentou R$ 900 milhões e os papéis dão direito a participação nos lucros e resultados da empresa.
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O E-Investidor ouviu analistas e explica tudo o que o investidor precisa saber sobre a ampliação de oferta.
Quanto a Centauro movimentou com a nova venda de ações?
Na quinta-feira (4), o conselho de administração da Centauro aprovou a fixação do preço de R$ 30 por ação, mediante a oferta de 30 milhões de novas ações ordinárias. Com isso, a oferta coordenada por Bradesco BBI (coordenador líder), BTG Pactual, Itaú BBA e Santander Brasil movimentou R$ 900 milhões.
O preço do follow on representou um desconto de 4,76% em relação ao último pregão antes da fixação, quando os papéis da Centauro fecharam em R$ 31,50.
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Com a oferta, o capital social da Centauro passará a ser de R$ 1,914 bilhão, dividido em 241.015.279 ações ON.
O montante ficou dentro da expectativa da Centauro?
A oferta inicialmente seria de 25 milhões, mas a empresa elevou em 5 milhões para atender o excesso de demanda. O prospecto da oferta previa a emissão de um lote adicional de até 35% (8,750 milhões).
Mesmo sem esgotar o lote possível, a expectativa era de que a nova emissão movimentasse um valor mais próximo de R$ 1 bilhão.
“Essa questão da captação ter sido fixada em R$ 900 milhões, e não um pouco mais como tinha sido divulgado antes, não muda em nada a perspectiva da operação. A perspectiva continua de que vai ser positivo para a Centauro e eles vão conseguir alcançar os objetivos com a operação”, analisa Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos. “Teve uma demanda bem grande e foi uma opção da empresa fixar nesse preço, pois achou que estava bom. Além disso, ficou claro que os investidores acreditam no potencial de valorização das ações e aceitaram correr o risco”, prossegue.
Como a Centauro vai usar o dinheiro captado?
Conforme fato relevante divulgado na sexta-feira (5) pela empresa, os recursos serão destinados para financiar aquisições de empresas em curso e futuras que possam contribuir para a execução de sua estratégia de crescimento e expansão de seus negócios, além de reforço de capital de giro.
“Esse follow on teve um objetivo claro e bem definido que é para liquidar as aquisições da empresa. Então, é um dinheiro que entra na empresa e já começa a gerar resultados operando esse novo negócio que é muito relevante para Centauro”, diz Cavalheiro.
O follow on da Centauro foi bem sucedido?
Para os dois analistas ouvidos pelo E-Investidor, a resposta é sim.
Márcio Loréga, analista da Ativa Investimentos
“A Centauro conseguiu uma captação grande de R$ 900 milhões e fez uma oferta bacana que foi bem aceita com uma demanda forte em que todas as ações foram vendidas. Isso demonstra que os investidores estão aceitando o risco e apostam na empresa.”
Eduardo Cavalheiro, gestor da Rio Verde Investimentos
“Eles tiveram uma demanda bem grande e foi uma opção da empresa fixar nesse preço, pois acharam que estava bom. Além disso, ficou claro que os investidores acreditam no potencial de valorização das ações e aceitaram correr o risco.”
Ações valorizaram 12,1% no primeiro pregão após o follow on
O primeiro dia após a realização do follow on foi de valorização das ações da Centauro. Os papéis da CNTO3 fecharam a sexta-feira (5) cotadas a R$ 35,30. A cotação é 12,1% maior que o fechamento do dia anterior. E 15,6% acima da preço fixado para o follow on.
O valor, contudo, segue distante do pré-crise. Em 19 de fevereiro, as ações da Centauro foram negociadas a R$ 50,93 e é extremamente incerto prever quando e se as ações retomarão este preço.
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“Pode ser que tenhamos uma nova onda da doença e prejudique toda a operação”, alerta Cavalheiro. “O investidor tem que saber se aceita correr o risco antes de tomar uma decisão”, afirma Lórega.
O follow on da Centauro vai incentivar outras empresas a fazer a mesma coisa?
Segundo dados da B3, neste ano haviam ocorrido apenas cinco follow ons antes da Centauro, sendo que o último deles fora no dia 13 de fevereiro pela Cogna Educação. Ou seja, desde o início da pandemia da covid-19 nenhuma empresa tinha realizado o processo.
O mercado de IPO também parou neste ano. Das 18 empresas que protocolaram o pedido de abertura de capital junto a CVM, 16 adiaram para o ano que vem. Somente a Estapar já realizou a oferta pública inicial de ações.
A iniciativa bem sucedida da Centauro deve encorajar outras empresas a realizar novas ofertas de ações.
“Os IPOs e follow ons são coisas que os bancos coordenadores fazem de tudo para não fracassar. Ele sair no mercado e não encontrar tomadores é a pior coisa pra eles. Então, o mercado está tateando o apetite dos investidores e o da Centauro se saiu bem, então isso vai atrair outros”, diz Cavalheiro.
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“Foi tão bom o negócio que agora vimos que a Via Varejo também está fazendo o seu follow on. Agora abriu a porta e virão outras ofertas subsequentes, além da Via Varejo”, acrescenta Lórega, citando a Via Varejo, que anunciou a oferta de 220 milhões de novas ações.
“A Via Varejo está querendo levantar quase R$ 4 bilhões, o que é muito mais que a Centauro. O primeiro follow on já aconteceu e foi bem sucedido, agora vamos ver o apetite do mercado com a Via Varejo”, diz Lórega.