- Os pais podem e devem dividir essas recompensas com o planejamento financeiro dos filhos, além de ajudá-los a serem protagonistas das próprias finanças
- O hábito de investir na infância deve se sustentar sobre três pilares: paciência, eleição de prioridades e disciplina, diz a criadora do canal Mary Poupe.
- A mesada é um instrumento válido desde que venha atrelado à educação financeira, diz Lúcia Stradiotti, educadora financeira e coach de mães. Além do dinheiro em si, que deve ser fixo e de acordo com a renda familiar, ela explica que os pais precisam ensinar os filhos a “pescarem”
No Dia das Crianças, em vez de presentear com algo que logo será deixado de lado após algumas semanas, por que não investir em um bem para toda a vida dos pequenos: a educação financeira? Longe de desmerecer a importância dos presentes para as crianças, inclusive para quem se comportou e mereceu, mas os pais podem e devem dividir essas recompensas com o planejamento financeiro dos filhos, além de ajudá-los a serem protagonistas das próprias finanças.
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Davi Estevam, de 10 anos, sonha em um dia ser piloto de carro ou de avião. Apesar da pouca idade, o garoto já tem consciência das dificuldades e dos custos que envolvem esse sonho. Por isso, tem ajuda dos pais para se preparar financeiramente através de investimentos em ações.
“Investir é mais fácil do que eu pensava, mas tem que estudar as empresas para escolher bem”, conta Davi, que começou sua jornada como investidor para garantir a formação profissional no futuro.
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Davi é um exemplo de que é possível – e necessário – educar financeiramente as crianças para que a relação com o dinheiro seja um processo contínuo e sadio ao longo da vida. Mas para que o hábito de economizar se inicie ainda na infância é fundamental ter os responsáveis conduzindo este aprendizado.
O comunicador Daniel Carneiro, pai de Davi, explica que o filho já faz alguns trabalhos como modelo, e recentemente a família começou a se organizar para investir na Bolsa de Valores, todos os meses.
“Preferimos as empresas que fazem parte do dia a dia do Davi. Assim ele fica mais familiarizado com os investimentos”, diz Carneiro, que investe em ações de uma varejista de moda e uma locadora de veículos.
Ciente da importância do fator tempo no planejamento, o comunicador explica que o investimento em ações é pensado no longo prazo, conforme recomendam especialistas.
“Com pouco investido todos os meses em grandes empresas, ele vai conseguir ter uma boa quantia quando for maior de idade e não enfrentará as dificuldades que nós enfrentamos”, afirma Carneiro.
É preciso ensinar a criança a investir de forma segura e responsável
“Por que não dar uma ação de uma empresa legal, que faça parte do dia a dia das crianças e um brinquedo?”. A provocação é de Francine Mendes, economista e criadora do canal Mary Poupe.
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Uma forma de introduzir a criança na prática do planejamento financeiro é usar os investimentos para a compra do presente, por exemplo. A economista frisa que é preciso dar autonomia aos pequenos, mesmo que de forma supervisionada. Essa não é uma tarefa difícil, considerando que muitas plataformas de investimento têm interfaces intuitivas e algumas até apostam na gamificação.
“As crianças acabam gostando muito. Elas ficam felizes com R$ 3,50, R$ 4 de dividendos. Além de que é importante mostrar o que acontece com o patrimônio, e o valor de ser organizado nas finanças”, comenta Mendes.
A partir dos sete anos, a economista afirma os pequenos já podem começar a fazer as movimentações financeiras sozinhos, mas sempre com o acompanhamento dos pais. É assim que Francine faz com os próprios filhos Lara, de 10 anos, e Luca, de 9 anos.
“A minha mãe começou a investir para mim e depois baixou o aplicativo no celular em meu nome e todos os meses eu pego uma parte da minha mesada e compro pelo menos uma ação”, diz Lara.
Marcos Figueiredo, co-fundador do aplicativo de educação financeira Blu, do banco digital BS2, explica que a independência financeira dos filhos também pode ser adquirida até com ações mais simples, como uma simples compra em dinheiro.
“Os pais devem dar nem que seja R$ 5 para a criança comprar figurinha na banca no final de semana. Mas ela precisa lidar com o dinheiro para aprender como é que funciona essa dinâmica”, diz Figueiredo.
