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Mercado

Por que o Ibovespa pode cair com a possível eleição de Joe Biden nos EUA

Vitória do democrata pode significar queda dos índices no curto prazo dependendo do contexto

Por que o Ibovespa pode cair com a possível eleição de Joe Biden nos EUA
Joe Biden, presidente dos EUA (Foto: HilarySwift/TheNewYorkTimes)
  • Eleição dos EUA acontece no dia 3 de novembro: os americanos vão decidir entre a permanência do atual presidente republicano Donald Trump ou a eleição do democrata Joe Biden, que está na frente nas pesquisas
  • Possível vitória de Biden pode trazer volatilidade às bolsas no curto prazo se o Senado americano for formado por maioria democrata
  • Mesmo que a conjuntura se confirme, a perspectiva ainda é positiva no longo prazo. A bolsa brasileira deve acompanhar o movimento dos mercados americanos

No dia 3 de novembro, os americanos vão às urnas para decidir entre a permanência do atual presidente Donald Trump, do Partido Republicano, ou a eleição de Joe Biden, do Partido Democrata. O candidato eleito tem o poder de afetar as bolsas de praticamente todo o mundo, inclusive a do Brasil, a B3. Afinal, Trump e Biden têm visões distintas de mundo e suas gestões também serão diferentes, o que impacta diretamente os mercados dependentes do americano, como é o brasileiro.

De acordo com pesquisa mais recente da CNN americana, o ex-vice-presidente tem 57% das intenções de votos contra 41% do atual mandatário – diferença de 16 pontos percentuais. Neste contexto, como as bolsas americanas e, consequentemente a brasileira, se comportaram se o favoritismo de Biden se confirmar?

Vale lembrar que os governos democratas são mais conhecidos por pautas populares e mais duras com as empresas, o que não agrada o mercado. O plano de governo de Biden detalha a expansão de programas sociais, como Obamacare, e o aumento de impostos, com taxação de lucros maior para empresas dos EUA no exterior.

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Segundo especialistas, a resposta para o impacto do resultado no mercado é: depende de como será formado o Senado americano. Com 100 senadores, dois para cada estado e com mandatos de seis anos, a casa é formada atualmente por maioria de oposição a Biden – 53 dos postos são ocupados por republicanos, 45 democratas e dois independentes.

O pleito desde ano colocará em disputa 35 cadeiras, sendo 23 pertencentes aos republicanos e 12 ao democratas. Ou seja, o partido majoritário na casa pode mudar para o ano que vem e isto vai determinar quanto poder Biden terá se assumir a presidência.

É importante ressaltar que o Senado representa o poder legislativo. Então, para que as propostas do ex-vice-presidente sejam aceitas com facilidade, é fundamental ter maioria na casa. Desde 1970, um governo com o Senado dividido conseguiu aprovar apenas ⅓ dos projetos enviados.

Senado de maioria democrata

O cenário será desfavorável para as bolsas se os democratas levarem a melhor na disputa legislativa. Com pouca resistência às propostas, setores  da economia podem ser afetados, criando um ambiente menos atrativo para os investidores.

Esta hipótese, no entanto, é mais improvável, pois o Senado só deve ser de maioria democrata se Biden vencer Trump por ampla vantagem, o que não deve acontecer.

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Porém, caso a possibilidade se confirme, a XP projeta que o S&P poderia cair até 2.900 pontos até o final do ano, 18% abaixo do patamar atual. “A maior parte dos setores sofreria com aumento de impostos”, diz relatório da XP.

Senado dividido

Sem ampla maioria democrata, as bolsas americanas não devem sofrer, já que as propostas de campanha de Biden terão forte resistência no Senado e, dificilmente, serão aprovadas sem mudanças que agradem o mercado.

Portanto, os projetos mais prejudiciais aos índices provavelmente serão revistos ou nem seguirão adiante. “Os governantes, quando são contestados por muito tempo, tendem a ceder. Não dá para governar batendo de frente toda hora com o Senado”, diz Aline Tavares, especialista em ações da Spiti.

Longo prazo

Mesmo que o pior cenário para o mercado se concretize, com Biden eleito e um Senado majoritariamente democrata, as perspectivas a longo prazo ainda são positivas para as bolsas. Isso porque, apesar de os republicanos serem historicamente mais pró-mercado, a eleição de um democrata não significa o fim dos tempos para as empresas.

Ainda, Biden tem como um de seus planos impulsionar empresas ligadas ao ESG, o que beneficiaria diversas companhias de capital aberto que apostam em modelos de negócios baseados em energia limpa, sustentabilidade e boas práticas de governança.

Ademais, o ex-vice-presidente também adota uma postura menos rígida com a China do que Trump, o  que pode aliviar a tensão nos mercados e ajudar os índices a subirem.

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“A tendência no longo prazo é positiva em qualquer cenário, pois os democratas não são tão ruins como se imagina. No curto, no entanto, depende de como o Senado será formado”, diz Tavares, da Split.

Como fica o Ibovespa?

No Brasil, o Ibovespa deve seguir a mesma tendência de S&P 500, Nasdaq e Dow Jones, seja qual for o resultado. “Com um Senado republicano, o status quo da B3 se mantém. Se ficar maioria democrata, vamos ter quedas”, afirma Tavares.

Além disso, apesar de Biden já ter criticado abertamente Jair Bolsonaro, presidente da República, as relações comerciais e diplomáticas entre os países são sólidas, de longa data e não devem ser afetadas de forma significativa. Por isso, mesmo com prováveis tensões envolvendo questões ambientais, o conflito não deve ocasionar sanções ao País, nem descolar a performance da bolsa brasileira das americanas.

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