- Analistas receberam os resultados de forma positiva, mas ainda há ressalvas sobre os desafios para que as máximas históricas possam ser retomadas
- Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, diz que o resultado foi satisfatório, apontando o êxito no processo de reestruturação que a empresa tem tocado nos últimos anos
A Cielo (CIEL3) encerrou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido recorrente de R$ 440,8 milhões, alta de 138,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os resultados foram recebidos de forma positiva por analistas, ainda que haja ressalvas sobre desafios para que as máximas históricas possam ser retomadas.
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Fabiano Vaz, analista da Nord Research, diz que os resultados vieram um pouco abaixo das estimativas, mas observa o crescimento como positivo. “Além do aumento de 1,4% do volume de transações, o yield (relação receita e volume de transações) de 0,78% (+0,12 p.p.) no 1T23 impulsionou os resultados da unidade de negócio”, explica Vaz.
O volume total de pagamentos processados pela empresa foi misto entre os referenciais. Com R$ 201 bilhões processados, foi 1% maior que o primeiro trimestre de 2022 e 13% menor que o trimestre anterior. Isso pode estar relacionado à redução da base de clientes, que diminuiu 4,1% no período.
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Para o Itaú BBA, isso se dá como parte da estratégia da empresa de priorizar lucros em vez do número de clientes. A instituição considera os resultados positivos, com o lucro líquido acima de suas expectativas, que era de R$ 380 milhões. “Embora tenha havido uma fraqueza nos volumes de vendas, a empresa conseguiu compensar com melhores taxas de serviço e controle de despesas”, destaca.
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, diz que o resultado foi satisfatório, apontando o êxito no processo de reestruturação que a empresa tem tocado nos últimos anos. “Tivemos ao longo dos últimos dois a três anos um enfraquecimento da concorrência em questão de maturidade e escassez de capital e a Cielo foi capaz de reconquistar uma fatia do mercado”, aponta.
Para Soares, o resultado está relacionado ao aumento de volume de vendas, ainda que discreto, e por iniciativas como o corte de custo, em 14%. “Isso trouxe um aumento de margem, com resultados favoráveis no período”, destaca o analista.
Ivan Barboza, sócio gestor do Ártica, define o lucro como surpresa positiva. “Esses resultados são frutos da estratégia da companhia de priorizar rentabilidade, mesmo que isso signifique perder espaço no mercado”, destaca.
Futuro
Na parte negativa das análises, Vaz, da Nord, diz que apesar dos números positivos, ainda há incertezas sobre o futuro do papel. “Os resultados ainda estão longe do patamar histórico. Os múltiplos são atraentes, mas mudanças na regulação, a forte competição e as transformações do mercado de meios de pagamentos ainda trazem dúvidas”.
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Já Barboza diz que a expectativa do mercado é que a Cielo continue a trajetória, mas pondera que a dinâmica do setor não deve permitir a manutenção da política de sacrificar o volume de cliente para melhorar a rentabilidade. “O setor também está sujeito a mudanças tecnológicas que trazem incertezas relevantes. Por exemplo, o PIX parcelado, já sob discussão há algum tempo, poderia substituir boa parte do volume que hoje é transacionado na rede de cartões de crédito”, ressalta.