A agenda econômica desta segunda-feira (26) volta a trazer o diretor de política monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, aos holofotes em eventos após ruídos na comunicação da autoridade monetária na semana passada. No mercado financeiro hoje, serão publicados o boletim Focus e os dados de transações correntes e Investimentos Diretos no País (IDP) de julho. No exterior, um feriado fechará os mercados no Reino Unido, e estão programadas as encomendas de bens duráveis americanos em julho e o lucro industrial na China.
Leia também
Ainda na agenda hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participará de uma reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), onde deve assinar um decreto que regulamentará regras do setor de gás natural no país, e comandará uma reunião da equipe econômica com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ao longo da semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15, uma prévia do IPCA) de agosto na terça-feira (27), quando acontece uma sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO). Além da discussão sobre as emendas parlamentares, tramita na CMO a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Na quinta-feira (29), serão divulgados o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de agosto e os dados de julho do Governo Central e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Na sexta-feira (30), estão programados os números do setor público consolidado e a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua.
A agenda econômica internacional nos próximos dias traz o balanço da Nvidia (NVDC34) na quarta-feira (28); a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre na quinta-feira (29); o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de julho, métrica de inflação preferida do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), na sexta-feira (30); além do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) preliminar da zona do euro de agosto. Vários dirigentes do Fed também discursarão nos dias seguintes.
Confira os 4 destaques do mercado financeiro hoje
Bolsas internacionais
Os contratos futuros de petróleo e o ouro futuro avançam nesta segunda-feira e o metal volta a se aproximar de recorde histórico, com a busca por segurança gerada por tensões no Oriente Médio, após um final de semana marcado por ataques mútuos entre Israel e o Hezbollah. As agressões mútuas foram interrompidas por enquanto, mas o estado de alerta permanece na região.
A retração dos juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) nesta manhã também apoia as commodities, depois da sinalização do presidente do Fed, Jerome Powell, de que “chegou a hora” de cortar juros – relembre aqui.
Em Jackson Hole, além de Powell, dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) também indicaram que podem voltar a reduzir a taxa básica no mês que vem. A liquidez pode ser afetada na região pelo fechamento dos mercados no Reino Unido por conta de um feriado e, ao longo da semana, serão monitorados dados de inflação na Alemanha e na zona do euro, além de indicadores de confiança.
Publicidade
As bolsas europeias apresentam sinais divergentes, mas prevalece viés negativo após dado de sentimento empresarial na Alemanha e tensões no Oriente Médio reverterem o bom humor por perspectivas de cortes de juros nos Estados Unidos. O índice Ifo de sentimento das empresas alemãs caiu menos que o esperado em agosto, mas a Bolsa de Frankfurt recua. O indicador é mais um sinal de que a maior economia europeia enfrenta um quadro de “estagnação sem fim”, na visão do ING.
Em Nova York, o apetite por risco diminuiu, e os futuros das Bolsas têm ganhos moderados, enquanto o dólar exibe viés de alta frente seus pares rivais, depois de ceder, na sexta-feira (23), ao seu menor nível ante o euro desde julho de 2023 e ante a libra desde março de 2022 – veja aqui.
Commodities
Além dos leves ganhos em Nova York, o avanço de 3,45% do minério de ferro, na China, apoiava a valorização dos American Depositary Receipts (ADRs, recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) da Vale (VALE3) no pré-mercado, indicando possível dia positivo para a mineradora.
Também o petróleo avança, assim como os ADRs da Petrobras (PETR3; PETR4), em bom prenúncio para as ações nesta segunda-feira.
Mercado brasileiro
Os investidores vão acompanhar hoje uma palestra de Galípolo, principal cotado para indicação à presidência da autarquia em 2025. Na semana passada, após falar em vários eventos, Galípolo gerou incertezas sobre o rumo da taxa Selic neste ano, mas garantiu que a alta de juros está na mesa, sim, e que o BC não vai hesitar se for necessário.
Os dados do setor externo também serão acompanhados. O mercado prevê déficit de US$ 4,350 bilhões das transações correntes em julho (mediana), após saldo negativo de US$ 4,029 bilhões em junho. E para o Investimento Direto no País, a mediana indica entrada líquida de US$ 6,000 bilhões em julho, ante saldo positivo de US$ 6,269 bilhões em junho.
Publicidade
É aguardado também o IPCA-15, na terça-feira (27), para o qual é esperada desaceleração em agosto ante julho e na comparação anual.
Na Bolsa, há expectativas pela escolha do próximo CEO da Vale, que pode ser anunciada em setembro, segundo a CNN Brasil.
O EWZ, principal fundo de índice (ETF) do Brasil negociado em Wall Street, exibia viés de alta. Na sexta-feira (23), em reação ao discurso de Powell, o Ibovespa fechou em alta moderada de 0,32%, aos 135.608,47 pontos, ainda abaixo da máxima histórica acima dos 136 mil pontos alcançada na última quarta-feira (21).
Na semana, o índice da bolsa teve valorização de 1,24%. Já o dólar à vista fechou abaixo dos R$ 5,50, a R$ 5,4794, mas, na semana passada, acumulou ganho de 0,21%. Com a definição da taxa Ptax (taxa de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro, calculada durante o dia pelo Banco Central do Brasil) do dólar no fim desta semana, o mercado de câmbio pode ficar mais volátil e de olho em Galípolo, em meio a expectativas de alta da Selic.
Publicidade
Os juros futuros também devem se ajustar à queda dos rendimentos dos Treasuries, em meio à espera do IPCA-15, depois de recuarem na sexta-feira (23), com mais força na ponta longa, mas com ganho de inclinação na semana – veja aqui.
Impostos
As notícias fiscais podem ainda influenciar o humor nos mercados. O aumento de alíquotas da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) — tributo cobrado sobre o lucro das empresas — deverá ficar restrito a 2025, segundo apurou o Estadão com integrantes da equipe econômica.
Já a mudança nos Juros Sobre Capital Próprio (JCP) — um tipo de remuneração das companhias aos seus acionistas — ainda está com o prazo em discussão e poderá, inclusive, ser permanente.
Ambos os ajustes serão alvo de um ou mais projetos de lei a serem enviados ao Congresso, juntamente com a Proposta de Lei Orçamentária do próximo ano, conforme informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O prazo para esse envio é até a próxima sexta-feira (30).
O objetivo das medidas, segundo o governo, é contribuir com o esforço de levantar cerca de R$ 50 bilhões em medidas que ampliem a arrecadação para fechar as contas em 2025 — quando o governo promete manter a meta de déficit fiscal zero, podendo impactar o mercado financeiro hoje.
Publicidade
* Com informações do Broadcast