Comportamento

3 casos além do Nubank em que líderes venderam ações das suas empresas

Veja os controladores, diretores, conselheiros ou tesoureiros que mais venderam papéis nos últimos três meses

3 casos além do Nubank em que líderes venderam ações das suas empresas
Unidade do supermercado atacadista da rede Assaí em São Paulo (Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO)
  • As transações de partes relacionadas são aquelas movimentações de venda ou compra de ações feitas por grandes executivos de uma companhia de capital aberto
  • Estas operações são acompanhadas de perto pelos investidores, já que podem sinalizar se a cúpula daquela organização está apostando nos papéis ou querendo se livrar dos ativos antes de uma possível queda

As transações feitas por partes relacionadas são aquelas movimentações de venda ou compra de ações realizadas por grandes executivos de uma companhia de capital aberto, sejam eles diretores, conselheiros, controladores ou tesoureiros desta empresa.

Nesta semana, David Vélez, CEO do Nubank, vendeu 25 milhões de ações da companhia, o equivalente à quantia de R$ 952,4 milhões. O roxinho ressaltou que o montante representa menos de 3% da participação do executivo e que a venda é totalmente motivada por fins de planejamento patrimonial e para dar suporte às atividades filantrópicas de Vélez.

Estas operações são acompanhadas de perto pelos investidores, principalmente quando envolvem a venda de quantias relevantes. Isto porque essas movimentações podem acontecer por motivações pessoais, como no caso de Vélez, ou sinalizar se a cúpula daquela organização está querendo se livrar dos ativos antes de uma possível queda.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

Um caso emblemático ocorreu com a Americanas (AMER3), que revelou um rombo de R$ 20 bilhões nos balanços em 11 de janeiro deste ano e depois derreteu na Bolsa. No segundo semestre do ano passado, entretanto, somente os diretores da varejista venderam 14,07 milhões de ações, o equivalente a um volume financeiro de R$ 241,5 milhões. No primeiro semestre de 2022, o montante foi bem menor, de apenas R$ 12,8 milhões.

Essa situação levantou suspeitas de “insider trading” – ou uso de informação privilegiada. Os dados são da ferramenta “Radar de Insiders“, da Quantzed.

“É claro que deveria haver uma isonomia de informação no mercado, mas se pressupõe que se alguém tem essas informações, serão os próprios executivos da empresa. Não dá pra dizer que foi insider, mas curiosamente os executivos da Americanas venderam antes de tudo acontecer”, afirma Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até mesmo abriu um inquérito para apurar o caso. “Em geral, quando a diretoria entende que as ações estão baratas no mercado, ela vai a mercado e compra. Do contrário, em geral é uma sinalização negativa. Claro que há exceções, mas um dos possíveis motivos para a venda seria por entender que aquele preço tende a cair”, afirma Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores.

A seguir, veja as três companhias cujos principais executivos mais venderam ações nos últimos três meses (maio a julho), segundo a Quantzed. No recorte, foram consideradas operações realizadas por controladores, empresas coligadas, Diretoria, Conselho de Administração e Tesouraria. O levantamento não considerou os valores totais, mas o porcentual vendido pelos executivos em relação ao valor de mercado da companhia.

Assaí (ASAI3)

De acordo com a ferramenta Radar de Insiders, da Quantzed, houve uma venda de R$ 2,1 bilhões em ações do Assaí nos últimos três meses, o equivalente a 11,65% do valor de mercado da companhia.

De acordo com o formulário CVM 44, que reúne informações sobre negociações dos ativos entre partes relacionadas, esse volume em vendas decorre principalmente de transações feitas por empresas coligadas. Em junho, a Wilkes Participações vendeu R$ 1,1 bilhão em ações do Assaí, zerando sua participação. O mesmo ocorre com a Geant International BV, com a venda de R$ 539,4 milhões em ações, e com a Segisor, que vendeu R$ 374,6 milhões em papéis do atacarejo.

Publicidade

As  empresas têm relação com o grupo francês Casino, antigo controlador da Assaí, que vendeu toda sua participação na companhia com o objetivo de melhorar o endividamento da holding. Na época, a saída do investidor foi bem vista pelo mercado.

Os papéis ASAI3 estão em baixa de 33% no ano, aos R$ 12,90.

Vivara Participações (VIVA3)

Segunda no ranking, os principais executivos da Vivara venderam R$ 304,5 milhões em ações da companhia, o equivalente a 5,2% do valor de mercado. A maior parte dessa venda foi feita pelo controlador – que vendeu R$ 305,3 milhões no período e comprou R$ 674,1 mil em ações.

Parte dessas movimentações teriam sido frutos de transações feitas pelo acionista Márcio Monteiro Kaufman, da família fundadora da Vivara.

Os papéis VIVA3 acumulam uma alta de 31% no ano, aos R$ 28,98.

Neogrid (NGRD3)

Nos últimos três meses, o Conselho de Administração da empresa de software Neogrid vendeu um montante de R$ 19,02 milhões em ações da companhia. O controlador, por sua vez, adquiriu R$ 3,7 milhões em ações, enquanto a diretoria comprou R$ 2,8 mil e vendeu R$ 252,8 mil. No total, todas essas transações geraram uma movimentação negativa de R$ 15,5 milhões (3,4% do valor de mercado da companhia).

Os papéis NGRD3 acumulam uma queda de 8% no ano, a R$ 1,35.

Publicidade

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos