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- A bolsa americana atingiu um pico histórico de valorização em relação ao resto do mundo
- No Brasil, mesmo com preços baixos, o ambiente segue intimidador
- Precificação de setores como Tecnologia e Financeiro nos EUA sugere potencial de crescimento ainda não definido
A bolsa americana atingiu um pico histórico de valorização em relação ao resto do mundo, impulsionada por forte performance em tecnologia e otimismo com cortes de juros e desregulamentações que devem ser apresentadas pelo presidente eleito, Donald Trump, que assume o novo mandato em janeiro de 2025. Com múltiplos elevados e prêmio de risco em queda, seria a hora de quem tem investimentos por lá realizar os lucros para aproveitar os descontos da renda variável no Brasil?
Ao colocar uma lupa nos gráficos, o prêmio de risco de ações (Equity Risk Premium – ERP, na sigla em inglês) – dado que apresenta o retorno que os investidores esperam ganhar de um investimento em ações em comparação com uma taxa livre de risco – é possível identificar que os investidores não estariam sendo suficientemente recompensados pelo risco de comprar ações nos Estados Unidos.
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Outro indicador que mostraria que a bolsa americana está cara, é o movimento de Warren Buffet, o maior investidor do mundo, que há oito semestres vende mais ativos do que compra – veja o que ele está tramando nesta reportagem.
No Brasil, os especialistas destacam o cenário favorável nos EUA no curto prazo, com juros em declínio e potencial de crescimento ainda não precificado em setores estratégicos. Mas ao falar das oportunidades do próprio País, a visão é a de que o ambiente segue intimidador, mesmo com preços baixos.
Fernando Siqueira, head de Research da Eleven Financial, observa que, apesar de a bolsa americana estar relativamente cara, os resultados das empresas têm sido robustos, fato que sustenta sua atratividade. Além disso, a onda de investimentos em tecnologia tem impulsionado Wall Street. O setor é um dos grandes motores de valorização por lá, enquanto que o início do ciclo de cortes juros favorece ativos de risco, como ações. "Por isso, acho que é cedo para sair dos investimentos dos Estados Unidos neste momento", diz.
O barato pode sair caro
No Brasil, avalia Siqueira, a situação é quase oposta. Apesar de os preços da Bolsa estarem bastante atrativos, o cenário econômico ainda apresenta muitas incertezas. "Acho que é um pouco o contrário, ainda está cedo para tomar mais risco aqui."
Para investidores com uma exposição muito elevada a ativos no exterior, na visão do analista, pode fazer sentido começar a reduzir gradualmente as posições americanas e, aos poucos, realocar uma parcela para o mercado brasileiro, aproveitando as oportunidades de longo prazo. "Acho que faz sentido para os investidores que tem uma posição muito grande lá fora, talvez, começar bem devagarzinho a reduzir e aumentar aqui no Brasil."
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Siqueira complementa falando para quem mantém uma exposição moderada ao exterior, algo em torno de 5% a 20% do portfólio. Para ele, neste caso, ainda faz sentido aguardar antes de reduzir posições nos Estados Unidos e começar a investir no Brasil.
Paula Zogbi, gerente de Research e head de Conteúdo da Nomad, pondera que é difícil avaliar se uma bolsa está cara ou barata, já que os preços refletem projeções futuras e não performances passadas.
Ciclos americanos têm duração maior
Métricas como Preço / Lucro (P/L) dependem de dados históricos ou estimativas de analistas em horizontes curtos. No S&P, lembra, setores como os de tecnologia e financeiro têm múltiplos acima da média histórica, sugerindo que o potencial de crescimento ainda não precificado, enquanto outros setores permanecem abaixo de seus níveis históricos. "Sob a ótica da diversificação e do investimento de longo prazo, faz sentido manter uma exposição relevante a ativos estrangeiros", diz.
Na visão de Zogbi, a economia americana tem forte tendência de crescimento no longo prazo, ajudando a diversificar carteiras domésticas, concentradas em commodities e financeiro. Além disso, investir no maior mercado do mundo oferece proteção via exposição ao dólar.
Ela lembra ainda que no curto e médio prazo, o cenário também é positivo, com cortes de juros reduzindo custos e estimulando o consumo. Medidas do novo governo Donald Trump, como redução de impostos e desregulamentação, devem impulsionar ainda mais o mercado. O bull Market (ciclo de alta), com dois anos em 2024, sugere que o o desempenho positivo pode continuar. "Historicamente esses ciclos têm duração mais longa na bolsa americana", diz.
No cenário doméstico, o estímulo é o de saída de capital. A Bolsa brasileira enfrenta desafios criados pela situação fiscal, com o impacto do ciclo de alta da Selic. "Isto reforça a importância de manter uma diversificação global na carteira."