Por que Luis Stuhlberger não vê risco de bolha na Bolsa

Para Stuhlberger, o grande número de ofertas de ações e a entrada em massa de pessoas físicas faz parte do cenário de juros baixos
Ao longo da entrevista, o gestor falou sobre temas que vão desde o voto de confiança no presidente Jair Bolsonaro até as expectativas para a eleição de 2022
O Fundo Verde registra alta de 1,14% no acumulado de 2021, enquanto o Ibovespa segue em queda de 3,56% no mesmo período

Em entrevista ao Estadão, Luis Stuhlberger – considerado um dos maiores gestores do Brasil – disse que não vê risco de bolha na bolsa brasileira.

Questionado se a onda de aberturas de capital e a tendência de aproximação do pequeno investidor na renda variável poderiam gerar algum tipo de bolha na B3, Stuhlberger afirmou que o elevado número de ofertas de ações e a entrada em massa de pessoas físicas na Bolsa faz parte do cenário de juros baixos. “Não vamos ter mais dois dígitos de juros. Estamos em outro patamar de inflação e vamos colher os frutos econômicos disso”, disse.

Na sequência, a jornalista perguntou o que isso significa na prática. O gestor informou que o dinheiro que vem para o Brasil está sendo investido em debêntures de infraestrutura, fundos imobiliários e estruturas de crédito.

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“Tudo isso é possível com a Selic mais baixa e cria uma nova dinâmica econômica. Mesmo indo a 5%, essa nova realidade não vai deixar de existir. A Selic não vai ser mais de dois dígitos. Só isso é um grande fator de otimismo. É a tal história: o governo precisa ajudar para o Brasil melhorar? Não. Basta não atrapalhar que a gente vai andar”, diz.

No dia 17 de março, o Copom decidiu, por unanimidade, aumentar a taxa básica de juros Selic para 2,75%, surpreendendo as expectativas do mercado. Além disso, a entidade já anunciou que pretende elevar em mais 75 bps na próxima reunião, atingindo 3,5%.

Ao longo da entrevista, o gestor também falou sobre temas que vão desde o voto de confiança no presidente Jair Bolsonaro, até sobre as expectativas para a eleição presidencial de 2022. “Acreditei e votei no Bolsonaro em 2018, mas ele nunca mais terá o meu voto”, afirmou Stuhlberger.

Desempenho do Fundo Verde

Conhecido por Verde Fic Fim, o fundo gerido por Stuhlberger é um dos mais famosos do País. Desde sua criação, em 1997, o investimento soma uma rentabilidade acumulada de 18.727,92% até janeiro de 2021. Só para se ter uma ideia, o CDI rendeu 2.227,18% no mesmo período.

Neste ano, o Fundo Verde abriu mais uma janela de oportunidade para o pequeno investidor aplicar no ativo, que estava fechado desde 2018. A procura foi tão alta que o período de reserva no Itaú Unibanco (ITUB4) durou apenas 100 segundos.

No acumulado de 2021, o Verde registra alta de 1,14%, enquanto o Ibovespa tem queda de 3,56% no mesmo período. Ainda não há previsão de quando o fundo reabrirá para novos investidores.