Duas empresas pegam carona na alta do petróleo e ações saltam. Até quando?

Ao E-Investidor, especialistas dizem que a perspectiva para o setor é positiva e que este momento pode configurar uma oportunidade para se posicionar.

O otimismo se justifica por uma soma de fatores, sendo eles direcionadores internos das próprias empresas ou externos, como a alta no preço do petróleo. Este último fator, segundo André Fernandes, head de Renda Variável e sócio da A7 Capital, é o responsável por boa parte da performance dos papéis.

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“O petróleo tipo brent subiu 13% e as duas ações têm uma boa correlação com a cotação do barril”, comenta. Ele ainda destaca que o setor de commodities atualmente é um dos mais baratos na Bolsa brasileira. Isso porque, apesar da alta do petróleo em julho, ainda há reflexos da “frustração do mercado em relação à retomada lenta da economia chinesa”, já que o país asiático ocupa o posto de um dos maiores importadores de petróleo do mundo.

Cenário macro fez preço do petróleo subir

Para Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital, a boa performance da commodity pode ser explicada, principalmente, pelo pacote de estímulos do governo chinês para reaquecer a economia do país, o que aumentaria a demanda pela commodity e o preço, consequentemente.

“Outros pontos importantes também ficam com a diminuição do risco de recessão nas economias centrais, com a tese do soft landing se tornando cada vez mais forte, e a sazonalidade positiva para a commodity no mês de Julho devido às férias no hemisfério norte”, pontua Canto. Por “soft landing”, que quer dizer “pouso suave”, em tradução livre, o analista indica mudança na economia para uma estabilidade ao invés de recessão.

Além disso, há também o fator da redução da produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). “Os cortes demoraram, mas começaram a refletir nas cotações do petróleo. Com uma oferta menor da commodity no mercado, as cotações começaram a subir”, acrescenta Fernandes.

Direcionadores internos

Balanços, resultados de produção e aquisições de ambas as empresas também se tornaram fatores-chaves para o bom desempenho mensal das petroleiras. As prévias operacionais da Prio (PRIO3) no segundo trimestre de 2023 vieram positivas, segundo Fernandes, com a empresa atingindo um nível recorde de produção de 100 mil barris por dia.

“Isso mostrou que a compra dos poços da Petrobras de Albacora Leste começou a refletir positivamente na produção da empresa, além de ter divulgado dados de produção forte no campo de Frade”, destaca Fernandes. Canto, analista da CM Capital, também comenta que, esse recorde de produção é equivalente a um crescimento de 49,2% na diária média em comparação ao trimestre anterior.

A 3R Petroleum, por sua vez, também apresentou bons dados de produção. No mês de junho de 2023, a petroleira comunicou que a produção média diária consolidada nos oito polos que opera atingiu a marca de 45.515 barris de óleo equivalente (boe).

“Esse valor representa um impressionante aumento de 64,4% em comparação ao mês de maio. Além disso, os campos exclusivos da 3R também apresentaram um excelente desempenho, registrando uma média diária de 37.667 boe por dia, o que representa um avanço notável de 68,1% em relação ao mês imediatamente anterior”, destaca Canto.

Os dados operacionais de junho podem ter sinalizado um momento de virada significativo para a companhia, o que levou a empresa a alcançar a marca de mais de 40 mil barris de óleo equivalente por dia.

Ambos os dados de produção, da Prio e 3R Petroleum, segundo Rafael Winalda, analista de Óleo & Gás e Utilities do Inter, estão acima das expectativas de mercado. “Agora, esperamos bons números para o segundo trimestre de 2023, somado ainda à alta recente do petróleo, agora próximo de US$ 80/barril”, afirma.

Recomendação

Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, comenta que há espaço para os dois papéis subirem. “Temos uma visualização muito boa para os ativos. O petróleo ajudou muito essas duas empresas, que têm perspectivas bastante positivas”, diz.

A recomendação da XP é de compra, com preço-alvo de R$ 56 para Prio. Um upside (potencial de valorização) de 16,69% relativo ao preço das 14h57 desta sexta-feira (4), de R$ 47,99. Já para a 3R Petroleum, a casa tem preço-alvo de R$ 59,50, marcando 61,55% de avanço em comparação ao preço atual, de R$ 36,83, também às 14h57 desta sexta.

No Inter, o analista Rafael Winalda, afirma ao E-Investidor que as expectativas também são bem positivas para ambas companhias, com recomendações de compra para as duas, com Prio mirando um preço-alvo de R$ 55 e 3R, R$ 68. Um upside de 14,60% e 84,63% respectivamente.

A Empiricus, por sua vez, tem recomendação neutra para Prio, segundo Larissa Quaresma, analista da casa. “Tem um valuation (valor do ativo) caro”, afirma. Já para 3R, a Empiricus recomenda a compra. “Por ter um potencial de crescimento maior, dado que acabou de assumir os ativos adquiridos da Petrobras, e o valuation mais atrativo dentre as minor oil (empresas jovens do setor). Mas vale dizer que o risco de execução é maior, um fator que monitoramos de perto para essa tese”.

Na CM Capital, Canto comenta que a casa tem preferência por Prio, com preço-alvo em R$ 52,92, o que equivale a uma valorização de 10,25% em relação ao preço atual. “Gostamos do setor, embora vemos um maior potencial de valorização em outras empresas de commodities, com a Vale (VALE3)”.

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