- Independente da quantia disponível para investir, é necessário montar uma reserva de emergência, identificar o seu perfil de investidor e decidir quando pretende resgatar o dinheiro investido
- A renda fixa perdeu atratividade desde que a taxa básica de juros estacionou nos 2% ao ano. Ainda assim, essa classe de investimentos tem espaço na carteira de todos os investidores
- Com mil reais por mês é possível diversificar melhor as aplicações. Isso significa que o investidor pode ter uma parte da sua carteira alocada em renda variável
Investir com uma quantia fixa por mês é um hábito que já pode ser iniciado com R$ 100, R$ 300 ou R$ 500 mensais, como já mostramos em outras publicações no E-Investidor. Com R$ 1.000 por mês, os novos investidores têm um leque ainda maior de produtos à disposição. Ainda assim, independente da quantia a se investir, é necessário montar uma reserva de emergência, identificar o seu perfil de investidor e identificar em quanto tempo se pretende alcançar os objetivos com o dinheiro aplicado.
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A reserva de emergência consiste em ter de seis a dozes vezes o valor do seu custo de vida mensal, investido em algum ativo seguro e com liquidez diária, já que esse dinheiro poderá ser resgatado para algum imprevisto. De maneira geral, especialistas recomendam o Tesouro Selic para este fim.
Não há uma regra clara sobre os prazos para alcançar os objetivos, mas podemos considerar curto prazo como até dois anos, médio, de dois a cinco anos, e longo, acima de cinco anos. Ou seja, os períodos refletem o tempo em que o investidor planeja alcançar suas metas, como uma viagem, a compra de um carro ou aposentadoria, por exemplo.
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Já o seu perfil de investidor tem a ver com o quanto você está disposto a correr riscos para ter retorno nos investimentos. O investidor conservador é aquele menos propenso às chances de prejuízo. O investidor moderado consegue se expor a riscos, mas de forma controlada. Na outra ponta, o investidor arrojado ou agressivo têm mais tolerância a investimentos de risco do que os demais.
Por onde começar a investir com R$ 1.000
A renda fixa perdeu atratividade desde que a taxa básica de juros, a Selic, estacionou nos 2% ao ano. Ainda assim, essa classe de investimentos tem espaço na carteira de qualquer investidor, mas em proporções diferentes.
Liao Yu Chieh, professor e head de Educação do C6 Bank, destaca que os títulos do Tesouro Direto são recomendados porque são seguros e garantidos pelo Tesouro Nacional. “Se for o Tesouro prefixado, o investidor já sabe de largada até o valor que vai receber no vencimento. Se for o Tesouro IPCA+, já se sabe que vai ter a reposição da inflação mais um ganho real no momento do resgate”, diz Chieh.
No caso dos títulos do Tesouro Direto, o investidor precisa ficar ligado com a liquidez, ou seja, a capacidade de tirar o dinheiro quando quiser ou precisar. Enquanto o Tesouro Selic permite resgate a qualquer momento sem perda, o Tesouro Prefixado, se for vendido antes do vencimento, pode oferecer prejuízo, uma vez que o investidor terá que se sujeitar às condições e aos preço do mercado no momento da venda.
Para a Louise Barsi, colunista do E-Investidor, títulos de crédito privado são boas opções para objetivos de médio prazo. Como exemplo, ela cita o Crédito Direto ao Consumidor (CDB), que rende até 110% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) em alguns bancos e têm liquidez diária. Em tempo: assim como boa parte dos investimentos, há cobrança de Imposto de Renda (IR) nos CDBs, o que não deve ser visto pelos investidores como impeditivo.
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Barsi também cita como alternativa a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Como vantagem, estes ativos são isentos de IR, mas os prazos de resgate do dinheiro são maiores, de pelo menos 90 dias. “É importante lembrar que quanto maior o prazo, maior será a taxa de retorno que você vai conseguir”, destaca Barsi.
Posso começar a investir em renda variável com R$ 1.000?
Com mil reais por mês já é possível ter diversificação nas aplicações. Isso significa que, dependendo dos objetivos e do seu perfil de risco, o investidor pode ter uma parte da sua carteira de investimentos em renda variável.
Carlos Castro, planejador financeiro certificado pela Planejar, recomenda começar na renda variável com fundos e ETFs (fundos de índices, como o Ibovespa). Para ele, um perfil de investidor moderado poderia dividir os R$ 1.000 de modo que fique 40% em renda fixa, 35% em fundo multimercado e 25% em renda variável. Um perfil mais agressivo já poderia começar com 20% em renda fixa, 40% em multimercado e 40% em renda variável.
“Na medida em que o volume vai aumentando, pode-se investir em ações. No entanto, é preciso buscar conhecimento e ajuda profissional”, diz Castro.
Barsi defende que é possível começar direto em ações, caso o investidor tenha perfil de risco para isso, e principalmente se o dinheiro investido não for resgatado em menos de cinco anos. Diferente da renda fixa, que muitas vezes se sabe quanto será o retorno no resgate, na renda variável o investidor não consegue prever a valorização ou desvalorização da aplicação.
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Para quem tem medo ou falta de conhecimento sobre a bolsa de valores, a colunista sugere que o investidor aplique pelo menos 20% dos R$ 1.000 em ações, para “sentir” o mercado e ver se tem emocional para lidar com as oscilações dos papéis. Essa parcela de renda variável pode aumentar caso a pessoa sinta confiança e apetite por risco.
“Procure papéis no início que não oscilem tanto. Empresas do setor de energia e transmissão são papéis mais defensivos, não oscilam tanto e pagam bons dividendos. É uma boa opção para sentir o que que é a bolsa de valores”, afirma Barsi.
Para Chieh, os fundos imobiliários (FIIs) também podem ser um bom começo para quem quer se expor na renda variável. “Em vez de ter que juntar R$ 500 mil para comprar um imóvel para colocar para alugar, o investidor pode comprar cotas de fundos imobiliários, que é como se ele estivesse comprando uma parte dos imóveis que fazem parte do fundo”, explica Chieh.
Nos FIIs, é possível comprar a cota mínima do fundo. Mensalmente, será pago um dividendo, que representa a parte devida pelo aluguel dos imóveis do fundo. O head de educação do C6 Bank lembra que, se o imóvel valorizar, a cota também tende a valorizar e o investidor poderá ganhar com essa alta.
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“Apesar de ter um aluguel mensal, isso não é considerado renda fixa, porque você pode ter inadimplência. A cota pode valorizar ou desvalorizar porque o imóvel pode ganhar ou perder valor de mercado”, afirma Chieh.
Quando vale a pena mudar de estratégia de investimento?
Não há consenso sobre o tempo em que o investidor deve manter a sua carteira de aplicações antes de mudar de estratégia. Diversos fatores podem influenciar nessa decisão, como o cenário macroeconômico e a situação política do Brasil.
O head de educação do C6, por exemplo, não recomenda mudar as posições com frequência, sob o risco de pagar mais impostos, por exemplo. Para ele, o ideal é rebalancear a carteira com o dinheiro “novo”, ou seja, reinvestir a rentabilidade que o investidor recebe com as aplicações que já possui.
“Em vez de vender ação para comprar um fundo imobiliário, quando receber dinheiro novo compra cota de fundo imobiliário porque aí já aumenta a proporção dentro da carteira”, explica Chieh.