- Conforme levantamento da Economática, o ouro teve rendimento de 49,19% em 2020, deixando para trás o euro (34,69%), dólar (23,36%), Ibovespa (-1,53%), CDI (-1,68%) e a poupança (-2,30%)
- O metal precioso é sempre visto como um investimento seguro porque, dada a sua escassez, ele tende a se valorizar em períodos conturbados de crise, como o da pandemia de covid-19, iniciada no passado e sem previsão de desfecho
- Outro fator que tende a manter o metal bem valorizado é o baixo patamar da taxa de juros, que derrubou a rentabilidade de investimentos mais conservadores, como a renda fixa, considera Felipe Cunha, gestor de recursos da Órama
Em 2020, o ouro conseguiu trazer excelente retorno para os investidores. Em 2021, a tendência permanece a mesma, ao menos no curto prazo, segundo especialistas ouvidos pelo E-Investidor.
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O metal precioso conseguiu rentabilidade acima do Ibovespa+0,43%, principal índice da bolsa brasileira, e do dólar no último ano. Segundo levantamento da Economática, o ouro rendeu 49,19% em 2020, deixando para trás o euro (34,69%), dólar (23,36%), Ibovespa (-1,53%), CDI (-1,68%) e a poupança (-2,30%).
O metal precioso é sempre visto como um investimento seguro porque, dada a sua escassez, ele tende a se valorizar em períodos conturbados de crise, como o da pandemia de covid-19, iniciada no ano passado e sem previsão de desfecho.
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“A curto prazo, a tendência é que o mercado mantenha esse patamar forte e até com viés de alta”, avalia Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, que projeta um otimismo no mercado em pelo menos seis meses, caso haja um avanço considerável na vacinação das pessoas. “Isso faz com que os investidores arrisquem mais seu capital, saindo de uma aplicação mais segura, como o ouro, e aplicando em outras que têm mais risco, de ganhar ou perder, como ações”, completa.
Outro fator que tende a manter o ouro bem valorizado é o baixo patamar da taxa de juros, que derrubou a rentabilidade de investimentos mais conservadores, como a renda fixa, considera Felipe Cunha, gestor de recursos da Órama.
Além disso, o especialista também reforça o impacto da pandemia na geração de incertezas no mundo, o que beneficia também a cotação do ouro.
“Desafios na distribuição das vacinas vão manter os cenários bastante incertos, o que favorece o metal, visto como um porto seguro, principalmente para investidor de bolsa. Não imagino que tenha algum pilar relevante que faça com que o ouro caia nos próximos meses. Para 2021, ele deve manter o patamar elevado”, analisa Cunha.
Quais as vantagens de investir em ouro?
Em geral, a grande vantagem de investir em ouro é a garantia de proteção da carteira.
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“O ouro consiste em reserva de valor durável. Isso não muda. E é um ativo que serve também como hedge cambial. Como o mercado acompanha o valor da onça-troy (EUA), para trazer esse preço a real, tem que convertê-la, primeiro, para grama e depois multiplicar pela cotação do dólar”, explica Marcelo Boneri, gerente da mesa de futuros da Ágora Investimentos.
Como a moeda norte-americana-0,23% é muito volátil, ela acaba dando o tom da cotação do ouro, que no curto prazo tende a ser de muita oscilação, considerando o cenário interno e externo.
A quantidade do ouro nas carteiras não segue um protocolo. Mas, para Cavalcante, o investidor deve ter ao menos 15% de ouro como um porto seguro do capital.
“Temos um mundo global econômico e político muito conturbado, então indico sempre que se tenha no mínimo 15% da carteira de investimento aplicada na commodity ouro, independentemente do que pode acontecer”, diz o diretor de câmbio da Ourominas.
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Cunha, da Órama, tem um referencial menor, de 5% a 10% do portfólio, mas que deve ser sempre constante. A dica do gestor de recursos é evitar apostar no melhor momento para a compra, e fazer a aplicação de forma parcelada.
“O ouro é um metal muito volátil e isso dificulta prever o seu preço. O ideal é não tentar achar o melhor momento de compra, porque dificilmente o investidor vai pegar a cotação mais baixa ou vender na mais alta. Para evitar esse tipo de risco, é manter entre 5% e 10% da carteira, e quando for iniciar essas alocações, fazer de forma paulatina, e não entrar em um dia só”, aconselha Cunha.
Como investir em ouro no Brasil?
Existem algumas formas de se investir em ouro, como contratos na bolsa, fundos de investimentos e o próprio metal em barra. A escolha entre as opções deve considerar fatores como a disponibilidade de capital do investidor e a liquidez da aplicação.
Na bolsa, o contrato mais líquido, sob o código OZ1D, refere-se a 250 gramas de ouro e o preço é mais salgado. Há também outros dois contratos, OZ2D e OZ3D, que equivalem a porções menores de ouro, 10 gramas e 0,225 gramas, respectivamente.
Os especialistas, contudo, alertam que esses contratos não têm liquidez, porque não há grande demanda no mercado por eles. Logo, em um momento de necessidade, o investidor poderá ter prejuízo ao vender por menos do que investiu.
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Agora, uma opção mais acessível e mais simples, sobretudo para quem está começando a investir, são os fundos de investimento em ouro. A Órama, por exemplo, possui uma opção multimercado que não tem um valor mínimo de entrada, taxa de administração de 0,60% e resgate em até quatro dias.
Segundo Cunha, em 2020, o Órama Ouro FIM teve rentabilidade de 49,34%, e nos últimos 24 meses, de 87,70%. Em 2021, até janeiro, o retorno do fundo foi 2,76%.
“O investimento em fundo de ouro é indicado principalmente para quem está começando a montar portfólio, ou para quem tem um patrimônio menor. Se for operar na B3, o custo do contrato mínimo, com liquidez, não é viável para a maioria dos brasileiros”, observa Cunha. “Pensamos em facilitar a diversificação para todo tipo de investidores. A partir de um centavo já é possível investir”, afirma.
Outra alternativa de investimento é comprar o ouro em barra, no mercado de balcão. Neste caso, é preciso ter atenção à segurança, responsabilidade de quem está adquirindo o metal. Além disso, é imprescindível conferir se a corretora é autorizada pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
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