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O que você precisa saber sobre o BDR da Disney (DISB34)

Lastro da companhia norte-americana é negociado na B3, e pode ser adquirido também por pessoas físicas

O que você precisa saber sobre o BDR da Disney (DISB34)
Disney (DISB34) anuncia investimento de US$ 60 bilhões em parques temáticos; entenda. (Joe Skipper/ Reuters)
  • Nesta quarta-feira (14), o DISB34 foi cotado na B3 em R$ 710, em queda de 1,5% se comparado aos R$ 720,79 negociados no final do pregão da terça-feira (13)
  • É importante lembrar que, apesar de ser negociado na B3 em reais, o BDR acompanha o preço da ação original nos Estados Unidos, negociada em dólar. Logo, o investidor interessado neste tipo de aplicação precisa considerar o efeito cambial
  • Para o CEO da Planner, o momento atual é um pouco mais arriscado para quem quer comprar BDR, uma vez que o dólar está supervalorizado em relação ao real

Um dos marcos de 2020 no mercado financeiro foi a ampliação do acesso aos BDRs (iniciais de Brazilian Depositary Receipts) para pessoas físicas. Estes títulos, que eram exclusivos para investidores profissionais, nada mais são do que certificados que “espelham” a ação de grandes companhias estrangeiras, porém são negociados na bolsa brasileira.

Na enquete do E-Investidor no Twitter, os seguidores votaram por uma análise do BDR da Disney, listado na B3 com a sigla DISB34.

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Com um ano de altos e baixos devido à pandemia de covid-19, esse título vem mostrando sinais de recuperação após os meses mais delicados da crise, quando a ação da companhia teve uma forte queda, impactando em seu valor de mercado, atualmente próximo dos US$ 230 bilhões.

Nesta quarta-feira (14), o DISB34 foi cotado na B3 em R$ 710, em queda de 1,5% se comparado aos R$ 720,79 negociados no final do pregão da terça-feira (13).

É importante lembrar que, apesar de ser negociado na B3 em reais, o BDR acompanha o preço da ação original nos Estados Unidos, negociada em dólar, que está próximo dos R$ 5,60. Logo, o investidor interessado neste tipo de aplicação precisa considerar o efeito cambial, seja de valorização ou desvalorização da moeda norte-americana frente ao real.

Um levantamento da Economatica mostra que, nos últimos 12 meses, o DISB34 teve volume médio de R$ 1.384.786 e um retorno acumulado de 34,75%.

Em outubro, o BDR apresenta um retorno de 0,25% com dados atualizados até a terça-feira (13). Apesar de pequeno, o retorno positivo indica mais um movimento de recuperação ao longo dos últimos meses de oscilação: em junho o retorno foi de -3,61%, em julho, de 0,96%, em agosto, de 19,37% e em setembro, de -0,97%.

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Em todo o ano 2019, o retorno do lastro da ação da Disney foi de 41,70% e em 2018, de 16,39%.

Investir na Disney é um bom negócio?

Na próxima sexta-feira (16), a Walt Disney Company completa 96 anos de sua fundação. Próxima de se tornar centenária, a companhia de entretenimento recebe destaque não só por sua segurança como também pela multiplicidade de negócios. Para analistas do mercado financeiro, isso acaba gerando mais confiança entre investidores dada a variedade de fontes de receita da empresa, se comparada a concorrentes mais jovens e de grande peso, como a Netflix.

Apesar da companhia de mídia de massa atuar em diversas frentes, como cinema, séries, televisão e streaming, Alan Gandelman, CEO da Planner Investimentos, explica que é muito comum a empresa ser mais lembrada pelos seus tradicionais parques e navios cruzeiros temáticos, que foram duramente afetados pela pandemia.

Gandelman lembra que a ação da Disney teve seu recorde em novembro do ano passado, quando bateu os US$ US$ 151, mas chegou a cair no pico da pandemia para os 85 dólares. Com o papel atualmente próximo dos US$ 126, ele não descarta que um novo recorde seja batido, uma vez que a empresa volta a retomar negócios interrompidos na crise, como lançamentos de filmes e os próprios parques.

