A agenda econômica desta sexta-feira (2) concentra atenções na leitura do payroll dos Estados Unidos em julho, que é um indicador-chave para o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) definir o início do afrouxamento monetário. No mercado financeiro hoje, investidores brasileiros acompanham dados da produção industrial em julho e a cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Ceará, para sancionar o projeto de lei que autoriza o Poder Executivo a criar o Fundo de Investimento em Infraestrutura Social, além do que institui o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono e o que autoriza a medida provisória sobre o programa Mover, no Porto de Pecém, em Caucaia.
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Ainda na agenda internacional, o economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE), Huw Pill, e a diretora de Análise Monetária do BoE, Fergal Shortall, fazem reunião virtual sobre a última decisão monetária. Logo depois, será divulgado o número de encomendas à indústria americana em junho. Chevron e ExxonMobil divulgam balanços, antes da abertura dos mercados em Nova York.
Confira os 4 assuntos mais importantes no mercado financeiro hoje
Bolsas internacionais
As bolsas na Ásia tiveram fortes perdas e o iene volta a se fortalecer, ecoando a aversão ao risco em Wall Street e reagindo a balanços frustrantes de big techs americanas, principalmente da Intel (ITLC34), que pesou em ações de chips asiáticas. Já as bolsas europeias operam em baixa, com mau humor global iniciado em NY.
As ações da Intel e da Amazon (AMZO34) sofriam tombos de 21,51% e 8,37%, respectivamente, no pré-mercado de Nova York às 6h40 (de Brasília). Já a Apple (AAPL34) tinha modesta baixa de 0,16%.
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O Nasdaq continua exibindo as piores perdas entre os futuros de Nova York, enquanto juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) e o dólar voltam a cair. Os contratos futuros do ouro atingem nova máxima histórica nesta sexta-feira, em meio a preocupações com a economia dos EUA.
A aversão ao risco é intensificada pelos conflitos geopolíticos no Oriente Médio. Um possível ataque iraniano a Israel está no radar sob preocupações com a oferta do produto, o que dá leve suporte ao petróleo. Mas se o payroll confirmar os sinais de enfraquecimento econômico nos EUA, a commodity pode se enfraquecer por incertezas sobre a demanda.
O porta-voz das Forças Armadas de Israel (IDF), Daniel Hagari, voltou a dizer, na quinta-feira (1º), que o país não quer um conflito mais amplo, mas que estão “totalmente preparados” para qualquer cenário, e que não vão recuar caso sejam atacados.
O Banco Central Europeu (BCE) destacou que a estabilidade econômica da zona do euro pode ser afetada pela “guerra injustificada da Rússia contra a Ucrânia” e o “trágico conflito no Oriente Médio”. A S&P Global alertou que, embora seja desafiador quantificar os impactos de um conflito mais amplo, os efeitos negativos para Israel tornam possível uma alteração no risco de crédito.
Payroll
Após dados apontando para o enfraquecimento da atividade no país na quinta-feira (1º), os investidores aguardam o payroll de julho, que deve apresentar a terceira desaceleração consecutiva.
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Se as previsões se confirmarem, podem ampliar o receio sobre a possibilidade de recessão nos EUA e elevar as apostas em corte de juros de 50 pontos-base na reunião do Fed, em setembro.
Por outro lado, uma leitura mais forte que o esperado pode ampliar a chance de corte menor na próxima reunião em meio à desaceleração da inflação e temores de que a economia dos Estados Unidos entre em recessão.
Segundo a mediana de 30 analistas ouvidos pelo Broadcast, o país gerou 180 mil vagas no mês. Em junho, foram criados 206 mil postos e, em maio, 272 mil. Ainda segundo a mediana dos analistas, o dado de salário médio por hora deve subir 0,3% na comparação mensal e 3,7% na anual.
Atenções ficam também na taxa de desemprego, em cenário de desaceleração na demanda por mão de obra em vários setores da economia. Na quinta-feira (1º), a ferramenta de monitoramento do CME Group precificava 25,5% de chance de corte de 50 pb no próximo encontro.
Commodities
Na Bolsa, as altas modestas do petróleo e de 2,16% do minério de ferro na China, nesta manhã, podem apoiar ações da Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3), amenizando o impacto externo negativo sobre o Ibovespa.
Mercado brasileiro
A aversão a risco no exterior deve continuar pesando no humor local. Investidores devem olhar ainda os dados de produção industrial e acompanhar as teleconferências de várias empresas, após divulgarem resultados do segundo trimestre na quinta-feira (1º), como o balanço da Auren (AURE3) e os números da Cielo (CIEL3).
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Nos juros, a queda dos rendimentos dos Treasuries pode aliviar os ajustes na curva, após a reunião de julho do Comitê de Política Monetária (Copom), indicar que a ampla maioria do mercado (39 de 43 casas, ou 90,6%) prevê que a Selic deve ficar parada em 10,50% até o final do ano.
No câmbio, o dólar pode hesitar em meio à queda externa ante moedas desenvolvidas, mas com sinais divergentes em relação a divisas emergentes e ligadas a commodities.
Alta do dólar ante peso mexicano pode reverberar no real com sinais de desmonte de operações de carry trade (mecanismo utilizado para tentar obter lucros com base na diferença entre a taxa de juros de dois países) e busca de proteção no iene japonês.
O sentimento ruim sobre as contas públicas do país também pode continuar permeando os negócios. A equipe econômica teme o impacto fiscal da operação envolvendo Angra 3 e Eletrobras (ELET3; ELET6), em um acordo que vem sendo costurado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O Broadcast apurou que há uma visão crítica em relação a esse acordo no mercado financeiro hoje, com a preocupação em relação à vantajosidade para o Estado com a operação.
*Com informações do Broadcast
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