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Ações da Ultrapar (UGPA3) dobraram de valor em 2023; Veja análises

Analistas explicam processo de turnaround que levou os papéis a uma alta maior que 100% no acumulado do ano

Ações da Ultrapar (UGPA3) dobraram de valor em 2023; Veja análises
As ações da Ultrapar são a 2ª maior alta do Ibovespa no ano. Foto: Igor Golovniov/Shutterstock
  • As ações da Ultrapar (UGPA3) figuram no topo do ranking das maiores altas do Ibovespa em 2023
  • Analistas atribuem valorização ao processo de turnaround da companhia, que está conseguindo entregar resultados mais expressivos
  • Consenso de mercado indica que, agora, as ações podem ter ficado caras; veja as recomendações para UGPA3

Os destaques de valorização da Bolsa de Valores brasileira em 2023 já estão se consolidando. Há um mês do fim do ano, as ações da Yduqs (YDUQ3) parecem caminhar para o “troféu” de papel que mais subiu no período com uma alta de 108,36%, mas isso não é novidade. Como mostramos nesta reportagem de maio, a YDUQ3 vem há bons meses em uma escalada de crescimento, liderando as altas no Ibovespa.

A briga, portanto, está nas outras posições deste “ranking” – e a Ultrapar (UGPA3) parece ter entrado para valer na disputa. Até o fechamento desta terça-feira (28), a UGPA3 acumulava uma valorização anual de 102,02% em 2023, a segunda maior do Ibovespa. Os papéis que começaram o ano cotados a R$ 12,35 praticamente dobraram de valor e agora valem R$ 24,95.

Existem alguns motivos que explicam o otimismo do mercado para com os papéis, que passam desde um processo de turnaround (termo utilizado no mercado para se referir a mudanças em uma companhia depois de um cenário de problemas ou mau desempenho) em voga na empresa a um aumento de lucro na casa de 900%.

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A Ultrapar iniciou um turnaround em 2021, com foco especial na rede de combustíveis Ipiranga, que em anos anteriores era a queridinha do grupo, mas se viu com margens pressionadas. De lá para cá, a companhia trocou de CEO, com a chegada de Marcos Lutz – que permanece no cargo com mandato esticado até abril de 2025 –, e redirecionou esforços para melhorar seus números operacionais.

Leia também: Por que os investidores estão confiantes com Ultrapar (UGPA3), Vibra (VBBR3) e Raízen (RAIZ4)

Agora, em 2023, está conseguindo colher os frutos. Na visão de boa parte dos analistas do mercado, o turnaround se mostrou bem sucedido, com melhorias operacionais nas três empresas do grupo: Ipiranga, Ultragaz e Ultracargo.

“Os resultados da Ultragaz e Ultracargo vêm se provando rentáveis e com crescimento consistente, enquanto as principais dúvidas sobre a Ipiranga envolviam suas margens de comercialização e as condições de competitividade do setor. Neste trimestre, com ambiente competitivo mais favorável, a companhia tirou o atraso e elevou fortemente sua rentabilidade média”, avalia Daniel Cobucci, analista do BB Investimentos.

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A temporada de balanços referentes ao terceiro trimestre de 2023 confirmou o otimismo para com os números da empresa. A companhia registrou um lucro líquido de R$ 891 milhões entre julho e setembro, uma alta de impressionantes 973,4% em relação aos R$ 83 mi reportados no mesmo período de 2022.

E é essa melhora nos resultados trimestrais que impulsionou os papéis da companhia na Bolsa ao longo de 2023, especialmente neste segundo semestre do ano. No BTG Pactual, o entendimento é que a Ultrapar está colhendo os frutos dos esforços realizados nos últimos anos para redução da alavancagem, duplicação das margens da Ultragaz, recuperação da Ipiranga e uma redução da diferença de rentabilidade em relação aos pares.

“Esses resultados mostram o quanto boas empresas podem se beneficiar ao fazer uma pausa e se concentrar em melhorar as coisas e corrigir a forma como gastam o dinheiro”, destacam os analistas do BTG Thiago Duarte e Pedro Soares.

Duas das principais concorrentes da Ultrapar, Raízen (RAIZ4) e Vibra (VBBR3) têm altas muito inferiores no ano: de 1,68% e 43,25%, respectivamente.

A UGPA3 ficou cara ou vale comprar?

Das oito recomendações para a UGPA3 presentes no consenso de mercado do Broadcast, cinco indicam que o melhor caminho é manter as ações da Ultrapar, frente a três recomendações de compra. O preço-médio das análises de valor justo da ação é de R$ 22,58 – abaixo da cotação atual. Um sinal de que, após as altas acumuladas no ano, o papel pode ter ficado caro.

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Esta é a visão do BB Investimentos, que mantém recomendação neutra para a ação da Ultrapar tendo em vista que as margens observadas no trimestre são “atípicas” e que a valorização acumulada deixou o papel mais caro em uma análise de múltiplos.

“A valorização deixou o papel mais caro, vide seus 19,4x de preço/lucro, um prêmio de 37% para a média dos pares (Raízen com 11x e Vibra com 12x). Já o EV/EBITDA está em 7,6x, 16% superior à média (Vibra em 7,1x e Raízen em 4,9x)”, destaca Daniel Cobucci, analista do BB. “Dentro do setor, seguimos preferindo Vibra, com múltiplos mais atrativos, maior market share, e uma atuação mais diversificada dentro de renováveis, ainda que Ultrapar tenha feito movimentos interessantes neste ano.”

O preço-alvo do BB Investimentos para o papel é de R$ 20,00.

O BTG Pactual faz uma leitura parecida. Para os analistas do banco, nenhum dos negócios da companhia são histórias de alto crescimento e, a não ser que a companhia queira se tornar a nova “vaca leiteira” da Bolsa e fazer os movimentos necessários nessa direção, o preço dos papéis estaria sim elevado.

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“A UGP hoje parece um conglomerado que negocia com ágio em relação a seus pares, num mercado onde a maioria das holdings negocia com descontos de dois dígitos. Esperamos que os investidores fiquem satisfeitos com estes resultados, mas por enquanto mantemos a classificação como neutra.” O preço-alvo é de R$ 22.

Mas há quem faça uma leitura mais positiva no mercado. O Itaú BBA, por exemplo, tem recomendação de compra para a UGPA3 desde fevereiro deste ano e reiterou a posição mesmo após as altas recentes. A visão positiva do banco se deve principalmente a dois pontos: a resiliência do negócio de distribuição de combustíveis e o processo de turnaround da Ipiranga; suficientes para fazer o banco esperar que a ação alcance os R$ 29,00 ao final de 2024.

“No geral, esperamos margens da Ultragaz para sustentar retornos de alto nível no futuro, e mantemos nossa visão construtiva sobre a Ultrapar, que provavelmente também se beneficiará dos ventos favoráveis ​​no setor de distribuição de combustíveis por meio dos resultados da Ipiranga”, pontuam os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello.

O Santander também é dos que vê a UGPA3 como oportunidade, ainda que reconheça que sua recomendação de compra dos papéis como “fora do consenso”. O papel é a top pick do banco no setor de refino e distribuição de combustíveis dado ao “portfólio de negócios diversificado e resiliente”, com preço-alvo de R$ 27.

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