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Quase 1/3 do mercado financeiro ainda ignora novo padrão contábil

Apresentadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), novas regras entrarão em vigor no ano que vem

Quase 1/3 do mercado financeiro ainda ignora novo padrão contábil
29% das instituições financeiras não iniciaram plano contábil exigido pela CMN. Imagem: Adobe Stock

Quase um terço das instituições financeiras brasileiras ainda não sabem como começar a se adaptar a uma linguagem global comum de contabilidade para o setor, conhecido por IFRS 9 Financial Instruments. De acordo com um estudo da KPMG, uma das principais consultorias do mundo, apontou que 29% das empresas financeiras ainda não iniciaram ou não souberam informar a respeito do processo de adaptação com as práticas internacionais.

Proposta pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a resolução n° 4.966/21 busca propor uma harmonização das normas contábeis internacionais relacionadas a instrumentos financeiros. Por instrumento financeiro, entende-se como qualquer contrato que dê origem a um ativo financeiro para uma entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para outra entidade.

Ou seja, a intenção é alinhar os conceitos e os critérios contábeis e o reconhecimento das relações de proteção pelas instituições financeiras internacionais com aquelas autorizadas a funcionar pelo Banco Central (BC) do Brasil.

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Segundo a pesquisa, 38% das instituições mencionaram que a implementação já iniciaram e estão na etapa de desenvolvimento, enquanto outros 33% indicaram estar ainda se preparando para o ajuste e com um plano de implementação concluído.

O objetivo do levantamento, realizado em novembro de 2023 e divulgado somente agora – em primeira mão para o E-Investidor –, foi entender o estágio atual de implementação junto a 79 entidades financeiras do mercado. Isso porque a resolução, publicada em 2021,está prevista para entrar em vigor em 1º de janeiro de 2025.

“Para instituições financeiras do País, existe a necessidade de planejamento em diferentes níveis considerando a amplitude do mercado. Há diversas assimetrias regulatórias, entre o requerimento internacional e a proposição local, que podem ser desafiadoras mesmo para os modelos já consolidados. A jornada de implementação sugere um refinamento técnico e alta exposição a recursos tecnológicos e organização de dados”, analisa o sócio-líder em riscos financeiros da KPMG no Brasil, Rodrigo Bauce, em nota.

Desafios da implementação

Em relação aos desafios desse processo, 57% dos participantes sinalizaram que a maior preocupação diz respeito aos aspectos transformacionais, de tecnologia, automação e dados. Além disso, 15% dos pesquisados consideram a adaptação associada a relevantes perdas de crédito.

Contudo, 51% dos consultados seguem otimistas em relação ao desenvolvimento de novos modelos e aprimoramento de recursos tecnológicos e outros 39% pretendem, de alguma forma, aproveitar sistemas e modelos já desenvolvidos.

Fábio Lacerda, sócio-líder em riscos regulatórios da KPMG no Brasil, acredita que parte do desafio da implementação global da IFRS 9 está na falta de comparação com normas equivalentes locais, apesar do relevante trabalho do BC em reduzir as diferenças entre as regras locais e o padrão internacional.

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“Apesar disso, ainda existem algumas assimetrias que demandam atenção, além de desafios importantes de ajustes em sistemas, processos e formalização de políticas e rotinas internas para lidar com temas como a avaliação do modelo de negócios, a construção de testes para pagamento de principal e juros, bem como o monitoramento para impacto contábil, considerando taxa efetiva de juros e aspectos conceituais críticos, entre outros”, finaliza, também em nota.