Mercado

Ibovespa pode chegar aos 130 mil pontos em 2023? Veja as análises

Especialistas divergem sobre movimento futuro do índice; expectativas variam de 100 a 150 mil pontos

Ibovespa pode chegar aos 130 mil pontos em 2023? Veja as análises
O Ibovespa encerrou o mês de novembro com uma queda de 3,06% aos 112.486,01. (Foto: Envato Elements)
  • Analistas entrevistados pelo E-Investidor apontaram suas expectativas sobre haver chances ou não do Ibovespa retomar o mesmo patamar de 130 mil pontos
  • Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, acredita que em um cenário otimista o Ibovespa deve recuperar fôlego
  • Já a equipe de analistas da Guide, por sua vez, acredita que até o fim de 2023 o benchmark deve bater na casa dos 150 mil

Com o avanço da pandemia, a partir de março de 2020, os bancos centrais mundiais tiveram que reduzir os juros para tentar aliviar o orçamento. O Banco Central do Brasil (BC), por exemplo, encostou a taxa Selic em mínimas históricas (2%), o que deu gás para que a renda variável se tornasse mais atrativa do que a renda fixa.

Com isso, o Ibovespa chegou a alcançar os 130 mil pontos, em 4 de junho de 2021. Na data, os investidores repercutiram os dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos. Relembre como foi o desempenho do benchmark desde 2020:

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Porém, com a alta inflacionária puxada principalmente pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o principal índice da B3 devolveu todos os seus ganhos, e hoje opera por volta dos 103 mil pontos - uma queda de 20,76%, desde o pico dos últimos dois anos.

Além disso, o BC precisou subir os juros aos dois dígitos - hoje está a 13,75%a. a., para também tentar controlar a alta generalizada dos preços. Dessa forma, especialistas entrevistados pelo E-Investidor apontaram suas expectativas sobre haver chances ou não do Ibovespa retomar o mesmo patamar de 130 mil pontos.

Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, acredita que em um cenário otimista, isso pode acontecer. No entanto, as questões econômicas do próximo governo trouxeram incertezas fiscais muito grandes, “o que deve fazer a Bolsa patinar ao longo do [próximo] ano; e isso deve impactar negativamente a performance do mercado brasileiro”.

Ou seja, o especialista acredita que o índice deve testar os 100 mil pontos nos próximo meses.  A última vez que o benchmark chegou neste patamar foi em julho deste ano.

Já Eduardo Grübler, gestor de renda variável da Warren, aposta que o patamar de 130 mil pontos pode ser alcançado. Ele explica que quando comparado o mercado brasileiro com outros países emergentes, “nossa situação é positiva, com menos volatilidade nas projeções de inflação e PIB. Além de uma capacidade exportadora diferenciada”.

Publicidade

Segundo as projeções do Boletim Focus da última segunda-feira (12), o IPCA pode cair para 5,08% em 2023, enquanto o PIB pode ter uma expansão de 0,75% no próximo ano.

“Além disso, como nossa Bolsa é particularmente cíclica, precisamos de momentos positivos para iniciarmos um período de grande apreciação dos ativos. E, como os preços das commodities estão em altas históricas, podemos imaginar uma reprecificação da renda variável [em breve]”, afirmou também.

A carteira do Ibovespa é composta por quase 40% de empresas que trabalham com matérias-primas, principalmente o minério de ferro e o petróleo. A primeira commodity valorizou nos últimos meses por conta da reabertura econômica na China, enquanto a segunda teve uma alta de preços devido à guerra no Leste Europeu.

A equipe de analistas da Guide, por sua vez, acredita que até o fim de 2023 o benchmark deve ultrapassar os 130 mil pontos e pode bater na casa dos 150 mil. Isso porque o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou que haverá o fim do ciclo da alta de juros - veja o que o mercado espera da Selic no próximo ano - e as empresas podem apresentar um crescimento no lucro.

As companhias devem apresentar bons números no próximo ano já que a economia brasileira está crescendo - o PIB avançou 0,4% no 3º trimestre contra o 2º tri e 3,6% se comparado anualmente, de acordo com o IBGE -. Outro fator que impulsiona o balanço, segundo a Guide, é que com os juros em queda, as despesas financeiras ficam menores. O que favorece o caixa das companhias e, consequentemente, o pagamento de dividendos.

Pontos no radar

Apesar de serem expectativas, é difícil para o investidor de varejo que não acompanha assiduamente o mercado saber o que pode acontecer com o índice. Assim, Luiz Adriano Martinez, gestor de portfólio da Kilima Asset, explicou quais aspectos o mercado deve ter no radar para saber sobre o futuro do benchmark.

Publicidade

Primeiro ele recomenda que se divida a Bolsa de duas formas: 'ações exportadoras' e 'ações relacionadas ao mercado interno'. No primeiro segmento estão inclusos papéis de companhias que operam com matérias-primas e frigoríficos. Já no segundo segmento estão empresas que dependem da econômica brasileira, como as varejistas ou as empresas de tecnologia.

Martinez diz que como as exportadoras dependem principalmente da economia chinesa, “e como o país apresentou uma flexibilização das medidas contra a Covid-19 nas últimas semanas, o setor pode ser impactado positivamente [o que pode valorizar o Ibovespa no próximo ano]”.

De tudo o que a Vale produz, por exemplo, 85% é destinado à China. Ou seja, se o país voltar a consumir, a mineradora tende a se valorizar; e por ter uma participação de 20,6% no Ibovepsa, pode impulsionar o índice para cima - entenda o porquê da companhia ser sempre a mais indicada em carteiras recomendadas.

Já as companhias de consumo discricionário, que fazem parte da segunda classificação na divisão do especialista, tem um futuro mais incerto. Dado o fato de que o novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), anunciou Fernando Haddad (PT) como ministro da Economia, o que não agradou todo o mercado.

Outro ponto que também impacta o cenário fiscal é a tentativa de aprovar a PEC da Transição. O texto aprovado pelo Senado amplia em R$ 145 bilhões, por dois anos, o teto de gastos e retira R$ 23 bilhões da regra fiscal em receitas extraordinárias que seriam destinadas para investimentos. O projeto pode ser votado até a próxima terça-feira (21) no plenário da Câmara dos Deputados.

Publicidade

Ou seja, na prática, o acionista precisa estar atento às políticas de Covid-zero asiática e sobre quais ações o próximo governo tomará quanto as questões fiscais para entender para onde o Ibovespa pode se mover. Veja nesta matéria o que os especialistas esperam quanto ao benchmark em dezembro deste ano.

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos