- Levantamento feito pela Beetch, mostra que, independentemente do resultado das urnas, o dólar tende a subir nos primeiros 100 dias de um novo Governo americano
- No longo prazo, no entanto, há diferenciações. Sob Biden, a reação esperada é que o dólar enfraqueça perante as demais moedas. Contudo, o real também deve se desvalorizar, devido às incertezas de uma eventual eleição do candidato democrata
- Já com a manutenção do ‘status quo’, em uma vitória de Trump, a taxa de câmbio deve se manter estável no longo prazo. A razão é que o republicano prioriza totalmente a economia, além de ter apoio do Senado
A eleição americana é um evento que gera muitas incertezas nos mercados mundiais, principalmente quando a corrida eleitoral tem margens apertadas. Isso acontece porque, dependendo do resultado, as políticas econômicas da maior economia do mundo podem mudar de direção e impactar países emergentes e desenvolvidos.
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Nessa nuvem de dúvidas, uma certeza é que o dólar tende a subir nos primeiros 100 dias do novo Governo, seja de Joe Biden ou Donald Trump. Essa conclusão foi apontada por um estudo realizado pela Beetech. Em 40 anos, a única vez que a moeda norte-americana perdeu força no pós-definição de eleições foi em 2004, quando George W. Bush se tornou presidente dos Estados Unidos pela segunda vez.
Nos demais casos, independentemente se foram eleitos candidatos democratas ou republicanos, o dólar se fortaleceu no curto prazo. Quando o assunto é longo prazo, porém, existem diferenças no comportamento estimado da moeda , de acordo com o resultado das urnas.
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Sob Biden, a reação esperada é que o dólar se enfraqueça perante as demais moedas fortes. Contudo, o real também deve se desvalorizar, devido às incertezas da eventual eleição do candidato democrata. “O Biden traz inseguranças em relação à parte fiscal. E essa insegurança no mercado doméstico faz a nossa moeda se desvalorizar também”, afirma Alexandre Liuzzi, economista e cofundador da Remessa Online.
Todos os questionamentos em relação ao risco fiscal são reflexos das propostas do democrata, que incluem mais políticas sociais, raciais e ambientais, como o salário mínimo, que pode aumentar custos para a indústria. Caso vença, Biden pode estar menos inclinado a estabelecer acordos comerciais com o Brasil.
Já no cenário de manutenção do ‘status quo’, com a vitória de Trump, a taxa de câmbio deve se manter estável no longo prazo. A razão é que o republicano prioriza totalmente a economia, além de ter apoio do Senado. “É possível que fique mais favorável para o real, mas bem marginalmente”, diz Liuzzi.
Alguns impactos relacionados à reeleição de Donald Trump seriam o prolongamento da guerra comercial com a China – o que pode favorecer importações de outros países -, implementação de tarifas sob importação, que podem recair até mesmo sobre aliados, além da maior dificuldade para trabalhar e viver nos EUA. Na outra ponta, a indústria também pode ser alvo de investimentos e o mercado acionário viveria maior expansão.
Eleições municipais no Brasil também têm impacto
As eleições municipais no País funcionam como um termômetro para 2022. Nos cenários traçados pelo estudo, uma vitória de candidatos pró-governo nas principais capitais brasileiras (definidas como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, pelo relatório) pode trazer mais estabilidade para a taxa de câmbio, já que o cenário estaria mais ‘previsível’.
“A principal questão nas eleições locais é governabilidade: o crescimento de oposição enfraquece o governo atual, o que resulta em menor governabilidade e mais incertezas em relação às próximas eleições”, diz Liuzzi. Por outro lado, a vitória dos candidatos pró-Governo também resultaria em maior risco econômico, pelo fato de terem maior liberdade para flexibilizar gastos no orçamento.
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E o contrário aconteceria com a eleição de candidatos da oposição, não apoiados por Bolsonaro: da mesma forma que a vitória poderia trazer maior incerteza política e queda do real frente o dólar, haveria menor risco econômico. “Qualquer mudança para uma política econômica incerta traz mais volatilidade para o câmbio”, diz o especialista.
No último levantamento do Ibope, feito no dia 30 de outubro, o candidato Bruno Covas (PSDB) liderava a corrida pela prefeitura de São Paulo, com 26% das intenções de voto. O psdebista entraria no cenário de ‘não apoiados pelo Governo’. Já o segundo lugar na capital paulista estava com Celso Russomano (Republicanos), apoiado por Bolsonaro, com 20% das intenções.
No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), liderava com 32% da preferência. Em Belo Horizonte o candidato Alexandre Kalil (PSD) segue na frente, com 63% dos votos. Paes é simpatizante do Governo Bolsonaro, enquanto Kalil discorda do presidente em relação ao enfrentamento à Covid-19.