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Jornais financeiros de todo o mundo repercutem a invasão em Brasília

De veículos europeus a asiáticos, atos golpistas receberam destaque na imprensa que cobre o mercado financeiro

Jornais financeiros de todo o mundo repercutem a invasão em Brasília
Veja abaixo como os principais jornais econômicos pelo mundo repercutiram a invasão histórica dos manifestantes golpistas ontem (fonte: Pixabay)
  • O jornal britânico The Times publicou duas grandes matérias sobre o ataque
  • O Nikkei Asia, do Japão, afirmou que a invasão representa um problema imediato para Lula
  • O Liberátion, da França, comparou os atos em Brasília à invasão do Capitólio, nos EUA, em 2021

Grande parte do mundo ficou com os olhos vidrados no noticiário brasileiro no último domingo (8) por conta dos manifestantes antidemocráticos e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que invadiram o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso e o Palácio do Planalto.

O jornal britânico The Times publicou duas grandes matérias sobre o ataque. A primeira é composta por 23 fotografias que narram como começou a invasão até a retomada dos órgãos públicos pela polícia. A segunda explica o ocorrido e quantos manifestantes foram presas – um vídeo que acompanha as matérias mostra como os policiais prenderam mais de 300 pessoas envolvidas nos atos golpistas.

O também britânico Financial Times publicou o podcast News Briefing em que coloca sons de manifestantes invadindo o palácio e explica como ocorreu o ato. O jornalista correspondente do veículo no Brasil, Michael Pooler, diz que “os partidários linha-dura da ala mais populista basicamente não aceitaram a derrota dele (Jair Bolsonaro) e a vitória do Lula”. “Dessa forma, entenderam que deveriam protestar. E o que aconteceu foi que acabaram invadindo as três instituições do Poder no Brasil: o Congresso, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, que acabaram sendo roubados”.

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O episódio brasileiro foi comparado à invasão do Capitólio em Washington em 2021.”Porém, no Brasil, eu diria que isso foi muito mais um ataque simbólico às instituições de Poder. Ao contrário dos Estados Unidos, onde os manifestantes estavam tentando bloquear a certificação do presidente Biden”, afirma.

O site MarketWatch também publicou duas notícias, cujos títulos são: Manifestantes pró-Bolsonaro invadem prédios do governo na capital do Brasil; centenas de presos e Autoridades brasileiras buscam identificar e punir manifestantes pró-Bolsonaro que invadiram prédio do governo.

Na primeira matéria, eles informam que apoiadores do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, que se recusam a aceitar sua derrota eleitoral, invadiram o Congresso, o STF e o palácio presidencial no domingo, uma semana após a posse de seu rival de esquerda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na segunda, a reportagem afirma que as autoridades brasileiras estavam juntando peças e investigando quem eram os apoiadores das manifestações. O texto também relembra que as pessoas vestindo o verde e amarelo da bandeira nacional quebraram janelas, derrubaram móveis, jogaram computadores e impressoras no chão.

“Eles perfuraram uma enorme pintura de Emiliano Di Cavalcanti em cinco lugares, derrubaram a mesa em forma de U na qual os juízes da Suprema Corte se reúnem, arrancaram a porta do escritório de um juiz e vandalizaram uma estátua icônica do lado de fora do tribuna”, diz o texto.

Problema imediato

O Nikkei Asia, do Japão, republicou a matéria divulgada pela agência de notícias Reuters. Ao longo do texto, eles informam que o presidente Lula, que derrotou Bolsonaro na eleição “mais tensa em uma geração” no ano passado, anunciou uma intervenção de segurança federal em Brasília que vai durar até 31 de janeiro depois que as forças de segurança da capital foram inicialmente dominadas pelos invasores.

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“Em entrevista coletiva, Lula culpou Bolsonaro e reclamou da falta de segurança na capital, dizendo que as autoridades permitiram que ‘fascistas’ e ‘fanáticos’ causassem estragos”, consta no texto do periódico japonês.

Ao longo da matéria também está escrito que “a invasão representa um problema imediato para Lula, que tomou posse apenas em 1º de janeiro e prometeu unir uma nação dilacerada pelo populismo nacionalista de Bolsonaro”, afirma a matéria do jornal. “Não houve nenhuma palavra imediata de Bolsonaro, que mal falou em público desde que perdeu a eleição. Ele deixou o Brasil rumo à Flórida 48 horas antes do fim do mandato e faltou à posse de Lula”, completa o texto.

 

Print do site em 9 de janeiro de 2023

 

O portal britânico The Guardian, por sua vez, publicou uma matéria em vídeo, com cenas da TV Globo, em que informa sobre o atual presidente visitar a região de Brasília para avaliar o impacto da invasão. Além disso, publicou um trecho da entrevista do ministro da Justiça, Flávio Dino, sobre adotar “mais providências visando o reforço da capital da República”. Por fim, a notícia mostra ônibus policiais levando manifestantes presos.

O veículo Liberátion, da França, publicou uma coluna de análise cujo título é: “Brasil: com o assalto ao poder, o bolsonarismo deu um tiro no próprio pé (em tradução livre)”. Ao longo do texto, o artigo escrito por Chantal Rayes, correspondente do jornal em São Paulo, afirma que “O temido remake tropical do assalto ao Capitólio, proferido em 6 de janeiro de 2021 em Washington por partidários de Donald Trump, finalmente aconteceu [no Brasil]”.

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A matéria também explica que a diferença entre as duas manifestações é que a de ontem não teve mortos, apenas depredação de objetos públicos. Nos Estados Unidos, à época, quatro pessoas morreram, 52 foram presas e 14 policiais ficaram feridos durante os atos violentos.

O que aconteceu

Por cerca de cinco horas, danos foram causados, como cadeiras dos ministros retiradas do prédio, sistema de contenção de incêndio acionado, vidraças quebradas, gabinetes invadidos e móveis e obras de arte depredados. O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, mostrou nas redes sociais como ficou a sala do Partidos dos Trabalhadores, na Câmara.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), afirmou que mais de 400 pessoas foram presas pelos atos. E, segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, metade em flagrante.

O Estadão mostrou no sábado que relatórios de inteligência em poder do governo federal indicavam que 100 ônibus com 3.900 pessoas chegariam em Brasília com disposição de retomar protestos de rua contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ato, segundo especialistas entrevistados pelo E-Investidor, foram surpreendentes e sem precedentes na história do País. Leandro Lacerda, coordenador acadêmico das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), afirmou que desde que Brasília se tornou a capital do Brasil, em 1960, apenas outras três manifestações políticas chegaram à Praça dos Três Poderes e somente uma havia invadido prédios das instituições públicas.

  • Em 1966, o Congresso Nacional foi atacado por forças militares do governo, lideradas pelo então coronel Meira Mattos. Após a invasão, as atividades do Congresso ficaram suspensas até 22 de novembro daquele ano;
  • Em 2013, manifestantes invadiram a cobertura do Congresso Nacional para protestar contra os gastos com a Copa do Mundo e as Olimpíadas e em solidariedade aos manifestantes de São Paulo que se rebelaram contra o reajuste de tarifas do transporte público;
  • Em 2017, sindicalistas do setor de segurança pública tentaram invadir o Congresso em protesto contra a reforma da Previdência proposta pelo governo Michel Temer. A polícia conteve os manifestantes antes da invasão ao edifício.

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