“Como a ação deu uma excelente recuperada do tombo que tomou, por causa dessas outras linhas de receita que ela tem, há de se esperar que a partir do momento que a pandemia vai diminuindo no mundo e os parques voltem a ser abertos, os cruzeiros, etc, a ação da Disney não só pode continuar subindo como pode inclusive bater o seu recorde histórico”, diz Gandelman.

Outro ponto de destaque que merece ser avaliado na análise da companhia é a grande quantidade de propriedade intelectual com sinergias, explica Alberto Amparo, analista internacional da Suno Research.

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Na prática, o analista se refere à capacidade da empresa de criar filmes, séries, produtos de consumo, como vestuário, e até parques temáticos a partir de um único personagem, por exemplo.

“É uma empresa que está saudável financeiramente, que tem vantagens competitivas pautadas tanto na escala quanto nesse acervo gigantesco de propriedade intelectual. Ela não tem super dependência de um setor que nem a Netflix”, compara Amparo.

Ainda na avaliação em relação à concorrente de streaming, o analista da Suno explica que, por mais que o Disney Plus seja menos popular, a empresa possui um leque de negócios que evita a dependência de assinaturas para a geração de receita, como no caso da Netflix.

“A Disney pode ser até mais agressiva no preço com relação à Netflix para ganhar market share. Conforme for fidelizando as pessoas, ela vai aumentando o preço”, opina Amparo.

O que o investidor precisa considerar antes de comprar o BDR da Disney?

Mesmo que a Disney seja uma grande multinacional com cifras bilionárias, os investidores precisam analisar bem a companhia antes de adquirir o BDR negociado na B3. Isso porque, assim como qualquer investimento em renda variável, ele possui riscos. Logo, a dica é pensar no longo prazo.

“No momento em que a B3 e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) liberam o acesso a BDRs, ele passa a ser indicado para todo mundo. A questão é fazer uma análise correta da empresa”, adverte Gandelman.

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Para o CEO da Planner, o momento atual é um pouco mais arriscado para quem quer comprar BDR, uma vez que o dólar está super valorizado em relação ao real. Ele lembra que não se deve descartar uma mudança cambial em favor do real, por exemplo, com a descoberta de uma vacina eficaz para covid-19 ou mesmo se as reformas administrativas e tributárias ganharem celeridade no Congresso Nacional.

“A compra pode ser ótima, a empresa pode ser ótima, mas se tiver uma valorização do real a níveis que estava no começo deste ano, a pessoa pode perder dinheiro em reais. Com certeza tem um risco maior [comprar BDR com o dólar mais alto], como qualquer ativo precificado em dólar”, diz Gandelman.

Em um caso hipotético, se o dólar estiver a R$ 5,60 e a ação nos Estados Unidos for cotada em 10 dólares, o investidor irá desembolsar R$ 56. Se a ação se mantiver estável mas o dólar perder valor e cair para R$ 4, o BDR adquirido passará a valer R$ 40. Ou seja, o investidor perderia dinheiro neste caso. Por isso é necessário se atentar à variação cambial além do desempenho da ação em si.

O analista da Suno também lembra que, no processo de análise, os investidores devem se questionar sobre o quanto estão dispostos a pagar pela empresa e o quanto acham que ela vai gerar de dinheiro no ano.

“Para comprar um BDR, você tem que estudar a empresa da mesma forma como se estivesse comprando uma ação”, reforça Amparo.

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Ainda que avalie o retorno sobre o capital investido elevado, o analista da Suno lembra que BDRs têm a desvantagem de cobrar um spread (diferença entre o preço de compra e venda) de 5% toda vez que a empresa paga dividendos, mais 0,38% de IOF. Por isso, Amparo avalia que, no longo prazo, o certificado fica mais caro.

De todo modo, através do lastro da ação o investidor tem a praticidade de não ter o trabalho de abrir conta fora do País, com as taxas devidas neste processo, para investir diretamente nas ações de companhias estrangeiras.

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