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Vale a pena investir nos ETFs de dividendos do Nubank?

Nu Asset, gestora do banco, lançou dois fundos de índice em parceria com a B3

Vale a pena investir nos ETFs de dividendos do Nubank?
Entenda os prós e contras de investir nos novos fundos de índice (Foto: Envato Elements)
  • O Nu Renda Ibov Smart Dividendos (NDIV11) é o primeiro ETF da B3 com o pagamento mensal de dividendos aos cotistas. Já o Nu Ibov Smart Dividendos (NSDV11) faz o reinvestimento automático dos proventos pagos
  • A novidade foi fruto de uma parceria entre Nu Asset, gestora do Nubank, e a B3. O ETF pode facilitar o acesso dos investidores a uma carteira diversificada, mas é necessário atenção aos custos

Fruto de uma parceria entre a Nu Asset, gestora do Nubank, e a B3, os ETFs “Nu Renda Ibov Smart Dividendos” (NDIV11), que paga proventos mensais aos cotistas, e o “Nu Ibov Smart Dividendos” (NSDV11), que também é um ETF atrelado a empresas pagadoras de dividendos, mas com reinvestimento automático dos valores pagos, estão disponíveis desde 28 de outubro.

Para quem não conhece, ETFs são fundos de investimentos que replicam o desempenho de índices e que são negociados na Bolsa na forma de papéis comuns. Por exemplo, o “BOVA11” é o ETF que replica a performance do Ibovespa, principal indicador de ações da Bolsa brasileira.

No caso do NDIV11 e o NSDV11, a referência é o “Ibovespa Smart Dividendos B3″ (IBSD). A carteira atual do IBSD é comporta por 21 ações que fazem parte do Ibov e que se destacam no pagamento de dividendos.

O portólio será atualizado a cada quatro meses, com o próximo balanceamento a ser feito a partir do início do ano que vem. Para comprar esses ETFs, o valor mínimo inicial é de apenas R$ 100.

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A novidade faz parte do processo de amadurecimento do mercado acionário brasileiro, que caminha para se igualar aos demais mercados em opções de produtos. “Lá fora esse é um mercado extremamente líquido e amplo, existe ETF para quase tudo”, afirma Henrique Aguiar, head de private da Nova Futura Investimentos. “Aqui nós ainda estamos começando. Temos boas opções já, mas tem muito para avançar ainda.”

De acordo com estudo feito pela B3 e Nubank, se fosse lançado em 2013, o Ibovespa Smart Dividendos B3 teria acumularia uma variação positiva de 142% até o final de agosto desse ano. No mesmo período, o Ibovespa obteve variação positiva de 87%.

Ou seja, o portfólio possui também um potencial de rentabilidade que pode ser interessante. “A carteira possui uma boa seleção de empresas, com boa diversificação”, diz João Daronco, analista da Suno Research.

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Entretanto, os analistas consultados pelo E-Investidor chamam a atenção para alguns detalhes que não podem passar despercebidos pelos investidores.

Facilidade x custos

Os novos fundos de índice são uma maneira fácil, democrática e rápida para que o investidor, principalmente o que é pessoa física, tenha acesso a uma carteira diversificada de ativos e ainda consiga uma renda mensal em dividendos.

Contudo, é preciso ficar atento às taxações, que acabam corroendo uma parte dos ganhos.

Os ETFs, no geral, possuem uma tributação de 15% sobre ganhos de capital, aplicados na venda dos ativos quando houver lucro, independentemente do montante. Além disso, os dois ETFs de dividendos do Nubank terão uma taxa de administração de 0,5% ao ano, sem taxa de performance, Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ou come-cotas.

Paralelamente, o Nu Renda Ibov Smart Dividendos (NDIV11), que distribui mensalmente os dividendos aos cotistas, terá uma taxação de 15% sobre o valor de proventos pagos aos investidores, a ser recolhida diretamente pelo administrador do fundo.

Para Aguiar, da Nova Futura Investimentos, estes custos adicionais são a principal desvantagem em relação à compra direta da carteira - hoje, os investidores tem isenção de Imposto de Renda (IR) na venda de ações até R$ 20 mil por mês, dividendos também não tributados.

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“Essa questão do imposto é bem relevante. Na verdade, se o investidor for um pouco mais atencioso e tiver disposição, conseguirá replicar facilmente o Ibovespa Smart Dividendos B3, por meio da compra das 21 ações que o compõem”, afirma Aguiar.

Daronco, da Suno, e Marcelo Boragini, sócio e especialista de renda variável da Davos Investimentos, chamam a atenção para o patamar da taxa de administração, que não é “muito alta”, mas ainda assim é mais elevada se comparada aos demais ETFs.

Segundo levantamento feito pela TradeMap, no mercado brasileiro existem 83 fundos de índice e a mediana dessa cobrança é de 0,35% ao ano. “Acho que essas taxas cobradas nos ETFs de dividendos poderiam ser mais baixas. É ponto de atenção, quando a gente compara com outros ETFs que já existem no mercado.”, afirma Daronco, apontando que uma taxa mais razoável seria em torno de 0,3%.


Na visão de Hulisses Dias, analista CNPI e mestre em finanças pela Sorbonne, os novos ETFs de dividendos não são o melhor caminho para quem pretende “viver de renda” e tem tempo para se dedicar ao mercado, pelos custos adicionais. Entretanto, se o investidor é menos disciplinado, não tem tempo ou conhecimento para gerir uma carteira, os fundos de índice ainda são uma boa porta de entrada.

Qual ETF escolher?

Se você está em dúvida em qual dos ETFs escolher, a dica é entender qual se adapta melhor a sua necessidade. O NDIV11, que distribui dividendos mensalmente, pode ser bom para quem pretende ter mais liberdade para gerir os proventos.

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Já para o investidor que foca em rentabilidade, o NSDV11, que reinveste automaticamente, pode ser o mais adequado, diz Pedro Wilson Domingues, sócio da Nexgen Capital.

ETF de dividendos x Reforma Tributária

Os dividendos, hoje isentos de imposto, estão na mira da segunda fase da Reforma Tributária, que deve começar a ser discutida no ano que vem. Entretanto, o NDIV11, ETF que distribui dividendos mensais, já possui uma taxação de 15% sobre a distribuição desses proventos - o que abre uma incógnita sobre qual seria o novo modelo deste produto, caso os dividendos deixassem de ter isenção.

O E-Investidor questionou a Nu Asset, que afirmou seguir de perto toda a regulação vigente sobre tributação de fundos. “Seguimos atentos a possíveis mudanças regulatórias e eventuais adaptações que sejam necessárias, sempre com o princípio de oferecer soluções de investimentos para reais necessidades dos nossos atuais e futuros cotistas”, afirma a instituição.

Para Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, este é um grande ponto de atenção para os investidores que gostam da estratégia de dividendos. “Existe um desejo grande de tributar esses dividendos e isso pode modificar bastante a atratividade desses produtos nos próximos meses ou anos”, alerta.

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