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- A Light (LIGT3) está atravessando um cenário complexo. A empresa entrou em uma recuperação judicial imersa em uma discussão jurídica, enfrentou questionamentos de credores e precisa renovar a concessão de energia
- Entretanto, as ações da empresa não param de subir no ano. Até o fechamento da quinta-feira (13), os papéis LIGT3 acumulavam em alta de 83,6% em 2023, aos R$ 8,50
- As perspectivas de queda na Selic e novos rostos na composição acionária podem ter impulsionado os papéis
A Light (LIGT3) atravessa um momento complexo. No final de janeiro, a notícia de que a concessionária de energia havia contratado o escritório Laplace Finanças para “melhorar a estrutura de capital” da empresa pegou o mercado de surpresa e fez as agências de rating rebaixarem as classificações de crédito para os ativos da companhia.
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Em abril, a Light conseguiu uma medida cautelar para poder deixar de pagar R$ 11 bilhões em obrigações financeiras. Destes, R$ 6,2 bilhões em debêntures, que chegaram a ser negociadas com desconto superior a 50%. Depois, em maio, teve o pedido de recuperação judicial acatado pela Justiça, mesmo que, pela lei, concessionárias de energia sejam vetadas de utilizar esse recurso.
No meio de todo este imbróglio, grupo de debenturistas passou a questionar judicialmente as decisões da Light.
Entretanto, as ações da empresa não param de subir no ano. Até o fechamento da quinta-feira (13), os papéis LIGT3 acumulavam em alta de 83,6% em 2023, aos R$ 8,50. Para efeito de comparação, a última vez que os ativos conseguiram ultrapassar o patamar de R$ 8 foi em junho do ano passado, quando ainda não se tinha dimensão de todas as dificuldades financeiras da companhia.
Novos rostos
Para os analistas consultados pelo E-Investidor, as perspectivas de cortes nas taxas de juros trouxeram fôlego para os papéis. Uma queda da Selic tende a beneficiar empresas endividadas, uma vez que reduz as despesas financeiras – com pagamento de juros de empréstimos e financiamentos.
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Entretanto, um outro ponto tem peso nesta alta: a chegada de novos rostos na composição acionária. Um exemplo é o caso da gestora WNT, supostamente associada ao empresário Nelson Tanure, que vem aumentando fortemente a posição na companhia.
Em maio, a asset possuía 10,02% do capital da Light. Hoje, essa fatia está em 28,06%, consolidando a WNT como o maior acionista da empresa. Antes essa posição era ocupada por Ronaldo Cezar Coelho e Carlos Alberto Sicupira, que também é acionista de referência da Americanas (AMER3).
“Tanure foi comprando a mercado essas ações”, afirma Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed. “Quando a gente tem um comprador forte assim em bolsa, isso acaba fazendo preço na ação.”
Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, também cita a chegada de Tanure como um fator que impulsionou os papéis. “Especula-se muito se a Light vai ter uma transferência de controle acionário”, afirma. Esse impulso, entretanto, não vem apenas pelo fluxo de compra do empresário, mas pelas expectativas em torno da atuação dele na companhia.
“Geralmente ele monta suas posições, tende a ajudar a companhia e futuramente sai da empresa”, aponta Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
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No dia 20 de junho, a WNT convocou Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para deliberar, entre outros assuntos, a eleição de novos membros para o Conselho de Administração da Light. Entre os nomes indicados para os cargos de conselheiros está o de Wendell Oliveira, ex-CEO da Copel (CPLE6). Ele também estaria cotado para assumir a presidência da Light, segundo informações do O Globo.
Notícias positivas
Fora as mudanças acionárias e de diretoria, algumas notícias positivas alimentaram a especulação em torno das ações. O fato de a recuperação judicial ter sido acatada, apesar da discussão jurídica, e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não ter intervindo na empresa são duas delas. Com isso, a Light pode continuar com as operações.
“A empresa deixou de pagar a dívida com debêntures, mas está adimplente dentro do setor”, diz Piovesan. “O fluxo de caixa operacional dela está dando conta de pagar fornecedores, custos com pessoal, tributos e impostos. A empresa não sofreu intervenção da Aneel, continua operando normalmente.”
Para Brasil, da Gava Investimentos, a sensação é de que a empresa está tentando realmente se reformular. “A Light tem tentado renovar as concessões. Então é uma recuperação judicial que você consegue ver, pelo menos, uma continuidade da empresa”, afirma.
Grande parte dos problemas financeiros da Light vem dos furtos de energia que a empresa sofre em algumas regiões do Rio de Janeiro. Entretanto, neste primeiro momento, conseguir renovar essa concessão de energia é considerado um aspecto crucial para a sobrevivência da companhia.
É hora de apostar na Light?
Os especialistas consultados pelo E-Investidor ainda não enxergam um horizonte claro para a companhia. A Light deve passar por discussões complexas para renovar as concessões a termos mais adequados para a atual situação financeira da empresa. O resultado das conversas, entretanto, é incerto.
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“Não existe uma situação similar a da Light no Brasil”, afirma Paulo, da Manchester Investimentos. “Existe tecnologia para reduzir o furto de energia e a Light estava investindo nessas ferramentas, mas agora o prazo da concessão está acabando e a empresa está com endividamento alto.”
Piovesan, da Quantzed, não possui recomendação para os papéis. “Não está em um patamar atrativo. Para o preço atual fazer sentido, a Light precisaria melhorar muito o operacional”, diz. “A empresa deve continuar enfrentando problemas operacionais que a última gestão não conseguiu resolver.”
Brasil, da Gava Investimentos, afirma não recomendar as ações da Light neste momento. “Não entraria em uma empresa tão complexa sendo que temos outras opções na Bolsa”, diz.