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O que tem de verdade sobre a ida de Weintraub para o Banco Mundial

Ex-ministro foi indicado pelo governo para assumir um cargo no organismo internacional, em Washington

O que tem de verdade sobre a ida de Weintraub para o Banco Mundial
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O que este conteúdo fez por você?
  • Mesmo ofuscado pela prisão de Fabrício Queiroz, o ex-ministro provocou novos ruídos no meio político, principalmente com o anúncio de que irá ocupar uma cadeira de diretor-executivo no Banco Mundial
  • O presidente da Câmara dos Deputados, por exemplo, ironizou o fato ao afirmar que o Banco Votorantim “quebrou” quando Weintraub era economista do banco
  • Fontes avaliaram que a escolha de colocar no cargo uma pessoa que já deu declarações contrárias ao multilateralismo pode fazer do Brasil “piada internacional”

Após uma gestão polêmica à frente do Ministério da Educação (Mec), Abram Weintraub foi demitido da pasta na quarta-feira (17). Ainda que tenha sido ofuscado pela prisão de Fabrício Queiroz, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (Sem Partido) provocou novos ruídos no meio político, principalmente com o anúncio de que irá ocupar uma cadeira de diretor-executivo no Banco Mundial.

A indicação causou surpresa e muito se falou desde então. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo, ironizou o fato ao afirmar que o Banco Votorantim “quebrou” quando Weintraub era economista do banco. Também houve repercussão quanto a um novo supersalário e o risco do Brasil virar “piada internacional”, caso o nome de ex-ministro seja aceito para o cargo.

O E-investidor explica o que tem ou não de verdade nessas novas polêmicas.

Banco Votorantim quebrou quando Weintraub era economista?

Não. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), errou ao afirmar que o Banco Votorantim, quebrou em 2009, ano em que Weintraub trabalhava na instituição financeira. Na verdade, naquele ano, o Banco do Brasil comprou 50% do Banco Votorantim, que era o terceiro maior banco privado e sétimo maior em ativos do País.

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Maia, em coletiva de imprensa, ironizou a indicação: “Não sabem que ele (Weintraub) trabalhou no Banco Votorantim, que quebrou em 2009. Ele era um dos economistas do banco”.

O banco, porém, nunca fechou. A compra pelo BB se deu em um período que o banco sofria com efeitos da crise mundial de 2008. Em 2019, assumiu a marca BV, e continua pertencendo ao Banco do Brasil e ao Grupo Votorantim, e se diz o quinto maior banco privado atualmente no Brasil.

Qual era a relação de Weintraub com o Banco Votorantim?

O E-investidor tentou confirmar o histórico de Abraham na instituição financeira, mas o BV se limitou a dizer que não comenta a respeito de ex-colaboradores.

No Twitter, o ex-ministro afirmou ter trabalhado por 18 anos no Votorantim, entre 1994 e 2012. No Linkedin, Abraham também se apresenta como ex-diretor da Corretora Broker Dealer, do mesmo banco, entre 2004 e 2012.

Weintraub foi demitido em decisão unânime do conselho administrativo do Banco Votorantim, conforme ata de reunião de 12 de agosto de 2012. O motivo da demissão, contudo, não é mencionado no documento.

Por que o Brasil correria risco de se tornar piada entre outros países?

Fontes ouvidas pelo Estadão avaliaram que a escolha de colocar no cargo uma pessoa que já deu declarações contrárias ao multilateralismo pode fazer do Brasil “piada internacional”. Vale lembrar que o País já teve outros representantes no organismo internacional: Pedro Malan, Murilo Portugal e Otaviano Canuto.

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Um ex-integrante do alto escalão do Banco Mundial falou sob anonimato que, na diretoria, Weintraub terá que se adaptar ao código de ética do organismo, que proíbe declarações sobre a política dos países membros. Desse modo, não seriam permitidas, por exemplo, publicações polêmicas em redes sociais, como a que Weintraub fez ao ironizar os chineses e a pandemia do coronavírus.

Weintraub deve assumir o cargo no Banco Mundial?

Ainda que a indicação tenha que ser aprovada por outros países, a avaliação é de que será apenas uma formalidade, e, portanto, não haveria chances de a indicação ser rejeitada, uma vez que o Brasil tem mais de 50% de poder de voto.

Segundo o Ministério da Economia, o governo brasileiro oficializou a indicação de Abraham Weintraub para a diretoria liderada pelo Brasil, a qual representa Colômbia, Equador, Trinidad e Tobago, Filipinas, Suriname, Haiti, República Dominicana e Panamá.

O Banco Mundial confirmou o recebimento da indicação feita pelo governo, mas disse que o eventual mandato de Abraham termina em outubro deste ano, quando uma nova indicação terá que ser feita.

Weintraub ganhará um supersalário no Banco Mundial?

Sim. Abraham deverá receber quase quatro vezes mais do que o ganhava enquanto ministro, se for para o Banco Mundial.

De acordo com documento do órgão, o salário de diretor-executivo da instituição foi de US$ 21.547 mensais, o que equivale a cerca de R$ 115,9 mil por mês. Como titular da pasta da Educação, o Weintraub recebia R$ 31 mil mensais.

Weintraub terá que deixar o Brasil?

Temporariamente, sim, conforme anunciou em suas redes sociais. Os motivos, contudo, são pessoais. “Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem”, escreveu o ex-ministro.

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Caso seja aprovado no Banco Mundial, Weintraub deverá se mudar para Washington, onde fica a sede do órgão nos Estados Unidos.

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