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Muito além do varejo: como os analistas avaliam a nova Via (VVAR3)

Com foco no digital, a Via Varejo muda de nome e posicionamento. Veja o que esperar

Muito além do varejo: como os analistas avaliam a nova Via (VVAR3)
O CEO da Via Varejo. Roberto Fulcherberger, em uma unidade das Casas Bahia de São Caetano do Sul, em 2019. (JF Diorio/ Estadão Conteúdo)
  • Desde a segunda-feira (26), a Via Varejo se tornou apenas ‘Via’. A companhia pretende seguir uma estratégia mais ampla e se tornar a principal via de compras dos brasileiros, como o próprio nome sugere
  • Na sexta-feira (23), outra marca que pertence à Via também anunciou mudanças no posicionamento. A septuagenária Pontofrio virou ‘Ponto’

Uma das principais caras do e-commerce na Bolsa deixou o varejo para trás para alçar voos maiores: a partir da última segunda-feira (26), a Via Varejo se tornou apenas ‘Via’ (VVAR3). A companhia anunciou que pretende seguir uma estratégia mais ampla e se tornar a principal via de compras dos brasileiros, como o próprio nome sugere.

“Os resultados da companhia, apresentados ao mercado em março, mostram que a Via não é mais uma empresa de varejo. Que já está indo além”, afirmou a companhia, em comunicado. “No último ano, a empresa se reinventou, rompeu e unificou as barreiras físicas e digitais das lojas, sites e aplicativos, também se associou a startups que deram ainda mais velocidade ao sistema logístico e tecnológico, rejuvenesceu a marca Casas Bahia e mudou todo a plataforma de marketplace.”

Na sexta-feira (23), outra marca que pertence à Via também anunciou mudanças no posicionamento. A septuagenária Pontofrio virou ‘Ponto’. “Demos um grande salto. A marca ficou mais jovem, moderna e inovadora. E também trouxe mais protagonismo a uma personalidade descontraída, divertida, bem-humorada e focada no digital”, afirma Ilca Sierra, diretora de marketing e marca da Via Varejo.

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A alteração de rota da companhia veio atrelado ao anúncio de metas para 2025. A primeira delas é aumentar em duas vezes a base de clientes, de 22 milhões para 44 milhões, além de conseguir uma fatia de 20% do mercado de e-commerce brasileiro.

Preços atrativos, metas agressivas

A reestruturação já era trabalhada há algum tempo e está no preço dos papéis, que chegaram a subir após o anúncio das novidades, mas cederam ao longo da sessão da segunda-feira (26). As ações terminaram o dia em baixa de 2,06%, cotadas a R$ 12,85.

“Esse é um movimento interno que vem desde meados de 2019. Percebemos que a principal bandeira era de focar no digital, uma vez que existia um espaço muito grande refletido no valor de mercado entre a então Via Varejo e sua principal concorrente, Magazine Luiza (MGLU3)”, afirma Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

A pandemia acelerou esse processo, que teve que direcionar ainda mais esforços para o digital. “A Via Varejo teve que se reinventar. Aliás, o mercado foi se reinventando e agora veio a nova marca. Mas é algo que o mercado já esperava e vinha acompanhando”, afirma Carvalo. “A questão de ir muito além do varejo é poder entrar em outros segmentos, de tecnologia e pagamentos, por exemplo.”

Essa diversificação de segmentos ficou clara no último domingo (25). Em comunicado, a Via anunciou a compra da Celer, empresa de pagamentos, que oferece o serviço de Bank-as-a-Service (BaaS). Por meio dessa tecnologia, é possível que fintechs disponibilizem contas digitais completas aos clientes.

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“Precisamos acompanhar de perto essas projeções futuras para 2025”, diz Carvalho. “A nossa visão para a Via é que ela está muito barata, atrativa e mantemos nosso preço-alvo de R$ 29, com recomendação de compra. Entendemos que a transformação da Via aconteceu de forma muito importante.”

O preço-alvo de R$ 29 representa um potencial de valorização de 125% em relação ao preço do fechamento de segunda-feira (26). É importante lembrar que a empresa já acumula um salto de 100% nos últimos 12 meses. Para a Ágora Investimentos, entretanto, as novas metas apresentadas pela Via são bastante agressivas.

“Ele pressupõe um mercado de comércio eletrônico de R$ 500 bilhões em 2025, enquanto nossa previsão está próxima de R$ 350 bilhões. A Via tem como meta R$ 100 bilhões de Gross Merchandise Volume (GMV) de vendas de comércio eletrônico até 2025, contra a nossa estimativa de R$ 40 bilhõe”, afirmam Richard Cathcart e Flavia Meireles, em relatório.

Na visão dos analistas da Ágora, as melhores apostas do setor estão em nichos menores, como a Enjoei (ENJU3) e a Mobly (MBLY3). “Achamos que a orientação é negativa para os outros grandes nomes do comércio eletrônico, Mercadolibre, Magalu e B2W”, dizem Cathcart e Meireles. “Se a Via quiser atingir sua meta de GMV, acreditamos que a concorrência ficará muito mais agressiva.”

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