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As novatas do Ibovespa em 2021: o que esperar de Eneva, Copel, JHSF e Unidas

As empresas entraram na prévia de 2021 do principal índice de ações da B3; Veja o que esperar das ações

As novatas do Ibovespa em 2021: o que esperar de Eneva, Copel, JHSF e Unidas
Homens observando o logo da B3 em sua sede em São Paulo. (Daniel Teixeira/Estadão)
  • Na composição, quatro nomes aparecem na lista do Ibovespa: Eneva e Copel, do setor de energia, a holding JHSF e a companhia de aluguel de automóveis Unidas
  • No geral, as empresas apresentaram resultados fortes nos últimos trimestres, além de boa gestão
  • De acordo com os especialistas, a tendência é que novas companhias sejam adicionadas com o tempo. Caso não haja mais alterações, o indicador passa a ter 81 ativos

No início de dezembro, a B3 divulgou a 1ª carteira prévia do Ibovespa para 2021. Na composição, quatro nomes novos aparecem na lista do principal índice de ações da Bolsa: Eneva (ENEV3) e Copel (CPLE6), do setor de energia, a holding JHSF (JHSF3) e a companhia de aluguel de automóveis Unidas (LCAM3). Caso não haja mais alterações, o indicador passa a ter 81 ativos.

A adição de empresas não é uma surpresa e a tendência é que o Ibov caminhe para se tornar cada vez mais pulverizado. “Há pouco tempo havia apenas 64 companhias listadas. O índice está se desconcentrando”, afirma Juan Espinel, especialista em investimentos da Ivest Consultoria. “É um movimento natural ver organizações saudáveis entrando no Ibovespa.”

Essa também é a visão de Pedro Serra, gerente do research da Ativa Investimentos. “Estamos na fase de um mercado mais líquido e com bastante IPOs, então torcemos muito para que o Ibovespa cresça. Por ora, ainda temos um índice muito centralizado”, afirma.

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Considerando a carteira vigente, só a Vale possui 12,86% de peso no Índice Bovespa. O Itaú Unibanco carrega outros 7,02% e a Petrobras, 5,94%. Com a eventual entrada das quatro novas empresas, a fração da Vale vai para 10,9%, Itaú para 6,7% e Petrobras para 5,6%.

Entre as novatas, quem vai ganhar a maior fatia do índice será Eneva, com uma parcela de 0,78% no indicador. Copel, JHSF e Unidas ficam, em ordem, com 0,435%, 0,105% e 0,437% de participação.

Eneva: renascida das cinzas

A Eneva é uma empresa de geração de energia com um passado interessante. Surgiu da antiga MPX, do grupo de Eike Batista, passou por uma recuperação judicial em meio aos escândalos envolvendo o ex-controlador, mas conseguiu renascer das cinzas.

Hoje a companhia é equilibrada financeiramente, apesar de os resultados do 3º trimestre ficarem abaixo da expectativa do mercado. Entre julho e setembro deste ano, a Eneva reportou lucro líquido R$ 55,6 milhões, uma queda de 38,1% em relação ao mesmo período de 2019.

“A empresa está redonda e bem estruturada, apesar do 3º trimestre fraco”, afirma Espinel. “Isso é decorrência de um volume menor de chuvas, que acaba aumentando os custos de companhias como a Eneva. Contudo, ela controlou bastante esses custos e tem bons níveis de Governança.”

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Na visão de Serra, a geradora de energia atraiu mais atenção dos investidores esse ano com a sua participação em processos de venda de ativos da Petrobras. O polo de Urucu, localizado na Bacia de Solimões (AM), e um dos maiores do Brasil, é um deles. “Há pouco ela também anunciou uma possível fusão com a AES, que acabou não acontecendo, mas o mercado deixou o papel no radar.”

De acordo com os especialistas, as perspectivas para as ações são boas. “Com a retomada econômica, o consumo de energia tende a se elevar e a empresa volta a vender em níveis melhores”, diz Espinel. Até o fechamento de segunda-feira (14), as ações ENEV3 estavam em alta de 28,89% em 2020, passando de R$ 43,86 no dia 2 de janeiro, para o patamar atual de R$ 56,31

Os preços, porém, podem estar esticados. “Vemos com bons olhos, principalmente a possibilidade da desregulamentação do setor de gás no Brasil em 2021, que pode ser positivo para a Eneva. Mas já achamos que o valuation está no preço, então a nossa recomendação é neutra”, afirma Serra.