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A mesada é um instrumento válido desde que venha atrelado à educação financeira, diz Lúcia Stradiotti, educadora financeira e coach de mães, durante live da Ágora Investimentos. Além do dinheiro em si, que deve ser fixo e de acordo com a renda familiar, ela explica que os pais precisam ensinar os filhos a “pescarem”.
“O que vai realmente ensinar seu filho a fazer boas escolhas no futuro, ensinar sobre consumo consciente, é você, a educação e o conhecimento que vem atrelado à mesada”, destaca Stradiotti.
Uma dica é criar atividades em casa, em que a criança possa ser recompensada por isso, como uma alusão ao trabalho. Contudo, ela destaca que isso não deve ser aplicado nas atividades rotineiras dos cuidados de casa.
Onde os pais podem investir para os filhos?
A regra para a escolha da classe de ativos para os filhos também pode ser similar a dos pais. O investimento para objetivos de curto e médio prazo podem ser feitos, por exemplo, na renda fixa, seja através de títulos públicos, como o Tesouro Selic, ou de crédito privado, como CDBs, LCIs, LCAs, CRIs e CRAs.
A renda variável é recomendada para planos de longo prazo. Portando, a Bolsa de Valores pode ser uma boa opção, e uma dica é escolher empresas que, de alguma forma, estejam ligadas ao dia a dia das crianças.
Vale lembrar que a fatia do público infanto-juvenil vem crescendo na B3. Em setembro, eram 12.154 pessoas cadastros de pessoas físicas com até 15 anos. Em janeiro deste ano, esse perfil era de 6.617, o que mostra um crescimento superior a 83%.
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A Genial Investimentos lançou a Genominha, uma carteira recomendada com alguns ativos, e que os pais podem começar a investir para os filhos. O portfólio sugere os seguintes papéis, ETFs e BDRs: B3 (B3SA3), Iguatemi (IGTA3), Klabin (KLBN11), Lojas Renner (LREN3), Localiza (RENT3), iShares Índice Carbono E ciente (ECOO11), iShares S&P 500 (IVVB11), Activision (ATVI34), Disney Company (DISB34), Mercado Livre (MELI34), Nvidia (NVDC34) e Procter & Gamble Company (P&G) (PGCO34).
Como planejar os investimentos para crianças?
O hábito de investir na infância deve se sustentar sobre três pilares: paciência, eleição de prioridades e disciplina, diz a criadora do canal Mary Poupe.
“Com esses valores é possível desde cedo educar as crianças a valorizarem o que realmente importa. Porque investindo elas não valorizam o dinheiro, mas sim o tempo, que é o nosso grande ativo”, explica a economista.
Assim como o planejamento de adultos, os investimentos para o público infantil devem partir sempre da definição de objetivos de curto, médio e longo prazo. Isso é fundamental não só para escolher o melhor tipo de aplicação, como para se criar o hábito de poupar.
“Guardar dinheiro por guardar, só para olhar aquele número aumentando, não tem sentido. Quando se poupa com propósito, para conquistar algum objetivo, isso faz muito mais sentido e você fica muito mais engajado”, alerta Figueiredo.
Parte do trabalho da educação financeira infantil tem a ver com a postergação do consumo. Ou seja, deixar de consumir no presente para consumir no futuro. Com isso, os pais ajudam a desenvolver o controle dos impulsos dos filhos, cada vez mais bombardeados por anúncios nas telas.
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“Esse é o maior ganho de uma criança investir, um hábito que ela tem que fazer ao longo de toda a vida. E quanto antes começar a aprender sobre isso, melhor vai ser para ela e mais êxito vai ter na vida”, esclarece Figueiredo.
Após definidos os objetivos, os pais precisam reconhecer qual é o tamanho do orçamento familiar, para determinar o quanto será investido mês a mês para os filhos.
“Recomendo destinar em torno de 5% das receitas da família aos filhos, e fazer esse investimento ao longo do tempo com disciplina e frequência”, sugere Mendes.
Os pais podem também contar com os serviços de plataformas que estão atentas a público infantil. O Blu, por exemplo, oferece uma conta para menores de 18 anos, com cartão mesada. Além disso, o aplicativo ajuda no ensino de educação financeira na prática com conteúdo. Outro exemplo é o Neaglebank, uma conta digital também focada em diversos serviços para o público infanto-juvenil.