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Varejista fez acionista ganhar 210% em um 2023 desastroso para o setor

Companhia de moda surpreendeu o mercado no último trimestre; veja o desempenho das empresas do setor nos últimos 12 meses

Varejista fez acionista ganhar 210% em um 2023 desastroso para o setor
(Foto: Envato Elements)
  • Quantum Finance promoveu a pesquisa.
  • BTG analisa Varejo e Consumo.

Um levantamento realizado pela Quantum Finance aponta que a ação da C&A Modas (CEAB3) reportou alta de 210,66% nos últimos doze meses, frente à alta de 12,43% do Ibovespa.

A companhia reportou prejuízo no terceiro trimestre de 2023, de R$ 44,2 milhões, uma queda de 28% em relação aos R$ 61,4 milhões negativos no mesmo período do ano passado. A receita líquida teve um crescimento de 9,6% na comparação anual e fechou em R$ 1,5 bilhão. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 195,6 milhões, alta de 40% ante o mesmo período do ano anterior.

De acordo com a administração da empresa, o balanço mostrou uma “forte performance, com melhoria em todas as métricas operacionais, apesar da desaceleração nos gastos do consumidor e aumento de promoções em todo o setor”. No fechamento da última sexta-feira (1), as ações registraram alta de 5,41%, cotadas a R$ 8,57.

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“A performance da vertical de vestuário superou expectativas, com aceleração do ritmo de crescimento e contínuos ganhos de rentabilidade provenientes de melhorias nos modelos de distribuição e precificação”, afirmaram os analistas Nina Mirazon, Iago Souza e Vinicius Esteves, da Genial Investimentos, após a divulgação dos números.

O analista da Suno Research, José Eduardo Daronco, explica que além da empresa ser negociada a um preço baixo, ela conseguiu entregar resultados consistentes, que invariavelmente se refletiram na cotação dos papéis.

A XP Investimentos destaca, em relatório divulgado dia 22, que a coleção primavera/verão no terceiro trimestre foi bem recebida, atestando a capacidade de a empresa testar modelos e escalar de forma rápida na temporada.

Além disso, os analistas ressaltam o aumento de vendas nas lojas High e Conceito, resultado da estratégia de lançar coleções exclusivas e expandir o sortimento de categorias para itens mais caros e para regiões de mais alta renda. A XP tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 6 para a ação.

Já o Citi apontou, em relatório divulgado dia 11, que a varejista de moda exibiu um desempenho notável no setor de vestuário durante mais um trimestre, superando as expectativas já otimistas para o período de julho a setembro. O banco de investimentos apontou a eficiente execução das operações de varejo e expansão de crédito pela empresa, especialmente em um momento desafiador no mercado. Eles reconhecem a consistência da empresa em sua reestruturação e melhoria na geração de caixa, considerando esse fator crucial para a redução de dívidas.

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O BTG Pactual (BPAC11) também tem recomendação neutra para CEAB3, com preço-alvo em R$ 7. No dia 29 de novembro o banco publicou um relatório analisando o setor de Varejo e Consumo. No documento, destaca a longa discussão no Congresso e no Judiciário acerca da distinção entre subsídios para investimentos e custos, bem como a tributação sobre o setor varejista.

Em agosto deste ano, a MP 1.185 alterou o sistema de utilização de créditos tributários federais sobre incentivos concedidos pelos Estados às empresas por meio do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Hoje, os subsídios estaduais para investimento são abatidos da base de tributação do imposto de renda e da CSLL. Isso significa que a mudança pode impactar as margens de lucro das varejistas, ainda que as companhias possam elevar os seus preços para tentar compensar parcialmente o aumento de impostos.

O texto foi atualizado recentemente para tramitar na Comissão Mista no Congresso, visando sua conversão em lei. Para o BTG, as mudanças “simplificam o processo de elegibilidade e incorporam despesas de arrendamento e aluguel na base de cálculo de isenção tributária”.

A ascensão da C&A na bolsa, porém, é um caso isolado. O Grupo Casas Bahia (BHIA3), por exemplo, figura na parte do varejo mais sensível aos juros e tem entregado resultados muito aquém do esperado. Isso porque seus clientes estão entre os que mais sofrem com os juros e inflação elevados no Brasil. Essa "dupla" mina o poder de compra dos brasileiros.

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A rede precisou, inclusive, implementar uma capitalização dos acionistas para evitar uma recuperação judicial, o que refletiu na performance negativa durante o período. O levantamento mostra que as ações registram queda de 78% nos últimos 12 meses. O prejuízo do Grupo subiu 311% no terceiro trimestre de 2023 ao marcar R$ 836 milhões na base anual, e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou negativo em R$ 66 milhões no período.

A Americanas (AMER3), por sua vez, teve uma queda ainda mais emblemática do que a Casas Bahia por conta da fraude fiscal registrada em 8 de janeiro de 2023, que jogou a empresa em uma recuperação judicial, e em uma negociação com credores que levou 11 meses para se concretizar. A ação da varejista reporta queda de 90,70%, conforme o levantamento da Quantum, e este é o ativo menos recomendado por boa parte dos analistas.

 

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