- O Federal Reserve anunciou nesta quarta-feira (14) um ajuste de 50 pontos-base (bps) na taxa de juros dos Estados Unidos
- A taxa passa agora ao intervalo entre 4,25% e 4,50%
- Somente em 2022, foram sete ajustes consecutivos na taxa que não sofria uma alta de 2018
O banco central norte-americano Federal Reserve (Fed) anunciou na tarde desta quarta-feira (14) o último ajuste de 2022 na taxa básica de juros dos Estados Unidos: uma alta de 0,50 ponto percentual (p.p), seguindo o consenso de mercado. Com a elevação, a sétima consecutiva no ano, a taxa passa ao intervalo entre 4,25% e 4,50%, o maior patamar em 15 anos.
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Esta é a primeira alta em 0,5 p.p. desde maio – de lá para cá, foram quatro ajustes de 0,75 p.p., um patamar de elevação na taxa que não se via nos EUA desde 1994. “O mercado já contava com esse, que marca uma desaceleração dos juros nos EUA em relação aos últimos quatro aumentos em 2022”, destaca Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad.
O que permitiu ao Fed desacelerar o ritmo do aperto monetário foram os sinais positivos no Índice de Preço ao Consumidor (CPI), o principal indicativo de inflação no país. Divulgado na terça-feira (13), o CPI subiu apenas 0,1% em novembro na comparação com outubro, atingindo um acumulado de 7,1% em 12 meses. Uma boa surpresa dado que a expectativa do mercado era de uma alta de 0,3% em novembro ante outubro, e de um acumulado de 7,3% em 12 meses. Veja mais detalhes.
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“O CPI deixou os mercados otimistas para uma postura mais dovish (leniente) do FED”, diz Beto Saadia, economista e sócio da BRA BS. “A inflação já mostra sinais de desaceleração em diversos setores, mas a convergência para a meta de 2% ainda é muito além do atual”, destaca.
Retrospectiva 2022
O ano de 2022 foi bastante atípico no mercado americano. A taxa básica de juros do país não sofria nenhum ajuste desde 2018, quando estava estacionada entre 0% e 0,25%. Mas este ano veio para chacoalhar essa estabilidade: foram sete aumentos consecutivos entre março e dezembro, suficientes para elevar os juros americanos para o atual intervalo de 3,75% a 4,0%. Relembre as altas:
- 15 de março: pela primeira vez desde 2018, o Fed decidiu aumentar a taxa básica de juros dos EUA. Com um ajuste de 25 bps, os juros americanos sobem para o intervalo entre 0,25% e 0,5%;
- 04 de maio: acelerando o aperto monetário, Fed anuncia uma alta de 50 bps nos juros, que passam para 0,75% a 1%;
- 15 de junho: Fed revisa plano de voo e opta por um ajuste maior nos juros, no maior nível de elevação da taxa no país desde 1994. A primeira alta de 75 bps do ciclo leva os juros para o intervalo entre 1,5% e 1,75%;
- 27 de julho: nova alta de 75 bps eleva os juros ao intervalo de 2,25% e 2,5%;
- 21 de setembro: com mais uma alta de 75 bps, os juros americanos vão para o intervalo entre 3,0% e 3,25%;
- 03 de novembro: anúncio do quatro aumento seguido de 75 bps, elevando a taxa para a faixa entre 3,75% a 4,00%;
- 14 de dezembro: seguindo o consenso de mercado, Fed começa a reduzir o ritmo e anuncia uma alta de 50 bps. Com o sétimo aumento consecutivo, os juros vão para o intervalo de 4,25% a 4,50%.
O aperto monetário foi uma resposta da autoridade americana à maior inflação vista em mais de 40 anos no país. Uma pressão que teve origem na retomada das atividades após a pandemia da covid-19, em 2021, e foi agravada com a eclosão da guerra entre Rússia e Ucrânia em fevereiro desde ano.
Mas, se comparado ao trabalho de outros bancos centrais pelo mundo, dá para se dizer que a força do aperto monetário nos EUA se deve também a uma questão de timing. O BC brasileiro, por exemplo, iniciou o ciclo de alta de juros ainda nos primeiros meses de 2021, cerca de um ano à frente do Fed.
Esse “atraso” da instituição americana acaba sendo mais inédito do que a própria magnitude das altas, que já aconteceram em outros episódios inflacionários na história dos Estados Unidos. Esta é a visão do economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares.
“É inédito que o Fed tenha visto a inflação subir sem fazer nada ao longo de 2021 inteiro”, diz o economista. “Um respeito em demasia ao processo monetário que fez com que ele ficasse atrasado. E, por estar atrasado, teve que fazer os movimentos que fez esse ano”, explica.
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Agora, a discussão que fica para o próximo ano é até onde a taxa de juros americana será elevada, além de quando o Fed poderá iniciar os movimentos de corte.