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Quem é a Atom, empresa que aumentou lucro em 3192% com formação de traders

Fundada há 16 anos, a companhia decidiu vender 34,7% de suas ações para a revista Exame

Quem é a Atom, empresa que aumentou lucro em 3192% com formação de traders
Foto: Envato Elements
  • Atom é uma empresa que oferece cursos para a formação de traders e seleciona os melhores para operarem o capital da empresa;
  • Com o maior fluxo de investidores indo para a Bolsa, a Atom viu a venda de cursos disparar em 2020;
  • A Atom afirma que pretende avançar em seus objetivos de consolidação como uma instituição “top of mind” no Brasil em termos de cursos, publicações e materiais didáticos voltados para quem deseja investir no mercado financeiro, fortalecer sua marca e aumentar e diversificar suas fontes de receita por meio da parceria com o BTG Pactual

Fundada há 16 anos, a Atom (ATOM3) anunciou em fato relevante publicado nesta quarta-feira (31) que vendeu 34,78% de suas ações para a revista Exame, de propriedade do banco BTG Pactual. No início da tarde, as ações dobraram de valor em relação ao fechamento de terça-feira (31), cotadas a R$ 7,64.

No texto, a Atom afirma que pretende avançar em seus objetivos de consolidação como uma instituição “top of mind” no Brasil em termos de cursos, publicações e materiais didáticos voltados para quem deseja investir no mercado financeiro, fortalecer sua marca e aumentar e diversificar suas fontes de receita por meio da parceria com o BTG Pactual.

Basicamente, a Atom se divide em dois segmentos. O primeiro deles é a ‘mesa proprietária de traders’, ou seja, as pessoas contratadas para operar o capital da empresa. O segundo setor é de educação financeira, para fazer a formação desses traders – e de onde vem a maior parte do capital.

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No terceiro trimestre de 2020, a companhia teve um lucro líquido 3.192% maior do que o obtido no mesmo período de 2019, isto é, reverteu um prejuízo de R$ 137 mil para um lucro de R$ 4,2 milhões.

Em relação ao desempenho dos primeiros nove meses do ano, o salto também não é pequeno: o lucro foi de R$ 11,3 milhões, ante R$ 1,3 milhão obtidos entre janeiro e setembro do ano passado. As ações seguiram a tendência e valorizaram mais de 100% desde o primeiro pregão de 2020, passando de R$ 1,72 no dia 02 de janeiro, para R$ 3,42, no fechamento de segunda-feira (14).

Tamanho avanço vem na esteira dos cortes nas taxas de juros, que empurraram investidores pessoas físicas para a Bolsa de Valores e fizeram crescer o interesse por temas como day trade, as famosas operações financeiras de alto risco, realizadas em um mesmo pregão e negócio central da Atom.

“A Atom ensina as pessoas a operarem no mercado financeiro e contrata as que se dão melhor”, explicou Carol Paiffer, CEO da Atom, em entrevista realizada em 2020. “Eu e meu irmão [José Joaquim Paiffer] montamos a empresa para operar nosso próprio dinheiro e passamos a buscar mais gente para operar o capital. Como não encontrávamos facilmente essas pessoas, montamos a parte educacional e ensinamos gestão de risco.”

“As receitas da empresa são 90% da área educacional de formação de traders para participar das mesas proprietárias. No acumulado do ano, eles têm R$ 24 milhões de receita da parte educacional e R$ 2,8 milhões de ganhos de capital da área de tesouraria – ou seja, 10% são ganhos bem voláteis, que podem ser negativos”, explica Mario Goulart, analista CNPI da O2 Research.

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Antes de serem admitidos na companhia, os investidores precisam passar por um teste prático. “Desenvolvemos um simulador para as pessoas operarem com dinheiro de mentira na Bolsa, com metas de ganho e limites de perda. Bateu a meta sem exceder as perdas, a pessoa é contratada e tem acesso a uma subconta para operar nosso dinheiro”, afirma Paiffer.

Os traders podem ficar com até 90% dos lucros que fizerem, mas, caso comecem a perder, são afastados da Atom. “Nos preocupamos em trazer seriedade para a parte educacional, então temos pedagoga, psicóloga, etc”, diz a CEO. “São quase 200 traders que só operam com o nosso capital, sem risco para eles.”

Investir na Atom é um bom negócio?

No fim de 2020, os especialistas consultados pelo E-Investidor ainda viam a companhia com cautela. “A Atom está com números sólidos e o segmento educacional também tem baixo risco. Hoje todo mundo quer ser trader e ir para mesa proprietária”, diz Goulart. “Mas é uma empresa muito pequena, poucos analistas cobrem e teve um caso de condenação de um dos executivos.”

O analista da O2 Research refere-se à decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) contra José Joaquim Paiffer por prática de spoofing, ou seja, uma manipulação de ordens de compra e venda que não são executadas.

Na época, em entrevista ao InfoMoney, Joaquim Paiffer disse que: “Essa decisão da CVM foi totalmente arbitrária e fora da realidade do mercado (…). Os casos citados pelo relator nos EUA foi conta de algoritmos [robôs programados para executar determinada estratégia de negócio]. As operações citadas pelo relatório foram colocadas manualmente”.

Juan Espinel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria, explica que é preciso dividir a Atom para entender os riscos. “Falando em operações do mercado financeiro, ainda é pouco consolidada. Cerca de 69% dos traders da mesa tem menos de um ano, 81% ganham até R$ 10 mil, que é um valor relativamente baixo comparado ao volume que eles operam.”

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Seria, de fato, a parte educacional o grande destaque. “Olhando no aspecto de empresa de educação financeira, é aí que enxergamos alguma perspectiva de futuro. Eles estão crescendo massivamente na venda de cursos, cerca de 575% de salto no 2º trimestre de 2020 em relação ao 2º trimestre de 2019, o que é muito natural”, explica Espinel. “Focando na empresa de educação financeira, podemos ter perspectiva, mas ainda não é realidade.”

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