Copel: boa gestão

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) teve lucro líquido de R$ 2,8 bilhões nos acumulado dos nove primeiros meses de 2020 – o resultado representa um salto de 97,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No recorte do 3º trimestre, o lucro líquido também veio com alta de 19,8%, aos R$ 685,3 milhões, ante R$ 571,6 milhões em 2019.

Os bons resultados refletem a gestão da companhia. “Esse é o principal ponto da Copel: muitos analistas a elegem como a melhor gestão desde a década de 90. Ela tem tido fortes resultados recorrentes e muito disso vem da nova Governança, que tem disciplina nos gastos”, explica Espinel, da Ivest.

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Algumas das iniciativas recentes que ajudaram a companhia a entrar com mais peso no radar dos investidores é o reajuste nos contratos de prevenção e maior comercialização de energia. Segundo Espinel, a Copel também vai lançar uma unit [pacote com ações de diferentes tipos].

Serra também destaca a venda de operações de telecomunicações vendidas recentemente pela Copel. “Com isso, esperamos que ela consiga pagar dividendos relevantes. O BNDES também vai vender uma boa fatia da empresa, o que pode dar ainda mais liquidez para as ações e ajudar a entrada no índice”, afirma o especialista.

A recomendação para os papéis de Copel ainda não é de compra, mas os analistas recomendam acompanhar a ação de perto. “Nossa visão também é neutra, estamos aguardando para ver como vão ser as coisas daqui para frente, mas a perspectiva é positiva”, diz Serra.

JHSF: fortes resultados

Holding com atuação que vai de aeroportos a shoppings center, a JHSF não teve fatos relevantes recentes que impulsionassem a entrada no índice, mas surpreendeu com o resultado robusto do terceiro trimestre deste ano. O lucro líquido consolidado da companhia cresceu 87,4% no período, para R$ 176 milhões.

“A empresa reportou ao mercado que a sua plataforma de marketplace cresceu 1168% só na Black Friday. As vendas contratadas subiram 22%  apenas na passagem do 2º para o 3º tri”, diz Espinel.

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O motivo para o crescimento está na concentração dos negócios no segmento de alta renda, mais resistente à crises. A JHSF tem em seu portfólio, por exemplo, empreendimentos como o Fasano Cidade Jardim e Boa Vista Village, que registraram vendas de R$ 26,5 milhões e R$ 95,2 milhões, respectivamente, em setembro de 2019.

O especialista da Ivest também destaca as novidades da gestão. “A JHSF chamou cinco novos membros para o Conselho de Administração e membros independentes. Isso eleva ainda mais a confiança que o mercado tem na holding”, afirma.

No último dia 11 de novembro o BB Investimentos emitiu relatório em que recomendava a compra dos papéis da holding, com preço-alvo de R$ 9,90. Considerando a cotação de R$ 8,17, do fechamento de segunda, a projeção representaria um salto de 21,18% para os ativos.

Unidas: fusão e cenário indefinido

Entre as possíveis novatas do Ibovespa, o cenário mais indefinido é da Unidas, companhia de aluguel de automóveis e terceirização de frotas. “A empresa pode ter entrado no radar do mercado por conta da fusão com a Localiza, que elevou a negociação das ações da Unidas e fez o valor de mercado subir bastante”, afirma Serra.

A fusão entre Unidas (LCAM3) e a Localiza (RENT3) foi aprovada pelos acionistas das empresas no dia 13 de novembro. Entretanto, Serra vê riscos relevantes na operação. “O Cade pode trazer remédios duros em relação a essa incorporação, mas vemos com bons olhos. A operação combinada pode ser muito forte no setor”, diz.

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De acordo com Serra, o cenário para Unidas segue incerto. “Se a fusão for para frente e as ações de Unidas se transformarem em Localiza, pode ser que a B3 não coloque”, diz. “A nossa recomendação é de compra e quem tem as ações deveria carregar.”

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