- Com a Selic no menor patamar da história, a 2,25% ao ano, os rendimentos em investimentos de renda fixa ficaram menores ou até negativos
- Segundo especialistas, o investidor deve buscar aplicações de longo prazo, pré-fixadas e de crédito privado
- Investimentos de curto prazo, pós-fixados e fundos de renda fixa com taxas altas de administração devem ser evitados
Depois que o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) cortou mais uma vez a taxa básica de juros (Selic), levando-a ao patamar de 2,25% ao ano, os rendimentos em aplicações de renda fixa ficaram ainda menores e em alguns casos até negativos. A poupança, por exemplo, que agora paga 1,57% a.a, renderá menos do que a inflação esperada para o ano pelo mercado, de 1,60%.
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Além disso, em comunicado, o Copom deixou a porta aberta para pelo menos mais uma redução de 0,25 ponto até o final do ano na Selic, o que diminuiria ainda mais os ganhos em renda fixa.
Neste cenário, o E-Investidor conversou com especialistas do assunto para saber quais são os investimentos em renda fixa mais e menos indicados para o novo cenário de juros no País.
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Vale lembrar que, em 2016, com a Selic a 14,25%, o investidor conservador conseguia dobrar seu capital a cada 5 anos. No patamar atual, seria necessário mais de 30 anos para alcançar o mesmo resultado.
Indicados na renda fixa
Segundo os especialistas, os investidores devem buscar por aplicações pré-fixadas e de longo prazo. Para eles, não importa se será um CDB, LCI, LCA ou o títulos do Tesouro Direto, o importante é o seu prazo. “Apesar de terem mais riscos por conta do prazo, elas têm mais prêmios”, afirma Marcos Iorio, gestor da Integral Investimentos.
Liao Yu Chieh, professor e head de educação do C6 Bank, explica que o longo prazo mencionado não são de apenas alguns meses ou anos, e sim de pelo menos uma década. “É preciso abrir mão da liquidez para buscar retornos maiores.”
Neste contexto, André Fernandes, superintendente de produtos da Ágora Investimentos, afirma que o investidor consegue ganhar o dobro ou até o triplo da Selic de hoje nestes investimentos. “Nossa recomendação para renda fixa são os papéis de 5 a 10 anos pré fixados”, diz Fernandes.
Além destes produtos, os especialistas indicam os investimentos em crédito privado como uma boa alternativa dentro da renda fixa. Segundo Chieh, este tipo de investimento não é muito utilizado pelos brasileiros, pois é um pouco mais arriscado devido a ausência da proteção do FGC.
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Apesar disso, ele ressalta que eles são ótimas alternativas para quem busca retorno em prazos um pouco menores. “CRI, CRA e debêntures são boas maneiras de não ficar apenas no zero a zero real dos títulos de curto prazo”, comenta o head de educação do C6 Bank.
Nesta linha, o superintendente Ágora destaca principalmente o CRA, pois ele é ligado ao agronegócio e o setor está indo muito bem apesar da crise. “O agronegócio continua produzindo e exportando muito, e o dólar alto o favorece”, afirma Fernandes.
Já Iorio destaca as debêntures como a aplicação mais atrativa. Segundo ele, o investimento sofreu muito no auge da crise e agora seus papéis estão muito descontados. “São nelas que enxergamos os maiores prêmios na renda fixa atualmente”, diz o gestor da Integral Investimentos.
Não indicados na renda fixa
Em relação aos produtos menos indicados na renda fixa, Fernandes, da Ágora, e Iorio, da Genial, destacam os investimentos pós-fixados e atrelados apenas ao CDI. “O pós-fixado é o pior ativo na renda fixa atualmente”, diz Iorio.
Segundo eles, com a Selic em baixa e a perspectiva de um novo corte ainda esse ano, os ganhos na aplicação são muito baixos. “O potencial deles é ganhar praticamente nada com essa taxa de juros”, completa o gestor da Genial.
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O superintendente da Ágora explica que esse tipo de investimento só tem uma função atualmente. “Ele só vale para o investidor que quer deixar para a reserva de emergência”, diz Fernandes.
Já o professor e head de educação do C6 Bank aponta para o investidor deve evitar os fundos de renda fixa e DI com altas taxas de administração. “Se o fundo cobra 1,5% ou 2% de taxa, basicamente toda rentabilidade é anulada por ela e não sobra nada para o cotista”, diz Chieh.
E a poupança?
Como já mencionado, a poupança tem rentabilidade negativa atualmente devido ao novo patamar da Selic. “O juros delas é muito baixo”, afirma Iorio destacando que ela paga apenas 70% do CDI mais taxa referencial (TR), que está zerada.
Apesar disso, eles destacam a importância do investimento mesmo que ela não traga nenhum lucro real para o investidor. Segundos eles, o brasileiro não tem educação financeira e a poupança é o único investimento que muitos conhecem. “Ela é um produto de entrada”, diz Chieh.
Assim, apesar de ser uma aplicação ruim, ela é importante para as pessoas começarem a criar o hábito de investir para depois conhecer mais sobre o assunto e aplicar em outros produtos. “O investidor sempre vai procurar o produto mais simples no começo”, completa o Fernandes, da Ágora.
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Neste contexto, eles ressaltam que a poupança é sempre um produto indicado para quem está começando, mas assim que a pessoa amadurecer, ela deve procurar outros investimentos. “Obviamente para o investidor que já tem mais conhecimento, a poupança não é um produto indicado”, finaliza o Chieh.