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E-commerce tem maior alta em 20 anos. Veja as empresas que se destacaram no semestre

Varejistas de marketplaces responderam por 78% do faturamento total do semestre

E-commerce tem maior alta em 20 anos. Veja as empresas que se destacaram no semestre
Foto: Pixabay
  • O resultado foi impulsionado pelo salto de 39% no número de pedidos em um ano
  • As vendas também cresceram 47% no mesmo período
  • Segundo especialistas, empresas do segmento tiveram resultados bastante acima do esperado. Destaque para Magazine Luiza, Via Varejo e B2W

Já é consenso que a pandemia mudou os hábitos da população e acelerou a necessidade por tecnologia. Fazer compras on-line, por exemplo, se tornou uma maneira de driblar as aglomerações nos mercados e se proteger do coronavírus. Esse cenário fica evidente quando observamos os números do e-commerce brasileiro, que viu o seu faturamento crescer 47% no primeiro semestre de 2020 – maior alta em 20 anos.

Os dados fazem parte da 42ª edição do Webshoppers, relatório sobre o setor elaborado pela Ebit|Nielsen em parceria com a Elo. De acordo com o estudo, o resultado foi impulsionado pelo salto de 39% no número de pedidos, para 90,8 milhões, na comparação com o mesmo período do ano passado. O aumento de 47% nas vendas, para R$ 38,8 bilhões, também contribui para a boa fase.

De acordo com Julia Avila, líder da Ebit|Nielsen, a preferência pelo comércio eletrônico veio para ficar. “A cada semestre, o volume de pedidos e o faturamento cresce”, diz. “Quase 94% dos consumidores relatam a intenção de comprar alguma coisa on-line nos próximos três meses”, diz.

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O relatório também mostra que o Brasil tem hoje 41 milhões de usuários adeptos ao comércio eletrônico, o que corresponde a uma expansão de 40% em relação ao 1º semestre do ano passado. Desses, 7,3 milhões fizeram compras pela internet pela primeira vez.

Empresas ligadas ao e-commerce foram mais resilientes

A migração para o e-commerce favoreceu quem já tinha forte presença digital. Segundo Flávia Meireles, analista de research da Ágora Investimentos, embora negativos, os resultados das empresas do segmento vieram acima do esperado.

“Magazine Luiza, B2W, Lojas Americanas e Via Varejo surpreenderam muito, principalmente no segundo trimestre”, declara. “A pandemia teve um impacto positivo nessas empresas”, afirma. A especialista ressalta o aumento de indicadores como o MAU (usuários ativos no mês das plataformas on-line) e GNV (volume bruto de mercadorias), que também registraram um grande salto no período.

Na segunda-feira (17), a Magazine Luiza (MGLU3) anunciou prejuízo líquido de R$ 64,5 milhões no segundo trimestre de 2020, um resultado bem melhor do que o esperado pelo mercado devido ao fechamento de lojas físicas. Por outro lado, a empresa teve a maior geração de caixa trimestral da história, com fluxo ajustado pelos recebíveis em R$ 2,2 bilhões.

“Em abril, as vendas foram bastante impactadas pelas lojas fechadas na maior do tempo. Em maio, com a aceleração do e-commerce e a reabertura gradual das lojas, o resultado já foi próximo do breakeven. Em junho, essa tendência se acentuou e a companhia obteve lucro líquido de R$ 93 milhões”, afirma a companhia, no balanço.

Já a B2W Digital (BTOW3) reportou prejuízo de R$ 74,6 milhões no período, menor do que o registrado no segundo trimestre de 2019, de R$ 127,6 milhões. Os clientes ativos da companhia atingiram a marca de 19,3 milhões, um acréscimo de 5,3 milhões em três meses. A Via Varejo (VVAR3) registrou lucro de R$ 65 milhões e as Lojas Americanas (LAME4) prejuízo líquido de R$ 7,1 milhões.

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Entre essas empresas, a Ágora Investimentos tem recomendação de compra para VVAR3, negociada a R$ 20,71, e LAME4, cotado a R$ 32,49. “São os papéis que vemos que estão mais descontados”, diz Meireles. “B2W e Magazine Luiza temos recomendação neutra, porque acreditamos que o preço já está esticado. Mesmo assim, ambas são empresas que gostamos e devem continuar surpreendendo.”

Na visão de Gustavo Bertoti, economista da Messem Investimentos, o e-commerce já está em uma trajetória de crescimento forte nos últimos cinco anos e as empresas que ainda não têm presença no digital, vão ter que buscar essa integração. “Para uma loja ter um espaço físico tem toda a questão de custo fixo e variável, mão de obra e logística”, explica. “As empresas já estavam nesse processo de adaptação ao e-commerce, entre elas, a Magazine Luiza, a mais preparada.”

O que o especialista diz vai de encontro com o registrado na pesquisa da Ebit|Nielsen, uma vez que as varejistas de marketplaces (que atuam somente on-line) tiveram participação de 78% no faturamento total do e-commerce no Brasil, o que corresponde a R$ 30 bilhões. Na outra ponta, os Bricks and Clicks (que possuem tanto lojas físicas quanto digitais) tiveram crescimento de 61% no faturamento no primeiro semestre de 2020.

Redução do IPI beneficiaria segmento

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Governo planejava reduzir o imposto sobre produtos industrializados (IPI) que incide sobre a linha branca, ou seja, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, como geladeiras e fogões.

Para os especialistas consultados pelo E-Investidor, esse é mais um passo que pode beneficiar as empresas de e-commerce. “Todo o comércio eletrônico seria beneficiado por esse desconto, já que muitas empresas trabalham com esses produtos”, afirma Bertoti, da Messem.

Já para Meireles, a redução do imposto é benéfico, mas a diversificação de produtos é o grande destaque para as empresas desse segmento. “Essa categoria de linha branca já é muito saturada”, diz. “As empresas estão crescendo justamente por entrarem em outras categorias, como maquiagem, higiene e produtos esportivos.”

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