- Em dois anos, o Nubank conseguiu reverter os seus prejuízos em lucro e atraiu a atenção dos investidores
- No último balanço, referente ao último trimestre de 2024, o banco entregou um lucro R$ 395,8 milhões
- No entanto, os bons números ainda não se traduziram em recomendação de compra de bancos e corretoras
O pessimismo com as ações do Nubank (ROXO34) parece ter ficado no passado. Em 2024, o neobanco conseguiu conquistar um voto de confiança dos investidores ao reportar resultados operacionais positivos nos últimos trimestres, como mostrado nesta reportagem. A entrega de lucro agradou o mercado e influenciou no movimento de valorização de 51,8% das ações na bolsa de valores de Nova York (NYSE), nos Estados Unidos, no acumulado do ano.
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O resultado desse otimismo em torno do papel garantiu ao Nubank os títulos de segundo maior banco do Brasil e de terceira companhia mais valiosa do País, ficando à frente de grandes companhias como a Vale (VALE3). No último dia 19, as ações fecharam na máxima histórica em Nova York, cotadas em US$ 11,85, o que fez o neobanco ultrapassar a mineradora em valor de mercado. Entre os bancos brasileiros, só o Itaú vale mais. Após aquele pregão, o Nubank estava avaliado em US$ 52 bilhões, ante US$ 63 bilhões do Itaú.
“O Nubank reportou dados fortes, tanto em lucro líquido quanto em nível de rentabilidade medido pelo retorno sobre o patrimônio (ROE), suportado por bons indicadores de eficiência operacional”, diz Matheus Nascimento, analista da Levante Corp.
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No terceiro trimestre de 2022, o Nubank conseguiu igualar os seus custos e despesas operacionais com a receita. Na época, o neobanco ainda surpreendeu o mercado com um lucro líquido de US$ 7,8 milhões. O bom desempenho operacional prosseguiu nos trimestres seguintes.
No último balanço divulgado, referente aos meses de outubro a dezembro de 2023, a instituição financeira reportou um lucro líquido ajustado de US$ 395,8 milhões, um crescimento de 248% em comparação ao mesmo período do ano passado. No resultado do ano, o lucro foi de US$ 1,2 bilhão, quase 6 vezes maior do que o montante registrado em 2022, que ficou na casa dos US$ 204 milhões.
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Os números positivos também são acompanhados com o aumento da sua base de clientes. Apenas no ano passado, o Nubank atraiu 19,3 milhões de novos clientes, o que elevou a sua base de correntistas para 93,9 milhões. “Com esses fatores, somados a um nível de inadimplência estável ao redor de 6%, o mercado observou que o banco conseguiu expandir suas margens, além de oferecer novos produtos, sem deteriorar seu balanço, o que trouxe um nível de valorização robusto nos últimos meses”, acrescentou Nascimento.
A outra vantagem que torna o Nubank mais competitivo é que a empresa não possui nenhuma agência bancária, o que ajuda a reduzir os custos da companhia. Os bancos tradicionais possuem de 2 mil a 4 mil unidades de agência espalhadas pelo País. “Trata-se de uma grande vantagem em relação a custos. O Nubank possui uma base de clientes quase do tamanho do Itaú (ITUB3; ITUB4). Então, já se tornou um banco relevante”, destaca Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos.
Mas ainda há um ponto de preocupação no Nubank
A evolução do Nubank nos últimos trimestres é reconhecida pelo mercado, mas ainda há dúvidas sobre a sua sustentabilidade no médio e longo prazo. A XP alerta para a qualidade de crédito da carteira do roxinho. Com base nos dados referente ao quarto trimestre, os analistas trazem um alerta para os volumes de provisões que não estão evoluindo em um ritmo compatível (e com uma visão conservadora) com o crescimento dos riscos.
“Como resultado, os investidores devem exigir retornos mais altos para compensar o maior risco”, informou a XP em relatório. Apesar das observações, a corretora reconhece que o Nubank mantém esforços para sustentar um ritmo forte de crescimento dos lucros. “A administração do Nu pode priorizar os ganhos de curto prazo em detrimento de iniciativas que impulsionariam a criação de valor sustentável”, avalia a XP.
Recomendação para o papel
O Nubank deu provas ao mercado que o seu modelo de negócios é sustentável e algumas corretoras sustentam recomendações positivas para o papel com base no que o banco tem mostrado. O Itaú BBA, por exemplo, reiterou a compra das ações com a expectativa de que em 2024 o banco consiga ser ainda mais lucrativo com uma evolução de 36% da sua carteira de crédito. O preço-alvo do Itaú BBA está em US$ 13 por ação.
Larissa Quaresma, analista da Empiricus, também reconhece a evolução dos resultados, mas avalia que a recente valorização do papel fechou as oportunidades de investimento. Por essa razão, mantém uma recomendação neutra. “Gostamos de ver a evolução na operação do banco, mas achamos que a ação “andou” de mais. Achamos que no preço atual fica difícil de encontrar um upside”, afirma a analista.
A Levante Corp mantém uma visão mais cautelosa para o mercado diante dos múltiplos “esticados” e, por isso, mantém uma recomendação neutra para os BDRs do Nubank, com o preço-alvo de R$ 10,50. “A recomendação é neutra pelo preço do ativo estar acima até do consenso do mercado, que estima o preço em R$11,00 ao final de 2024. Como não enxergamos margem de segurança para entrada, ajustamos a recomendação”, ressalta Nascimento.
O BTG Pactual e a XP também possuem recomendação neutra para as ações do roxinho.
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* Com informações do Broadcast